O humano transmite o divino

Tomando a iniciativa de Se mostrar ao ser humano, Deus o capacitou para acolher, compreender e viver a mensagem de Sua revelação. Se num primeiro momento a transmissão oral da manifestação divina foi suficiente para a vida de fé do povo de Deus, consolidando a tradição judaico-cristã primeva como uma experiência religiosa baseada na contação das ações e palavras divinas em vista da salvação humana, com o passar do tempo e a mudança das gerações, o testemunho oral se converteu em relato escrito para garantir que a mensagem divina não se perdesse: como escreveu João sobre o objetivo do seu livro, “estes sinais foram escritos para que creiais que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, tenhais vida no nome Dele” (Jo 20,31). Trata-se de um longo processo de transmissão da Palavra de Deus que se encontra organizado na introdução do evangelho segundo Lucas: a revelação divina se cumpriu entre os homens (cf. Lc 1,1); alguns homens presenciaram a revelação e transmitiram oralmente ao povo o que viram e ouviram (cf. Lc 1,2); e, posteriormente, comunidades decidiram escrever a catequese que receberam dessas testemunhas oculares da revelação (cf. Lc 1,3).

Todo este caminho de transmissão da mensagem de Deus, que nasceu de uma iniciativa sobrenatural e se desenvolveu a partir do interesse do povo em conservar viva a Palavra que o salva, foi realizado por inspiração divina, mas também, em alguns casos, por uma disposição meramente humana. A Sagrada Tradição da Igreja (compreendida como a dimensão da fé que se deduz da Sagrada Escritura pela ação do Espírito Santo através dos apóstolos e de seus sucessores - o papa e os bispos), por meio do seu Sagrado Magistério (entendido como a missão de guardar o depósito da fé, isto é, de transmitir os ensinamentos de Jesus com fidelidade), acolheu e reconheceu os livros inspirados por Deus, formando o que se convencionou chamar de cânon bíblico. Portanto, é na dinâmica da fé eclesial que, sob a ação do Espírito Santo e a guia dos apóstolos, a comunidade cristã testemunhou a regra dos livros inspirados por Deus, separando-os dos relatos meramente humanos.

Antes, porém, de falar sobre os livros que não foram acolhidos como divinamente inspirados pela Igreja cristã primitiva, é válido ressaltar que a fé católica se baseia em três pilares, como se nota pelo próprio processo de transmissão da Palavra de Deus descrito anteriormente: a Bíblia, a Tradição e o Magistério. Diferentemente do protestantismo, cuja fé se enraíza na Bíblia por ela mesma e somente nela, privilegiando um estilo de interpretação (identificado como fundamentalismo bíblico) literal e individual das palavras, fatos, elementos e personagens que compõem a história da salvação compilada nos livros canônicos, o catolicismo interpreta a Palavra de Deus, que é o fundamento por excelência do seu credo, seguindo a mesma lógica eclesial de sua inspiração, pois “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou no meio deles” (Mt, 18,21), disse Jesus.

Se a Bíblia foi escrita em e por comunidades que ouviram a catequese oral daqueles que testemunharam a revelação divina, então ela deve ser acolhida, compreendida e vivida comunitariamente, por isso a Igreja católica desenvolveu sua fé sobre o fundamento da Palavra transmitida pela Tradição e interpretada pelo Magistério, pois Jesus disse aos seus apóstolos: “quem vos ouve a Mim ouve; e quem vos rejeita a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou” (Lc 10,16). Tradição e Magistério, desse modo, são dimensões eclesiais inerentes ao projeto de salvação de Deus que desejou contar com a mediação de homens e mulheres para revelar-Se, e, portanto, necessárias à compreensão verossímil da mensagem bíblica. Obedecendo à essência comunitária da fé em Cristo, a Igreja reconheceu 73 livros como canônicos, já que, de acordo com a inspiração do Espírito Santo, foram identificados como textos que contém fidedignamente a Palavra de Deus que salva o homem.

Os livros canônicos, ou seja, aqueles que compõem o cânon (em grego, o catálogo ou a regra) da Igreja cristã, são divididos em dois grupos: os protocanônicos (em grego, canonizados primeiramente) e os deuterocanônicos (em grego, canonizados posteriormente). São protocanônicos aqueles textos sobre os quais nunca se teve dúvida a respeito de sua inspiração divina, ao passo que os deuterocanônicos são os escritos que entraram no cânon após a investigação sobre sua intencionalidade sobrenatural; trata-se, assim, de uma distinção cronológica que não cria ressalvas em relação à natureza divina dos textos. Dentre os livros deuterocanônicos do Primeiro Testamento estão Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1 e 2 Macabeus (rejeitados pelo protestantismo); já a carta aos Hebreus, a carta de São Tiago, a 2ª carta de São Pedro, a 2ª e 3ª carta de São João, a carta de São Judas e o Apocalipse são as sete obras deuterocanônicas do Segundo Testamento.

Na dinâmica de transmissão do depósito da fé, muitas vezes a revelação foi interpretada e registrada sob a ótica da especulação puramente humana, produzindo um tipo de literatura religiosa que, apesar de falar sobre Deus e o seu povo de forma edificante ou herética, não é divinamente inspirada e da qual independe a salvação da humanidade. Tratam-se dos livros apócrifos, cujo nome em grego significa “livros ocultos”, já que são obras que não foram reconhecidas como fruto da ação do Espírito Santo e não entraram no cânon oficial da fé cristã. Muitos são os exemplos de textos apócrifos: podem-se citar os livros veterotestamentários (referentes ao Primeiro Testamento) de Enoque, 3 e 4 Esdras, 3 e 4 Macabeus, Salmos 151-155 etc, escritos entre os séculos II a.C. e I d.C.; já os livros neotestamentários (a respeito do Segundo Testamento) mais famosos são os evangelhos de Tiago, Tomé, Pedro, Nicodemos etc, sem contar as várias cartas, atos e apocalipses, todos redigidos entre os séculos II e IV d.C..

Os textos apócrifos foram assim designados pela Tradição da Igreja por serem pseudepígrafos (de autoria duvidosa, falsamente atribuída a algum autor), heréticos (com erros teológicos) ou extralitúrgicos (lidos de forma privada e não comunitária). Os apócrifos ortodoxos, isto é, concordantes com a doutrina apostólica, oferecem elementos históricos, geográficos, políticos, culturais, morais e religiosos que colaboram para o estudo dos textos canônicos e para a tradição religiosa católica, como é o caso do evangelho segundo Tiago em que se encontram os nomes dos pais da Virgem Maria, Ana e Joaquim. Todavia, os apócrifos heterodoxos são divergentes do Sagrado Magistério e não auxiliam no estudo bíblico por apresentar equívocos doutrinários como o gnosticismo e o docetismo, heresias dos primeiros séculos do cristianismo que defendem, respectivamente, a identificação da matéria com o mal e a negação da existência do corpo físico de Cristo.

Sem a Igreja não existiria a Bíblia, pois a comunidade dos cristãos, por meio de um rigoroso processo de transmissão da revelação divina, testemunhou a inspiração dos textos sob a orientação do Espírito Santo, especificando os livros que não objetivam a glória de Deus e a santificação dos homens. Graças à seriedade histórica e teológica do caminho de transmissão do depósito da fé que culminou com a canonização da Bíblia, pode-se concluir que “se alguém tirar alguma coisa das palavras do livro da profecia, Deus vai tirar dessa pessoa a sua parte da árvore da Vida e da Cidade santa, das coisas que estão descritas neste livro” (Ap 22,19).

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#Reflexão: 1º domingo da Quaresma (18 de fevereiro)

A Igreja celebra o 1º Domingo da Quaresma, neste domingo (18). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Gn 9,8-15
Salmo: 24(25),4bc-5ab.6-7bc.8-9 (R. cf. 10)
2ª Leitura: 1Pd 3,18-22
Evangelho: Mc 1,12-15

Acesse aqui as leituras.

Encontrar-se com Deus e acolher o seu Reino

Depois da celebração da Quarta-feira de Cinza, entramos no período de recolhimento e oração que caracteriza fortemente a Quaresma. Nestes quarenta dias que antecedem a Páscoa do Senhor, cada fiel é chamado a rever e a aprofundar sua relação: com Deus (oração), com o próximo (esmola) e consigo mesmo (penitência), não é um tempo triste e muito menos de medo, mas de retiro espiritual em uma experiência mais profunda de comunhão com o próprio Senhor Jesus.

Neste domingo, seguindo o esquema proposto pelo evangelista Marcos, temos dois versículos onde Jesus faz a sua “quaresma”, isto é, quarenta dias de oração no deserto. Tudo é bem resumido, mas nem por isso, superficial em seu conteúdo e profundidade. Os três evangelistas contam este fato que aconteceu logo após o Batismo de Jesus, mas Mateus e Lucas compartilham com mais detalhes este tempo de recolhimento em que Jesus sofreu uma forte tentação.

O evangelista São Marcos nos diz que Jesus foi “impelido” pelo Espírito Santo ao deserto. Tudo acontece por iniciativa divina e segundo a vontade de Deus. O verbo “impelido” (conduzido) é, normalmente, usado também em situações onde o demônio é expulso de uma pessoa; é um verbo que demonstra a força de quem comanda com poder e de outro lado, a obediência. Jesus recebe uma “ordem” por parte do Espírito Santo (ir ao deserto) e Ele obedece sem questionar.

Era importantíssimo para nossa salvação que isto fosse feito por Jesus: obedecer e ir ao deserto. Nosso Senhor quis viver com intensidade e profundidade toda experiência humana; Ele não encenou e nem viveu uma vida fingindo situações humanas como: dor, sofrimento, desprezo e, por fim, a morte. Viveu tudo com profundidade e grandeza como é próprio de um Deus que é Amor.

Antes de iniciar definitivamente sua missão era necessário um profundo momento de oração com Deus Seu Pai. Jesus em seu “lado divino”, tudo estava pronto, mas era necessário que a “realidade humana” presente em Jesus também passasse pela experiência da total entrega a Deus. Era preciso que todo o ser de Jesus estivesse afinado com Deus, em sintonia plena com o Pai e a sua vontade.

Segundo Mateus e Lucas, Satanás esperou o momento oportuno para se aproximar. Não foi no início do retiro de Jesus quando Ele estava ainda com as forças em ordem e sem o cansaço de dias de jejum no deserto, mas quando a natureza humana começou a demonstrar sua fraqueza: quando sentiu fome.

“Quarenta dias” está ligado aos “quarenta anos” que na tradição bíblica representa uma geração, como o povo que ficou no deserto por quarenta anos e uma nova geração é que entrou na terra prometida. Na 1ª leitura, no livro do Gênesis, recorda o momento após os 40 dias de chuva e o novo pacto de Deus com a humanidade. Este tempo (quarenta) em dias  como em anos passou a representar o tempo de um vida (anos) ou o extremo das forças humanas (dias).

Jesus ao final de quarenta dias em jejum e penitência sentiu fortemente sua natureza humana se manifestar. Foi neste momento que Satanás se aproximou e propôs “soluções” para as necessidades humanas de Jesus.

Recordamos, o que Mateus e Lucas acrescentam sobre este momento de Jesus no deserto. As tentações de Jesus são também nossas tentações e atingem todas as nossas relações quotidianas. “Tentação” é sempre um desafio que se apresenta entre escolher entre duas paixões: seguir a Deus ou seguir nossos impulsos e vontades. A primeira tentação diz respeito à relação conosco mesmos e com as coisas (a ilusão de que os bens materiais são suficientes para preencher a nossa vida). A segunda é um desafio aberto em relação ao nosso relacionamento com Deus (um Deus mágico que estaria ao nosso serviço). Por fim, a terceira diz respeito à relação com os outros (a fome de poder e da fama).

Jesus esteve em todos os extremos da realidade humana como: perseguições, abandono, dor, sofrimentos e ao final a morte, mas também nesta realidade extrema onde a natureza humana e os seus apetites se manifestam; em todos estes momentos que compõem a nossa realidade e natureza humana, Jesus nos ensinou o caminho para vencer o mal e os desafios, e continuar no caminho de Deus. No deserto e diante das tentações, Jesus vence o mal jamais se distanciando de Deus. Ele domina a “fera” das paixões humanas e tentações (“...e vivia entre os animais selvagens”), e não se deixar dominar por sua vontade, mas era servidos pelos anjos.

Era necessário que Jesus nos mostrasse que as nossas paixões e necessidades humanas que trazemos em nossa carne e corpo jamais devem nos dominar e ditar o que temos que fazer. Com o exemplo de Jesus descobrimos que são esses os principais caminhos por onde a tentação (Satanás) procura agir, e Nosso Senhor nos deixou a resposta e o meio para vencê-la.

O deserto também é significativo para o povo de Israel, pois nele, todos experimentaram a presença de Deus. No entanto, o povo de Deus quase sempre encarou o deserto como um peso e as tentações como uma prova que eles não conseguiram superar. O deserto para Jesus não representava a ausência de quase tudo, mas sim o máximo da presença de Deus; não foi encarado como um local onde faltava de tudo, mas a chance de experimentar que com Deus tudo tinha e tem significado e importância.

Precisamos de “novos desertos” em nosso tempo tão cheio de tantas coisas e preocupações. Mais do que nunca, precisamos criar espaço de abandono diante de Deus e para tanto, reservar momentos especiais de nosso tempo e de nossas horas. Jamais regalar a Deus, o “resto de nossos minutos” ao final de nosso dia; ou um tempo “de vez enquanto” aos domingos para ir à missa.

Jesus se retira por quarenta dias para aprofundar sua comunhão com Deus, o cristão de hoje precisa rever suas prioridades, se deixar conduzir pelo Espírito de Deus (não pelas paixões do mundo) para encontros profundos e intensos com Deus.

Nosso Deus caminha conosco, faz aliança (1a leitura) e renova sua esperança com toda a humanidade sempre, mesmo diante de nossos erros e pecados: prefere sempre acreditar no bem que existe em nós e não em nossos pecados. Por isso, é fundamental que saibamos sentir seu chamado e apelo neste tempo da Quaresma e sempre em nossa vida.

No início de sua missão, Jesus quis entrar em cheio no jogo contra o mal, na batalha que se vence com Deus no campo das paixões e dos desejos. Nosso Senhor preferiu permanecer sob a condução do Espírito Santo e não aceitou ser guiado pelas paixões e pelas tentações. Jesus nos dá o exemplo que a vontade maior tem que ser aquela que Deus nos mostra, pois é sempre a maior e a melhor para cada um de nós.

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#Reflexão: 6º domingo do Tempo Comum (11 de fevereiro)

A Igreja celebra o 6º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (11). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Lv 13,1-2.44-46
Salmo: 131(32),1-2.5.11 (R. 7)
2ª Leitura: 1Cor 10,31-11,1
Evangelho: Mc 1,40-45

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JESUS CURA PARA A MISSÃO

            A primeira leitura (livro do Levítico) e o Evangelho retratam o drama e o sofrimento de uma triste doença: a lepra. Quem possuía esta doença era considerado um “morto vivo”, o mau cheiro afastava as pessoas e a aparência com suas deformações tornava a pessoa irreconhecível. Um doente leproso era considerado um impuro e além da distância de todos os familiares e da comunidade, ele não podia também participar de nenhum ato religioso. A maioria das doenças era vista como um sinal de que a pessoa tinha pecado (ou ela ou seus pais), por isso, Deus estava castigando com a doença. A lepra era a pior de todas as doenças. No texto lido do Levítico, o leproso tinha que gritar a todos que era leproso para advertir e ninguém se aproximar dele e assim, não se contaminar (com a doença e com a sua impureza). Vivendo longe de todos (familiares e comunidade), normalmente, se reuniam em lugares distantes, simplesmente, esperando a morte ou um milagre.

Domingo passado, o Evangelho terminou com uma determinação de Jesus: ir para outros lugares, pois veio para pregar a Boa Nova. Ficar naquele lugar (casa de Pedro) e realizar mais curas e milagres iria engrandecer Jesus com um grande milagreiro, mas Jesus veio para todos e, principalmente, para ensinar e mostrar o rosto bonito de Deus da misericórdia. Assim, Ele se põe a caminho dando oportunidade para outros se encontrarem com Ele. E assim, aconteceu: um leproso o encontrou, em uma estrada e longe de todos.

Foi a oportunidade encontrada pelo doente que, por causa da lepra, deveria ficar distante de todos. Ele é quem toma a iniciativa de se aproximar de Jesus e se joga aos seus pés (gesto comum em Marcos). Reconhecendo-O como alguém especial Lhe faz uma súplica que traduz a profundidade de sua fé em Cristo. O enfermo, certamente, nunca tinha visto Jesus antes e nem qualquer coisa feita por Ele, mas certamente as notícias sobre Jesus tinham chegado até ele (Mc 1,28). Tudo o que o leproso tinha ouvido foi suficiente para que ele acreditasse em Cristo Jesus. Isto já era um ensaio daquilo que a Igreja de Cristo deveria oferecer a todos: anunciar Jesus e a sua mensagem, sem Ele estar visível e presente.

O leproso não questiona quem é Jesus e nem seu poder, mas Lhe faz uma súplica voltada para sua vontade: “Se queres...” Marcos nos diz que Jesus encheu-se de compaixão por aquele homem abandonado por todos. O leproso, que era obrigado a ter uma veste que lhe cobria até os lábios superiores (Lv 13,46), clama solicitando a vontade de Jesus. Seu pedido foi profundo e sincero. Primeiro, Jesus é tocado com as palavras daquele homem que clama e pede compaixão; depois, Ele mesmo tocará o leproso.

A lepra tinha imposto sérias limitações àquele homem, mas não lhe bloqueou a sua fé. Todas as pessoas, seguindo os preceitos da religião da época, tinham abandonado aquele homem, mas não Deus. A religião da época tinha colocado mais obstáculos entre Deus e os homens do que caminhos de comunhão e salvação. Jesus, no entanto, está acima de tudo e de todos.

O leproso não pede a cura para sua doença, mas que ele fosse purificado. Este pedido estava carregado da mentalidade religiosa da época pregada pelos sacerdotes. Ele pede uma purificação de seus pecados, pois lhe tinham sido dito que as doenças (principalmente a lepra) eram uma forma de castigo de Deus. Pior ainda! Sendo pecador, Deus também lhe tinha abandonado. Assim, ele se aproxima de Jesus carregado com um sentimento de culpa, abandonado por todos e se sentindo um grande pecador.

Marcos aprecia contar os dramas humanos e também os profundos gestos de seus personagens. Assim, nos diz que Jesus encheu-se de compaixão. O sentimento é de alguém profundamente comovido pelos problemas do próximo. Mas, a compaixão não se limita ao simples sentimento de dó. Jesus se aproxima e “estende a mão”, tal gesto no Antigo Testamento era sempre de punição de Deus, em Jesus o gesto é de reerguimento e afeto; “toca o leproso” isto antes de curá-lo. Os mesmos gestos, Jesus operou na casa de Pedro antes de curar a sogra doente. É um grande sinal de que Deus está próximo, estende a sua mão para nos reerguer quando ainda estamos com as nossas doenças e feridas.

Na época de Jesus, a religião dizia que se aproximar e tocar um doente com lepra, a pessoa se tornava impura também. Por isto, Jesus – rompendo todos os preconceitos religiosos – toca o leproso. Nosso Senhor poderia realizar uma cura à distância, com uma palavra de comando, mas quis fazer mais do que isto. Ao tocar o enfermo, não foi ele que O “contaminou” com a sua doença, mas foi o leproso que recebeu as graças de Jesus. Em Marcos, toda vez que Jesus se comove com alguém, Ele toca a pessoa. A pergunta feita a Jesus pelo leproso era: “Se queres...”. Cristo cura não com decretos, mas com toques e com sua compaixão.

É o exemplo concreto do que significa compaixão e misericórdia: ir além do comum, superar aquilo que as leis proclamam, romper com tudo que discrimina e mata as pessoas. Jesus ao tocar aquele homem condenado em vida quis não somente curá-lo, mas demonstrar que a Misericórdia de Deus está acima de todos os preconceitos. Não obstante o rompimento com as leis de purificação da época (se aproximar e tocar um leproso), Jesus pede que o processo todo termine com o testemunho diante dos sacerdotes, isto é, o leproso deveria passar pela confirmação daqueles que tinham o poder de oficialmente admiti-lo na sociedade. Essas pessoas é que deveriam dar o testemunho de que o doente tinha sido curado.

Quase sempre quando Jesus realiza uma cura, a pessoa curada realiza algo (uma missão). A sogra de Pedro, pôs-se a servir a todos da casa. Ao leproso curado, Jesus lhe deu uma missão que era de se apresentar aos sacerdotes e eles é que deveriam não somente confirmar a cura, mas também testemunhar que tudo tinha sido feito por Jesus. Marcos nos diz que Jesus “mandou-o embora e lhe disse severamente”. A atitude de Jesus, certamente, estava ligada a mentalidade religiosa de impureza e pecado ligada a doença, era necessário que o curado da lepra “saísse desta ideia”, abandonasse este pensamento e anunciasse como testemunho àqueles religiosos sacerdotes que não é assim que Deus vê as pessoas doentes.

Mas, o leproso curado desobedeceu ao que Jesus lhe tinha ordenado e fez o contrário: comenta com todos o que tinha acontecido. É interessante este fato: Jesus não aproveita da cura para fazer publicidade de sua missão (como aconselha Paulo na segunda leitura), pede exatamente o contrário, que o leproso curado ficasse quieto. Por que isto? Havia uma preocupação por parte de Jesus de passar a ser conhecido somente como um grande curandeiro ou milagreiro. Nosso Senhor curou alguns, mas salvou a todos. Ele sabia que se a sua missão fosse tomada somente como alguém que é capaz de trazer benefícios físicos e materiais, tudo estaria comprometido e com sérios riscos de terminar no fracasso.

Sua principal missão ia além das curas e dos milagres: Ele veio para pregar e anunciar o Evangelho a todos (cf. Mc 1,38). Uma religião que gira em torno de curas e milagres corre o risco de permanecer vazia. Jesus enfatiza sempre que sua Palavra deve curar o coração e mudar a vida da pessoa. As curas devem levar as pessoas a se colocarem ao serviço de Deus e dos irmãos e irmãs (como a sogra de Pedro no domingo passado).

A ação do leproso curado trouxe um transtorno na missão de Jesus, pois “Ele não podia entrar publicamente numa cidade”, a fama de Jesus como alguém capaz de curar tudo, tinha se espalhado. Jesus não podia ir ao encontro, mas as pessoas podiam buscá-Lo nos lugares desérticos. O leproso viveu todo o seu tempo de doença escondidos de todos, agora está reinserido na sociedade, enquanto Jesus passou a “ficar fora em lugares desérticos”.

Ainda hoje se cultiva muito um Deus da cura, dos milagres, do poder, da vitória, da batalha... A fé pedida por Jesus para que tudo aconteça é chamada a ser pública, testemunhada na comunidade e no mundo, que leva a pessoa ao serviço e à partilha dos dons e não somente algo pessoal, exclusivo e quase egoísta.

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Dom Majella ordena novos diáconos para a Arquidiocese de Pouso Alegre

Dom José Luiz Majella Delgado, CSsR, arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, na manhã de hoje (03), ordenou diácono os seminaristas Dioni Acácio da Silva, Tainan Francisco de Paiva e Valter Vigínio Pereira.

Em Celebração Eucarística, na Catedral Metropolitana do Senhor Bom Jesus, em Pouso Alegre (MG), os seminaristas Dioni Acácio da Silva, Tainan Francisco de Paiva e Valter Virgínio Pereira foram ordenados diáconos, neste sábado, dia 03 de fevereiro, pela imposição das mãos de dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre. Familiares e amigos dos novos diáconos, padres, seminaristas, religiosos e fiéis de toda a arquidiocese participaram da celebração.

Durante a celebração, após a proclamação do Evangelho, Dom Majella acolheu a eleição dos candidatos ao diaconato e os eleitos foram interrogados, manifestando a livre decisão de receberem a Ordem. Em seguida, os eleitos prostraram-se no chão enquanto toda a comunidade rezou por eles, entoando a Ladainha de todos os santos.

Após esses ritos, chegou-seao momento mais importante da celebração, quando Dom Majella, em nome da Igreja, impôs as mãos sobre cada um dos eleitos e rezou a prece de ordenação, conferindo a eles a graça sacramental do ministério diaconal. Já ordenados, os novos diáconos receberam as vestes litúrgicas e o livro dos Santos Evangelhos assumindo, mais uma vez, a missão de anunciar e testemunhar os ensinamentos de Jesus. Em seguida, foram cumprimentados pelo bispo com um abraço de paz.

 

Na homilia, o arcebispo dom José Luiz Majella Delgado, CSsR, afirmou que

"Diácono significa servir. Servir é a tradução do amor a Deus e ao próximo até as últimas consequencias. Servir não apenas nas atitudes que tenham que fazer, embora o serviço se manifeste nelas. O diaconato deve ser ativado por dentro, por contágio. É preciso escutar a voz do Senhor. Ele deve dar a orientação, porque Jesus veio para servir."

O Diácono Dioni Acácio da Silva é natural da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Santa Rita de Caldas (MG). Nasceu em 23 de julho de 1988 e é filho de João Menino da Silva e Natalina da Silva, já falecida. Realizou seu estágio pastoral na paróquia San'Ana, em Sapucaí Mirim (MG).

Natural de Santa Rita do Sapucaí (MG), da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, o Diácono Tainan Francisco de Paula, filho de Sebastião Francisco de Paula e Cristina Fernanda de Paula, nasceu em 10 de outubro de 1996. Na paróquia São Sebastião e São Roque, em Bom Repouso, exerceu oseu estágio pastoral.

Filho de Sebastião Donizete Pereira e Benedita Maria Nogueira Pereira, o Diácono Valter Virgínio Pereira é da cidade de Tócos do Moji (MG), Paróquia Nossa Senhora Aparecida, e nasceu em 30 de junho de 1981. Realizou seu estágio pastoral na Paróquia São Cristóvão, na cidade de Pouso Alegre.

O lema escolhido pelos diáconos para a Ordenação Diaconal foi “Tendes entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus” (Fl 2,5).

O Diácono Dione exercerá seu ministério diaconal na paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Pouso Alegre (MG),  Diácono Tainan  na paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Estiva (MG), e o Diácono Valter, na paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Borda da Mata (MG).

Texto: padre José Luiz Faria Junior

Imagem: Fernanda Gomes (Pascom da Paróquia Bom Jesus - Catedral)


Padre Edson participa de Encontro Nacional em preparação para o Jubileu 2025

A Igreja em todo o mundo se prepara em peregrinação para o Jubileu 2025, com o tema “Peregrinos de Esperança”.

 

Padre Edson Aparecido da Silva, coordenador Arquidiocesano de Pastoral, participou do “Encontro Nacional Preparando o Jubileu 2025”, ocorrido nos dias 29 e 30 de janeiro na Casa Dom Luciano, Auditório São João XXIII em Brasília no Distrito Federal.

Juntamente com padre Edson estiveram presentes neste encontro representantes da província de Pouso Alegre e do regional Leste 2.

 

Representantes do Regional Leste 2

Segundo a CNBB, estima-se que cerca de 300 pessoas  de todos os regionais e dioceses responderam ao convite da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para este encontro.

 

Jubileu 2025

O jubileu é um evento especial da Igreja católica que se repete a cada 25 anos, também chamado Ano Santo. Trata-se de um ano de perdão, de reconciliação e indulgência. Os fiéis que se dirigirão e visitarão as Basílicas designadas, poderão receber a indulgência plenária. O último jubileu se realizou em 2000 no papado de João Paulo II. O próximo será em 2025, exatamente 25 anos depois. O Ano Santo é proclamado pelo Papa e tem início com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano. (CNBB)

 

Texto: Lidiane Brito. 

Imagens: Padre Edson Aparecido da Silva. 


#Reflexão: 5º domingo do Tempo Comum (04 de fevereiro)

A Igreja celebra o 4º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (04). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Jó 7,1-4.6-7
Salmo: 146(147),1-2.3-4.5-6 (R. cf. 3a)
2ª Leitura: 1Cor 9,16-19.22-23
Evangelho: Mc 1,29-39

Acesse aqui as leituras.

 

JESUS CURA PARA O SERVIÇO E A EVANGELIZAÇÃO

Todos nós, certamente, em algum momento de nossa vida, já perguntamos qual o sentido de tudo e por que temos que enfrentar nesta vida doenças, sofrimentos, desilusões e, por fim, a morte. Quando nos sentimos atingidos por algo fora do normal da nossa vida, nos questionamos sobre o sentido da nossa existência e alguns até se colocam contra Deus. Pois bem, as leituras deste domingo nos ajudam e nos dão algumas respostas para as estas questões.

Na primeira leitura temos a história de um personagem que representa muito bem o ser humano amargurado pelas experiências mais negativas da vida. Jó diante de tantos sofrimentos faz diversas perguntas a Deus; é um homem sofredor e abatido e por isso, interroga sobre diversas questões que ele não consegue entender e por isso, apela a Deus quase que acusando-O pelos sofrimentos em sua vida. Ele tinha perdido tudo: bens, servos e até mesmo esposa e os filhos, encontrava-se coberto pela pior doença da época, a lepra, e por fim, vários amigos foram atormentá-lo com discursos negativos contra Deus.

A resposta e a conclusão para todas estas questões, nós encontramos no final de seu livro, mas ao terminar o elenco de questões na leitura deste domingo, Jó faz uma pequena oração que já é um caminho para descobrir o sentido de tudo que temos que enfrentar em nossa vida: “a minha vida nada mais é que um sopro”.

Peregrinar por este mundo, enquanto aqui estivermos, é fazer a experiência da fragilidade de nossa realidade humana. O mundo e os seus desafios, sofrimentos e limites nos ensinam que não somos feitos para permanecermos para sempre nesta realidade. Enquanto estivermos por aqui, vivemos momentos de luz, mas também de escuridão; de alegrias, mas também de tristezas. Deus nos reserva algo muito maior e melhor para cada um de nós!

No Evangelho deste domingo de Marcos encontramos Jesus em uma casa. Duas outras realidades vimos anteriormente: Jesus encontra discípulos no trabalho à beira do “mar da Galileia” (eram pescadores); depois anuncia sua mensagem e liberta um homem do mal em um local de oração, na sinagoga; saindo de lá,

o Mestre Jesus mostra que o seu ensinamento continua na realidade das pessoas com seus sofrimentos e alegrias: vai à casa de Pedro e lá enfrenta o sofrimento de uma família.

Na casa de Pedro, todos imediatamente falam da doença de sua sogra que identificam pela febre que ela tinha. Jesus também quer ser uma presença importante e profunda em cada família, dentro de cada lar. Jesus apenas entra e imediatamente ocupa a atenção de todos e juntos com Jesus, também daquela pessoa doente. Aquela mulher não pode participar do Sábado na sinagoga, pois estava doente e qualquer doença era vista como presença do mal ou fruto do pecado. O doente, em muitos casos, era considerado impuro pelo simples fato de estar doente. Jesus não concorda com estas ideias.

Se aproxima, toca e levanta a mulher (gestos que recorda a ressurreição) e devolve àquela pessoa a sua dignidade. Doente, ela não podia preparar nada para aquela visita ilustre, mas Jesus não se importa com isto: as pessoas e suas realidades de doença e sofrimento é que são o centro de Suas preocupações.

Interessante que em Marcos, as pessoas curadas, muitas delas, em seguida à cura se colocam ao serviço, com a sogra de Pedro não foi diferente. É a resposta mais profunda que alguém pode dar a Jesus em sinal de agradecimento: servir a Deus e aos irmãos. A cura resolve um problema, mas a graça que atua na pessoa deve se tornar fecunda, a fé que levou a pessoa a conseguir um “milagre” deve produzir frutos, o bem que Deus fez na vida daquele que necessitava de uma ajuda deve ser também um bem na vida de tantas outras pessoas. Este é o discípulo e o fiel que Jesus deseja ao seu lado.

Marcos nos diz que algo impressionante aconteceu após o milagre na sinagoga e na cura da sogra de Pedro: “toda cidade estava reunida diante da porta” da casa de Pedro. A presença de Jesus em cada família, as graças que Ele traz e concede a todos, deve produzir evangelização. Não somente nos lugares de oração (igrejas...), mas também das casas e das famílias devem brotar momentos de evangelização e anúncio da Boa Nova. A porta é sinal sempre de comunicação e abertura daqueles que estão dentro com o mundo e a realidade. Portas abertas que acolhem e doam o melhor das pessoas para todos.

Parecia que, para aquele povo tão carente de curas e milagres, tudo estava perfeito, mas o evangelista Marcos nos diz que não foi assim. Ainda naquela noite, Jesus levantou-se a noite, deixou todos na casa e foi sozinho para um lugar deserto. Com certeza tinha ficado até tarde evangelizando e curando as pessoas, mas Ele se retira para rezar. Como de costume, não sabemos o conteúdo da oração, mas algo profundo aconteceu.

Jesus não veio somente para curar e produzir milagres (uma espécie de “milagreiro” ou “curandeiro”), sua presença e suas palavras também são profundas e mais transformadoras que suas curas.

Jesus sempre nos dá este belo exemplo da intimidade com Deus. Ele estava sempre em comunhão com o Pai, mas nada substituía o seu momento de oração, onde os dois em profunda troca de amor, se comunicavam. Jesus era/é Deus, mas as forças humanas de que necessitava para operar tudo, não vinham somente do repouso, mas de suas orações. Ele sabia que deveria oferecer o melhor para as pessoas com palavras e gestos. Durante todo o dia, todos “tirando” Dele o melhor de Deus, por isso, Jesus se retira para na intimidade com o Pai se reabastecer do seu amor e de sua vontade. A oração tem esse poder de nos colocar na intimidade com Deus, pois são nestas ocasiões que recebemos o melhor de Deus e principalmente o que Ele quer de nós.

Naquela noite, Jesus reviu seu projeto de Reino de Deus com o Pai e decidiu que deveria partir daquele lugar. Havia inúmeras pessoas a serem curadas e libertadas do mal lá na casa de Pedro, mas era preciso ir além, em outras vilas e cidades. Entra em cena Pedro e os discípulos de Jesus que, certamente, estavam ainda maravilhados com tudo que Jesus tinha feito. Encontrando o Mestre, praticamente, O repreendem pelo seu desaparecimento: “Todos estão te procurando!”

Os discípulos ainda estavam ligados ao fascinante e ao maravilho dos milagres, do prestígio e da fama que Jesus estava tendo, mas o Mestre deles não tinha vindo para isto. Pedro e os discípulos queriam comandar sobre Jesus, dizer o que  Ele tinha que fazer, estavam cobrando mais ação, pois havia muitos necessitados.

Aqueles pobres discípulos queriam se colocar à frente de Jesus, guiá-Lo, mas a Sua missão era muito maior e Nosso Senhor não poderia ser exclusivo daquelas pessoas e naquele lugar.

Jesus, se Ele voltasse, para a casa do seu 1ª discípulo, mesmo que fosse por uma boa causa e valores (curar as pessoas), Ele sabia que estaria entrando por um caminho somente da fama e do prestígio como alguém que faz “coisas extraordinárias”, mas poderia ser o início do fim de sua missão. Renunciar aquilo que se apresenta como o “máximo” para ficar a serviço da vontade de Deus. Como também precisamos muito deste discernimento!

Evangelizar! Esta era a missão principal de Jesus e deve ser a nossa também, pois a Boa Nova de Jesus, que somos chamados a proclamar, tem a capacidade de transformar a vida de todos, tornar cada pessoa missionário e missionária, verdadeiramente discípulos de Jesus. Deus não precisa de pessoas que digam o que Ele precisa fazer, mas de discípulos como Paulo na segunda leitura que coloca como sentido único de sua vida, a evangelização: “Ai de mim se não evangelizar!

Como Jesus, precisamos também nós de momentos de oração e intimidade com Deus para nos reabastecermos de seu amor e de suas graças para que assim, enfrentarmos os desafios de nossas vidas, mas principalmente sermos verdadeiramente discípulos e evangelizadores conforme a vontade de Deus.

Faça o download da reflexão em pdf.


Setor Mandu realiza formação para catequistas

O encontro de formação para catequistas organizado pelo setor pastoral Mandu, aconteceu ontem, domingo (28).

 

A formação foi no Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora em Pouso Alegre, com início às 08 horas da manhã e encerramento às 16 horas. Estiveram presentes cerca de 100 catequistas de todos os setores da arquidiocese.

 

O encontro foi assessorado por Débora Pupo, autora e revisora teológica da coleção “Crescer em Comunhão”. Teve como seu principal objetivo apresentar a nova coleção de manuais da catequese.

 

 

Texto: Lidiane Brito.

Foto e vídeo: Pastoral da catequese. 


#Reflexão: 4º domingo do Tempo Comum (28 de janeiro)

A Igreja celebra o 4º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (28). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Dt 18,15-20
Salmo: 94(95),1-2.6-7.8-9 (R. 8)
2ª Leitura: 1Cor 7,32-35
Evangelho: Mc 1,21-28

Acesse aqui as leituras.

A FORÇA DA PALAVRA E DOS ENSINAMENTOS DE JESUS

Todos nós apreciamos aquilo que é novo, principalmente, quando acrescenta algo de bom em nossa vida. Sabemos também que nem tudo que se mostra como novo, significa automaticamente algo bom e positivo. Existem novidades que destroem o que é fundamental e não conseguem oferecer os mesmos valores e as mesmas vantagens em relação àquilo que sempre cultivamos. Saber discernir entre: valorizar aquilo que é fundamental, e por isso, sempre novo e não “embarcar” nas novidades que nos são oferecidas, é uma grande virtude. As leituras deste domingo nos ajudam a refletir sobre isto.

Domingo passado, Jesus convida os discípulos para pescar pessoas para Deus. Hoje, Ele não vai em um lugar de “pecadores”, mas no lugar mais santo do lugar: sinagoga (local de oração e estudo da Palavra de Deus).

Moisés na primeira leitura nos transmite uma profecia sobre alguém maior que ele mesmo, alguém que será capaz de atrair as pessoas e despertar nelas algo profundo com suas Palavras, pois na realidade serão Palavras de Deus. Não será “mais um” profeta que fala algo em nome de Deus, ou pior ainda, um “profeta conveniente” que procura falar aquilo que as pessoas gostam de ouvir, que não serve a Deus verdadeiro, mas a falsos deuses, a começar por ele próprio. Jesus é o verdadeiro Profeta, ou melhor, é alguém maior que qualquer profeta que existiu, pois Ele não empresta sua voz para Deus falar, Jesus mesmo é a Palavra (Verbo) de Deus entre nós.

O exemplo concreto daquilo que foi dito através de Moisés, nós temos no início do Evangelho de Marcos. Este evangelista nos acompanhará nos domingos do tempo comum durante este ano. No Evangelho de hoje, estamos no início da vida pública de Jesus e Ele aos poucos se revela profeta de Deus e o Messias esperado.

Tudo é significativo, expressivo e revelador neste Evangelho que aparentemente inicia com um costume cotidiano e casual. Era o dia santo para os judeus: dia de Sábado. Neste dia especial, todos se reuniam na sinagoga. Duas leituras eram feitas: a primeira da Torah (os cinco primeiros livros da Bíblia) e a segunda de um dos livros dos Profetas. Quem lia a segunda leitura, se sentisse em condições, fazia a homilia. Jesus, possivelmente, foi o leitor do segundo texto sagrado e fez, naquele dia, a reflexão da palavra. Nós não sabemos o que foi lido e discutido, mas somente as consequências (Lucas 4,16s descreve com mais detalhes este fato).

Fazer uma reflexão das leituras (da Torah e dos profetas) não era algo difícil naquele tempo, pois o costume era repetir aquilo que os grandes entendidos das Escrituras (os escribas) diziam. Mas, aquele dia foi diferente: Jesus anunciou algo novo, mas não foi somente algo diferente, o fez com autoridade e, por isso, todos ficaram maravilhados.

Jesus dá andamento ao seu anúncio do Reino de Deus a partir de um local sagrado e profundamente marcado pelos princípios judaicos. O Messias Jesus não é aquele que rompe com tudo que já existe para apresentar a sua novidade, Ele valoriza aquilo que todos faziam, mas ao mesmo tempo aprofunda e amplia apresentando um novo modo de se relacionar com Deus e com a sua Palavra. Mas, aquela estrutura judaica já não conseguia mais oferecer o que as pessoas precisavam e nem conseguia ser mais instrumento de libertação de realidades profundas que escravizavam o ser humano.

Diante das palavras com autoridade e ensinamento novo, o mal presente em um homem se manifesta. O mal se revolta e as pessoas se espantam. A religião da época de Jesus com os seus costumes e tradições (inclusive o respeito pelo sábado) não estava mais libertando as pessoas. Dentro daquele local, um homem (representando a humanidade) estava escravizado pelo mal. O possesso era um membro da comunidade, que certamente, todos os sábados, ia à sinagoga, rezava e ouvia as leituras e explicações, mas tudo isto não conseguia libertá-lo do mal em sua vida. O mundo judaico, com seus costumes e ritos, estava precisando de algo novo da parte de Deus e Jesus veio trazer.

As palavras da pessoa endemoniada representam bem as palavras que até o dia de hoje são escutadas por muitos: “Que há entre nós e ti, Jesus de Nazaré” - Palavras que representam o pensamento que a nossa vida e até mesmo os nossos problemas, Deus não participa.

Deus está distante e ausente da vida das pessoas. Ou ao contrário. A minha vida social e até os meus pecados, não tem ligação com Deus. O endemoniado conduzia uma vida que Deus não fazia mais parte; “Vieste para nos perder” – Outro pensamento que retrata uma ideia que as coisas de Deus (ensinamentos, Mandamentos, valores...) vão nos prejudicar. Ideia de que a fé e a prática dos Mandamentos nos atrapalham. Antes, o homem possuído diz que há uma distância entre ele e Deus.

Agora se afirma que sua presença prejudica. Deus seria um estorvo para a pessoa ou um prejuízo; “Eu sei quem tu és: O Santo de Deus” – “Saber” é um aspecto importante da fé, mas somente conhecer as coisas de Deus (leis, mandamentos, Bíblia...) não garante a comunhão com Deus. Os escribas eram profundos sabedores da Bíblia e os fariseus conheciam tudo de todas as tradições e práticas da religião, mas estavam distantes de Deus.

  Interessante que tudo o que tinha acontecido antes na sinagoga (leituras e orações) não tinha forçado o Mal a se manifestar, mas tão logo Jesus ensinou e proclamou com autoridade a novidade de suas Palavras, o Mal procurou intervir e se manifestar. A primeira ideia é que entre Jesus e aquilo que mais escraviza e perturba o ser humano (o mal) não há nada de relação ou ligação, pelo contrário, são realidades opostas e em conflito. Nas palavras que saem do sujeito possesso, o mal e todas as suas estruturas revelam ter consciência de que, diante de Jesus, elas encontram somente derrota. Não se trata de mais um exorcismo ou conflito com um possesso, mas já no início do ministério de Jesus o decreto da derrota de todo o mal e de todas as suas estruturas.

Mas, Jesus não cai na artimanha do mal que quer debater e assim, se manifestar também. Como Deus ao punir a serpente no Paraíso, em relação ao mal, não se pode dar espaço e nem conversa, mas somente a força de da Palavra de Deus. Jesus ordena que se cale e saia daquele homem. As Palavras de Jesus são Palavras que trazem o “Espírito Santo”, o libertador de Deus, por isso, o “espírito impuro” que dominava aquela pessoa não consegue resistir nem à Palavra e nem à autoridade de Cristo.

Aquele homem possuído representa todas as maldades e possessões que o mal consegue semear em nossa vida. São sementes que ficam adormecidas e escondidas, que fazem mal e muitas vezes conseguem produzir frutos ruins em nossa história. Algo que “entra” em nossa vida e somente com a autoridade e as Palavras de Jesus é que consegue ser eliminado. Marcos nos diz que todos ficaram maravilhados, não tanto por mais um milagre, mas pelo ensinamento e pela autoridade com que Jesus tinha se revelado.

É o novo de Deus que precisa ser sempre renovado em nossa vida, para tanto, é fundamental ouvir suas Palavras e deixar que sua autoridade realmente nos liberte de todo o mal, principalmente, aqueles males que ainda persistem em nossa vida e história. É a Luz nova que Jesus representa que ilumina todos os cantos de nosso ser que revela todo o bem presente, mas também mostra todo o mal escondido.

Paulo faz um convite ao uso da liberdade, não somente para fazer algumas coisas boas em relação a Deus, mas em fazer uma opção radical e profunda para com Deus. Percebemos, inicialmente, uma comunidade de iguais onde tanto o homem quanto a mulher são chamados ao exercício de sua fé igualmente. Paulo aconselha quem não é casado ainda (seja homem como também a mulher) a se ocupar com intensidade das coisas do Senhor, mas se já é casada (ou casado), que se ocupe das coisas do mundo como se deve. Em outro lugar, Paulo aconselha a sempre levar a vida cristã com dignidade até mesmo quando a outra pessoa no matrimônio não é um cristão.

Para quem se casou, o primeiro compromisso passa a ser sua família e depois, as coisas do Senhor; já para quem está desimpedido, o convite é ocupar o seu tempo com as coisas de Deus.

Para a nossa vida cristã, precisamos sempre criar espaço para ouvir, acolher e praticar a Palavra de Jesus que é sempre nova e atual, pois é Palavra de Vida de Deus, pois somente ela nos propõe uma libertação profunda e total que, necessariamente, nos conduz ao serviço ao próximo na comunidade e da vontade de Deus.

Faça o download da reflexão em pdf.


Comissão Vida Plena realiza encontro de formação sobre a CF 2024

A Comissão Comunidade de Fé a Serviço da Vida Plena para Todos, da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG), realizou neste domingo, 21, um encontro de formação com os animadores da Campanha da Fraternidade 2024 (CF 2024).

Participaram da atividade os responsáveis pela animação da CF 2024 nas paróquias e os cristãos leigos e leigas de toda a arquidiocese. O encontro teve a presença do Padre Jean Poul Hansen, assessor das Campanhas da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O objetivo do evento, realizado nas dependências da Paróquia São João Batista, em Pouso Alegre, foi proporcionar a formação dos fiéis leigos e leigas para a animação da CF 2024 nas paróquias da arquidiocese sul-mineira.

O encontro teve início às 07 horas com a celebração da Santa Missa presidida pelo padre José Luiz de Faria Júnior, vigário paroquial da Paróquia São João Batista. Em seguida, os participantes foram acolhidos pela organização do evento e após se apresentarem acompanharam a explanação do Padre Jean Poul.

O formador abordou o tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt. 23,8).

Após o almoço, as atividades seguiram até às 16 horas, com a realização dos trabalhos em grupos, o plenário e a mística de encerramento, com a bênção de envio dos participantes.

Para o assessor arquidiocesano da Comissão Vida Plena, padre Felipe Mateus da Silva, o encontro formativo visa “despertar os nossos animadores  para o valor e a beleza da Fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos de amizade social. E para que possamos viver bem a quaresma a luz da Campanha da Fraternidade em espírito de conversão pessoal, eclesial e comunitária e social.”

 

Campanha da Fraternidade

60 anos a Igreja do Brasil realiza a Campanha da Fraternidade durante o Tempo da Quaresma, com início na Quarta-feira de Cinzas e término no Domingo de Ramos.

Neste ano, com o tema e o lema escolhidos, deseja-se  despertar “a beleza da fraternidade humana aberta a todos, para além dos nossos gostos, afetos e preferências, em um caminho de verdadeira penitência e conversão”, conforme informa o site oficial da Campanha.

A CF 2024, dentro do caminho quaresmal, faz “um convite de conversão à amizade social e ao reconhecimento da vontade de Deus de que todos sejam irmãos e irmãs.”

Para bem viver a Campanha da Fraternidade a Igreja disponibiliza um vasto material para divulgação e para reflexões em família e em comunidade. Através da Edições CNBB é possível adquirir os subsídios.

Nas paróquias de nossa Arquidiocese você também encontra o livro para as reflexões em grupo. Entre em contato com a sua comunidade paroquial para mais informações.

 

 

Texto: Éder Couto, com colaboração do Padre Felipe Mateus da Silva

Imagens: André Martins, Patrícia de Oliveira e Rita Bitencourt.


SEMINÁRIO ARQUIDIOCESANO REALIZA MISSÕES VOCACIONAIS

Entre os dias 09 e 14 de janeiro, o Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora, da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG) realizou missões vocacionais na Paróquia Nossa Senhora de Fátima em Santa Rita do Sapucaí (MG). A presença do seminário, na pessoa dos seus formadores e formandos, tem como objetivo a celebração da Eucaristia, a pregação do Evangelho e a visita às casas para promover uma formação missionária e cultivar as vocações laicais, religiosas e sacerdotais.

O período das missões vocacionais do seminário foi antecedido por uma preparação espiritual e prática com vistas a uma melhor vivência missionária. No domingo, dia 07, os seminaristas, após um período de férias, retornaram para o seminário. Na segunda-feira viveram uma manhã de espiritualidade que foi conduzida pelo senhor Manoel Messias, coordenador arquidiocesano da pastoral carcerária. Na tarde deste mesmo dia, o padre Sebastião Márcio, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, acompanhado por alguns fiéis leigos, apresentou a realidade paroquial e as comunidades que, posteriormente, seriam visitadas. O dia findou com a celebração da Missa na capela Nossa Senhora Auxiliadora. Na terça-feira, pela manhã foram dados os últimos encaminhamentos e, à tarde, os seminaristas chegaram à paróquia em Santa Rita do Sapucaí.

A abertura das Missões se deu por meio da celebração da Missa que foi presidida pelo padre Samuel Gâmbaro, formador da etapa do propedêutico, e concelebrada pelo Pe. Francisco José, formador da etapa discipular, Pe. Sebastião Márcio, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima e Pe. José Francisco, vigário paroquial. Terminada a celebração os seminaristas foram para as comunidades onde realizariam o trabalho missionário.

As comunidades que receberam as visitas e celebrações dos seminaristas foram: Pouso do Campo, Cafundó, Machado e São José. Os padres realizaram também a assistência espiritual dos idosos e enfermos.

No sábado, pela manhã, todos retornaram à cidade para iniciar a visitação nas casas da comunidade Santa Edwiges. As visitas se estenderam por todo o dia. No domingo, às 10 horas foi celebrada a Missa de encerramento. Presidida pelo Pe. Sebastião Márcio e concelebrada pelo Pe. Francisco. Com o almoço, deu-se o término da missão vocacional 2024.

 

 

Texto: Padre Carlos Cézar Raimundo

Imagens: Seminarista Márcio Aurélio Gonçalves Júnior - 2º ano da etapa discipular