Dom Majella ordena novos diáconos para a Arquidiocese de Pouso Alegre

Dom José Luiz Majella Delgado, CSsR, arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, na manhã de hoje (03), ordenou diácono os seminaristas Dioni Acácio da Silva, Tainan Francisco de Paiva e Valter Vigínio Pereira.

Em Celebração Eucarística, na Catedral Metropolitana do Senhor Bom Jesus, em Pouso Alegre (MG), os seminaristas Dioni Acácio da Silva, Tainan Francisco de Paiva e Valter Virgínio Pereira foram ordenados diáconos, neste sábado, dia 03 de fevereiro, pela imposição das mãos de dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre. Familiares e amigos dos novos diáconos, padres, seminaristas, religiosos e fiéis de toda a arquidiocese participaram da celebração.

Durante a celebração, após a proclamação do Evangelho, Dom Majella acolheu a eleição dos candidatos ao diaconato e os eleitos foram interrogados, manifestando a livre decisão de receberem a Ordem. Em seguida, os eleitos prostraram-se no chão enquanto toda a comunidade rezou por eles, entoando a Ladainha de todos os santos.

Após esses ritos, chegou-seao momento mais importante da celebração, quando Dom Majella, em nome da Igreja, impôs as mãos sobre cada um dos eleitos e rezou a prece de ordenação, conferindo a eles a graça sacramental do ministério diaconal. Já ordenados, os novos diáconos receberam as vestes litúrgicas e o livro dos Santos Evangelhos assumindo, mais uma vez, a missão de anunciar e testemunhar os ensinamentos de Jesus. Em seguida, foram cumprimentados pelo bispo com um abraço de paz.

 

Na homilia, o arcebispo dom José Luiz Majella Delgado, CSsR, afirmou que

"Diácono significa servir. Servir é a tradução do amor a Deus e ao próximo até as últimas consequencias. Servir não apenas nas atitudes que tenham que fazer, embora o serviço se manifeste nelas. O diaconato deve ser ativado por dentro, por contágio. É preciso escutar a voz do Senhor. Ele deve dar a orientação, porque Jesus veio para servir."

O Diácono Dioni Acácio da Silva é natural da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Santa Rita de Caldas (MG). Nasceu em 23 de julho de 1988 e é filho de João Menino da Silva e Natalina da Silva, já falecida. Realizou seu estágio pastoral na paróquia San'Ana, em Sapucaí Mirim (MG).

Natural de Santa Rita do Sapucaí (MG), da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, o Diácono Tainan Francisco de Paula, filho de Sebastião Francisco de Paula e Cristina Fernanda de Paula, nasceu em 10 de outubro de 1996. Na paróquia São Sebastião e São Roque, em Bom Repouso, exerceu oseu estágio pastoral.

Filho de Sebastião Donizete Pereira e Benedita Maria Nogueira Pereira, o Diácono Valter Virgínio Pereira é da cidade de Tócos do Moji (MG), Paróquia Nossa Senhora Aparecida, e nasceu em 30 de junho de 1981. Realizou seu estágio pastoral na Paróquia São Cristóvão, na cidade de Pouso Alegre.

O lema escolhido pelos diáconos para a Ordenação Diaconal foi “Tendes entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus” (Fl 2,5).

O Diácono Dione exercerá seu ministério diaconal na paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Pouso Alegre (MG),  Diácono Tainan  na paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Estiva (MG), e o Diácono Valter, na paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Borda da Mata (MG).

Texto: padre José Luiz Faria Junior

Imagem: Fernanda Gomes (Pascom da Paróquia Bom Jesus - Catedral)


Padre Edson participa de Encontro Nacional em preparação para o Jubileu 2025

A Igreja em todo o mundo se prepara em peregrinação para o Jubileu 2025, com o tema “Peregrinos de Esperança”.

 

Padre Edson Aparecido da Silva, coordenador Arquidiocesano de Pastoral, participou do “Encontro Nacional Preparando o Jubileu 2025”, ocorrido nos dias 29 e 30 de janeiro na Casa Dom Luciano, Auditório São João XXIII em Brasília no Distrito Federal.

Juntamente com padre Edson estiveram presentes neste encontro representantes da província de Pouso Alegre e do regional Leste 2.

 

Representantes do Regional Leste 2

Segundo a CNBB, estima-se que cerca de 300 pessoas  de todos os regionais e dioceses responderam ao convite da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para este encontro.

 

Jubileu 2025

O jubileu é um evento especial da Igreja católica que se repete a cada 25 anos, também chamado Ano Santo. Trata-se de um ano de perdão, de reconciliação e indulgência. Os fiéis que se dirigirão e visitarão as Basílicas designadas, poderão receber a indulgência plenária. O último jubileu se realizou em 2000 no papado de João Paulo II. O próximo será em 2025, exatamente 25 anos depois. O Ano Santo é proclamado pelo Papa e tem início com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano. (CNBB)

 

Texto: Lidiane Brito. 

Imagens: Padre Edson Aparecido da Silva. 


#Reflexão: 5º domingo do Tempo Comum (04 de fevereiro)

A Igreja celebra o 4º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (04). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Jó 7,1-4.6-7
Salmo: 146(147),1-2.3-4.5-6 (R. cf. 3a)
2ª Leitura: 1Cor 9,16-19.22-23
Evangelho: Mc 1,29-39

Acesse aqui as leituras.

 

JESUS CURA PARA O SERVIÇO E A EVANGELIZAÇÃO

Todos nós, certamente, em algum momento de nossa vida, já perguntamos qual o sentido de tudo e por que temos que enfrentar nesta vida doenças, sofrimentos, desilusões e, por fim, a morte. Quando nos sentimos atingidos por algo fora do normal da nossa vida, nos questionamos sobre o sentido da nossa existência e alguns até se colocam contra Deus. Pois bem, as leituras deste domingo nos ajudam e nos dão algumas respostas para as estas questões.

Na primeira leitura temos a história de um personagem que representa muito bem o ser humano amargurado pelas experiências mais negativas da vida. Jó diante de tantos sofrimentos faz diversas perguntas a Deus; é um homem sofredor e abatido e por isso, interroga sobre diversas questões que ele não consegue entender e por isso, apela a Deus quase que acusando-O pelos sofrimentos em sua vida. Ele tinha perdido tudo: bens, servos e até mesmo esposa e os filhos, encontrava-se coberto pela pior doença da época, a lepra, e por fim, vários amigos foram atormentá-lo com discursos negativos contra Deus.

A resposta e a conclusão para todas estas questões, nós encontramos no final de seu livro, mas ao terminar o elenco de questões na leitura deste domingo, Jó faz uma pequena oração que já é um caminho para descobrir o sentido de tudo que temos que enfrentar em nossa vida: “a minha vida nada mais é que um sopro”.

Peregrinar por este mundo, enquanto aqui estivermos, é fazer a experiência da fragilidade de nossa realidade humana. O mundo e os seus desafios, sofrimentos e limites nos ensinam que não somos feitos para permanecermos para sempre nesta realidade. Enquanto estivermos por aqui, vivemos momentos de luz, mas também de escuridão; de alegrias, mas também de tristezas. Deus nos reserva algo muito maior e melhor para cada um de nós!

No Evangelho deste domingo de Marcos encontramos Jesus em uma casa. Duas outras realidades vimos anteriormente: Jesus encontra discípulos no trabalho à beira do “mar da Galileia” (eram pescadores); depois anuncia sua mensagem e liberta um homem do mal em um local de oração, na sinagoga; saindo de lá,

o Mestre Jesus mostra que o seu ensinamento continua na realidade das pessoas com seus sofrimentos e alegrias: vai à casa de Pedro e lá enfrenta o sofrimento de uma família.

Na casa de Pedro, todos imediatamente falam da doença de sua sogra que identificam pela febre que ela tinha. Jesus também quer ser uma presença importante e profunda em cada família, dentro de cada lar. Jesus apenas entra e imediatamente ocupa a atenção de todos e juntos com Jesus, também daquela pessoa doente. Aquela mulher não pode participar do Sábado na sinagoga, pois estava doente e qualquer doença era vista como presença do mal ou fruto do pecado. O doente, em muitos casos, era considerado impuro pelo simples fato de estar doente. Jesus não concorda com estas ideias.

Se aproxima, toca e levanta a mulher (gestos que recorda a ressurreição) e devolve àquela pessoa a sua dignidade. Doente, ela não podia preparar nada para aquela visita ilustre, mas Jesus não se importa com isto: as pessoas e suas realidades de doença e sofrimento é que são o centro de Suas preocupações.

Interessante que em Marcos, as pessoas curadas, muitas delas, em seguida à cura se colocam ao serviço, com a sogra de Pedro não foi diferente. É a resposta mais profunda que alguém pode dar a Jesus em sinal de agradecimento: servir a Deus e aos irmãos. A cura resolve um problema, mas a graça que atua na pessoa deve se tornar fecunda, a fé que levou a pessoa a conseguir um “milagre” deve produzir frutos, o bem que Deus fez na vida daquele que necessitava de uma ajuda deve ser também um bem na vida de tantas outras pessoas. Este é o discípulo e o fiel que Jesus deseja ao seu lado.

Marcos nos diz que algo impressionante aconteceu após o milagre na sinagoga e na cura da sogra de Pedro: “toda cidade estava reunida diante da porta” da casa de Pedro. A presença de Jesus em cada família, as graças que Ele traz e concede a todos, deve produzir evangelização. Não somente nos lugares de oração (igrejas...), mas também das casas e das famílias devem brotar momentos de evangelização e anúncio da Boa Nova. A porta é sinal sempre de comunicação e abertura daqueles que estão dentro com o mundo e a realidade. Portas abertas que acolhem e doam o melhor das pessoas para todos.

Parecia que, para aquele povo tão carente de curas e milagres, tudo estava perfeito, mas o evangelista Marcos nos diz que não foi assim. Ainda naquela noite, Jesus levantou-se a noite, deixou todos na casa e foi sozinho para um lugar deserto. Com certeza tinha ficado até tarde evangelizando e curando as pessoas, mas Ele se retira para rezar. Como de costume, não sabemos o conteúdo da oração, mas algo profundo aconteceu.

Jesus não veio somente para curar e produzir milagres (uma espécie de “milagreiro” ou “curandeiro”), sua presença e suas palavras também são profundas e mais transformadoras que suas curas.

Jesus sempre nos dá este belo exemplo da intimidade com Deus. Ele estava sempre em comunhão com o Pai, mas nada substituía o seu momento de oração, onde os dois em profunda troca de amor, se comunicavam. Jesus era/é Deus, mas as forças humanas de que necessitava para operar tudo, não vinham somente do repouso, mas de suas orações. Ele sabia que deveria oferecer o melhor para as pessoas com palavras e gestos. Durante todo o dia, todos “tirando” Dele o melhor de Deus, por isso, Jesus se retira para na intimidade com o Pai se reabastecer do seu amor e de sua vontade. A oração tem esse poder de nos colocar na intimidade com Deus, pois são nestas ocasiões que recebemos o melhor de Deus e principalmente o que Ele quer de nós.

Naquela noite, Jesus reviu seu projeto de Reino de Deus com o Pai e decidiu que deveria partir daquele lugar. Havia inúmeras pessoas a serem curadas e libertadas do mal lá na casa de Pedro, mas era preciso ir além, em outras vilas e cidades. Entra em cena Pedro e os discípulos de Jesus que, certamente, estavam ainda maravilhados com tudo que Jesus tinha feito. Encontrando o Mestre, praticamente, O repreendem pelo seu desaparecimento: “Todos estão te procurando!”

Os discípulos ainda estavam ligados ao fascinante e ao maravilho dos milagres, do prestígio e da fama que Jesus estava tendo, mas o Mestre deles não tinha vindo para isto. Pedro e os discípulos queriam comandar sobre Jesus, dizer o que  Ele tinha que fazer, estavam cobrando mais ação, pois havia muitos necessitados.

Aqueles pobres discípulos queriam se colocar à frente de Jesus, guiá-Lo, mas a Sua missão era muito maior e Nosso Senhor não poderia ser exclusivo daquelas pessoas e naquele lugar.

Jesus, se Ele voltasse, para a casa do seu 1ª discípulo, mesmo que fosse por uma boa causa e valores (curar as pessoas), Ele sabia que estaria entrando por um caminho somente da fama e do prestígio como alguém que faz “coisas extraordinárias”, mas poderia ser o início do fim de sua missão. Renunciar aquilo que se apresenta como o “máximo” para ficar a serviço da vontade de Deus. Como também precisamos muito deste discernimento!

Evangelizar! Esta era a missão principal de Jesus e deve ser a nossa também, pois a Boa Nova de Jesus, que somos chamados a proclamar, tem a capacidade de transformar a vida de todos, tornar cada pessoa missionário e missionária, verdadeiramente discípulos de Jesus. Deus não precisa de pessoas que digam o que Ele precisa fazer, mas de discípulos como Paulo na segunda leitura que coloca como sentido único de sua vida, a evangelização: “Ai de mim se não evangelizar!

Como Jesus, precisamos também nós de momentos de oração e intimidade com Deus para nos reabastecermos de seu amor e de suas graças para que assim, enfrentarmos os desafios de nossas vidas, mas principalmente sermos verdadeiramente discípulos e evangelizadores conforme a vontade de Deus.

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Setor Mandu realiza formação para catequistas

O encontro de formação para catequistas organizado pelo setor pastoral Mandu, aconteceu ontem, domingo (28).

 

A formação foi no Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora em Pouso Alegre, com início às 08 horas da manhã e encerramento às 16 horas. Estiveram presentes cerca de 100 catequistas de todos os setores da arquidiocese.

 

O encontro foi assessorado por Débora Pupo, autora e revisora teológica da coleção “Crescer em Comunhão”. Teve como seu principal objetivo apresentar a nova coleção de manuais da catequese.

 

 

Texto: Lidiane Brito.

Foto e vídeo: Pastoral da catequese. 


#Reflexão: 4º domingo do Tempo Comum (28 de janeiro)

A Igreja celebra o 4º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (28). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Dt 18,15-20
Salmo: 94(95),1-2.6-7.8-9 (R. 8)
2ª Leitura: 1Cor 7,32-35
Evangelho: Mc 1,21-28

Acesse aqui as leituras.

A FORÇA DA PALAVRA E DOS ENSINAMENTOS DE JESUS

Todos nós apreciamos aquilo que é novo, principalmente, quando acrescenta algo de bom em nossa vida. Sabemos também que nem tudo que se mostra como novo, significa automaticamente algo bom e positivo. Existem novidades que destroem o que é fundamental e não conseguem oferecer os mesmos valores e as mesmas vantagens em relação àquilo que sempre cultivamos. Saber discernir entre: valorizar aquilo que é fundamental, e por isso, sempre novo e não “embarcar” nas novidades que nos são oferecidas, é uma grande virtude. As leituras deste domingo nos ajudam a refletir sobre isto.

Domingo passado, Jesus convida os discípulos para pescar pessoas para Deus. Hoje, Ele não vai em um lugar de “pecadores”, mas no lugar mais santo do lugar: sinagoga (local de oração e estudo da Palavra de Deus).

Moisés na primeira leitura nos transmite uma profecia sobre alguém maior que ele mesmo, alguém que será capaz de atrair as pessoas e despertar nelas algo profundo com suas Palavras, pois na realidade serão Palavras de Deus. Não será “mais um” profeta que fala algo em nome de Deus, ou pior ainda, um “profeta conveniente” que procura falar aquilo que as pessoas gostam de ouvir, que não serve a Deus verdadeiro, mas a falsos deuses, a começar por ele próprio. Jesus é o verdadeiro Profeta, ou melhor, é alguém maior que qualquer profeta que existiu, pois Ele não empresta sua voz para Deus falar, Jesus mesmo é a Palavra (Verbo) de Deus entre nós.

O exemplo concreto daquilo que foi dito através de Moisés, nós temos no início do Evangelho de Marcos. Este evangelista nos acompanhará nos domingos do tempo comum durante este ano. No Evangelho de hoje, estamos no início da vida pública de Jesus e Ele aos poucos se revela profeta de Deus e o Messias esperado.

Tudo é significativo, expressivo e revelador neste Evangelho que aparentemente inicia com um costume cotidiano e casual. Era o dia santo para os judeus: dia de Sábado. Neste dia especial, todos se reuniam na sinagoga. Duas leituras eram feitas: a primeira da Torah (os cinco primeiros livros da Bíblia) e a segunda de um dos livros dos Profetas. Quem lia a segunda leitura, se sentisse em condições, fazia a homilia. Jesus, possivelmente, foi o leitor do segundo texto sagrado e fez, naquele dia, a reflexão da palavra. Nós não sabemos o que foi lido e discutido, mas somente as consequências (Lucas 4,16s descreve com mais detalhes este fato).

Fazer uma reflexão das leituras (da Torah e dos profetas) não era algo difícil naquele tempo, pois o costume era repetir aquilo que os grandes entendidos das Escrituras (os escribas) diziam. Mas, aquele dia foi diferente: Jesus anunciou algo novo, mas não foi somente algo diferente, o fez com autoridade e, por isso, todos ficaram maravilhados.

Jesus dá andamento ao seu anúncio do Reino de Deus a partir de um local sagrado e profundamente marcado pelos princípios judaicos. O Messias Jesus não é aquele que rompe com tudo que já existe para apresentar a sua novidade, Ele valoriza aquilo que todos faziam, mas ao mesmo tempo aprofunda e amplia apresentando um novo modo de se relacionar com Deus e com a sua Palavra. Mas, aquela estrutura judaica já não conseguia mais oferecer o que as pessoas precisavam e nem conseguia ser mais instrumento de libertação de realidades profundas que escravizavam o ser humano.

Diante das palavras com autoridade e ensinamento novo, o mal presente em um homem se manifesta. O mal se revolta e as pessoas se espantam. A religião da época de Jesus com os seus costumes e tradições (inclusive o respeito pelo sábado) não estava mais libertando as pessoas. Dentro daquele local, um homem (representando a humanidade) estava escravizado pelo mal. O possesso era um membro da comunidade, que certamente, todos os sábados, ia à sinagoga, rezava e ouvia as leituras e explicações, mas tudo isto não conseguia libertá-lo do mal em sua vida. O mundo judaico, com seus costumes e ritos, estava precisando de algo novo da parte de Deus e Jesus veio trazer.

As palavras da pessoa endemoniada representam bem as palavras que até o dia de hoje são escutadas por muitos: “Que há entre nós e ti, Jesus de Nazaré” - Palavras que representam o pensamento que a nossa vida e até mesmo os nossos problemas, Deus não participa.

Deus está distante e ausente da vida das pessoas. Ou ao contrário. A minha vida social e até os meus pecados, não tem ligação com Deus. O endemoniado conduzia uma vida que Deus não fazia mais parte; “Vieste para nos perder” – Outro pensamento que retrata uma ideia que as coisas de Deus (ensinamentos, Mandamentos, valores...) vão nos prejudicar. Ideia de que a fé e a prática dos Mandamentos nos atrapalham. Antes, o homem possuído diz que há uma distância entre ele e Deus.

Agora se afirma que sua presença prejudica. Deus seria um estorvo para a pessoa ou um prejuízo; “Eu sei quem tu és: O Santo de Deus” – “Saber” é um aspecto importante da fé, mas somente conhecer as coisas de Deus (leis, mandamentos, Bíblia...) não garante a comunhão com Deus. Os escribas eram profundos sabedores da Bíblia e os fariseus conheciam tudo de todas as tradições e práticas da religião, mas estavam distantes de Deus.

  Interessante que tudo o que tinha acontecido antes na sinagoga (leituras e orações) não tinha forçado o Mal a se manifestar, mas tão logo Jesus ensinou e proclamou com autoridade a novidade de suas Palavras, o Mal procurou intervir e se manifestar. A primeira ideia é que entre Jesus e aquilo que mais escraviza e perturba o ser humano (o mal) não há nada de relação ou ligação, pelo contrário, são realidades opostas e em conflito. Nas palavras que saem do sujeito possesso, o mal e todas as suas estruturas revelam ter consciência de que, diante de Jesus, elas encontram somente derrota. Não se trata de mais um exorcismo ou conflito com um possesso, mas já no início do ministério de Jesus o decreto da derrota de todo o mal e de todas as suas estruturas.

Mas, Jesus não cai na artimanha do mal que quer debater e assim, se manifestar também. Como Deus ao punir a serpente no Paraíso, em relação ao mal, não se pode dar espaço e nem conversa, mas somente a força de da Palavra de Deus. Jesus ordena que se cale e saia daquele homem. As Palavras de Jesus são Palavras que trazem o “Espírito Santo”, o libertador de Deus, por isso, o “espírito impuro” que dominava aquela pessoa não consegue resistir nem à Palavra e nem à autoridade de Cristo.

Aquele homem possuído representa todas as maldades e possessões que o mal consegue semear em nossa vida. São sementes que ficam adormecidas e escondidas, que fazem mal e muitas vezes conseguem produzir frutos ruins em nossa história. Algo que “entra” em nossa vida e somente com a autoridade e as Palavras de Jesus é que consegue ser eliminado. Marcos nos diz que todos ficaram maravilhados, não tanto por mais um milagre, mas pelo ensinamento e pela autoridade com que Jesus tinha se revelado.

É o novo de Deus que precisa ser sempre renovado em nossa vida, para tanto, é fundamental ouvir suas Palavras e deixar que sua autoridade realmente nos liberte de todo o mal, principalmente, aqueles males que ainda persistem em nossa vida e história. É a Luz nova que Jesus representa que ilumina todos os cantos de nosso ser que revela todo o bem presente, mas também mostra todo o mal escondido.

Paulo faz um convite ao uso da liberdade, não somente para fazer algumas coisas boas em relação a Deus, mas em fazer uma opção radical e profunda para com Deus. Percebemos, inicialmente, uma comunidade de iguais onde tanto o homem quanto a mulher são chamados ao exercício de sua fé igualmente. Paulo aconselha quem não é casado ainda (seja homem como também a mulher) a se ocupar com intensidade das coisas do Senhor, mas se já é casada (ou casado), que se ocupe das coisas do mundo como se deve. Em outro lugar, Paulo aconselha a sempre levar a vida cristã com dignidade até mesmo quando a outra pessoa no matrimônio não é um cristão.

Para quem se casou, o primeiro compromisso passa a ser sua família e depois, as coisas do Senhor; já para quem está desimpedido, o convite é ocupar o seu tempo com as coisas de Deus.

Para a nossa vida cristã, precisamos sempre criar espaço para ouvir, acolher e praticar a Palavra de Jesus que é sempre nova e atual, pois é Palavra de Vida de Deus, pois somente ela nos propõe uma libertação profunda e total que, necessariamente, nos conduz ao serviço ao próximo na comunidade e da vontade de Deus.

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Comissão Vida Plena realiza encontro de formação sobre a CF 2024

A Comissão Comunidade de Fé a Serviço da Vida Plena para Todos, da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG), realizou neste domingo, 21, um encontro de formação com os animadores da Campanha da Fraternidade 2024 (CF 2024).

Participaram da atividade os responsáveis pela animação da CF 2024 nas paróquias e os cristãos leigos e leigas de toda a arquidiocese. O encontro teve a presença do Padre Jean Poul Hansen, assessor das Campanhas da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O objetivo do evento, realizado nas dependências da Paróquia São João Batista, em Pouso Alegre, foi proporcionar a formação dos fiéis leigos e leigas para a animação da CF 2024 nas paróquias da arquidiocese sul-mineira.

O encontro teve início às 07 horas com a celebração da Santa Missa presidida pelo padre José Luiz de Faria Júnior, vigário paroquial da Paróquia São João Batista. Em seguida, os participantes foram acolhidos pela organização do evento e após se apresentarem acompanharam a explanação do Padre Jean Poul.

O formador abordou o tema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt. 23,8).

Após o almoço, as atividades seguiram até às 16 horas, com a realização dos trabalhos em grupos, o plenário e a mística de encerramento, com a bênção de envio dos participantes.

Para o assessor arquidiocesano da Comissão Vida Plena, padre Felipe Mateus da Silva, o encontro formativo visa “despertar os nossos animadores  para o valor e a beleza da Fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos de amizade social. E para que possamos viver bem a quaresma a luz da Campanha da Fraternidade em espírito de conversão pessoal, eclesial e comunitária e social.”

 

Campanha da Fraternidade

60 anos a Igreja do Brasil realiza a Campanha da Fraternidade durante o Tempo da Quaresma, com início na Quarta-feira de Cinzas e término no Domingo de Ramos.

Neste ano, com o tema e o lema escolhidos, deseja-se  despertar “a beleza da fraternidade humana aberta a todos, para além dos nossos gostos, afetos e preferências, em um caminho de verdadeira penitência e conversão”, conforme informa o site oficial da Campanha.

A CF 2024, dentro do caminho quaresmal, faz “um convite de conversão à amizade social e ao reconhecimento da vontade de Deus de que todos sejam irmãos e irmãs.”

Para bem viver a Campanha da Fraternidade a Igreja disponibiliza um vasto material para divulgação e para reflexões em família e em comunidade. Através da Edições CNBB é possível adquirir os subsídios.

Nas paróquias de nossa Arquidiocese você também encontra o livro para as reflexões em grupo. Entre em contato com a sua comunidade paroquial para mais informações.

 

 

Texto: Éder Couto, com colaboração do Padre Felipe Mateus da Silva

Imagens: André Martins, Patrícia de Oliveira e Rita Bitencourt.


SEMINÁRIO ARQUIDIOCESANO REALIZA MISSÕES VOCACIONAIS

Entre os dias 09 e 14 de janeiro, o Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora, da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG) realizou missões vocacionais na Paróquia Nossa Senhora de Fátima em Santa Rita do Sapucaí (MG). A presença do seminário, na pessoa dos seus formadores e formandos, tem como objetivo a celebração da Eucaristia, a pregação do Evangelho e a visita às casas para promover uma formação missionária e cultivar as vocações laicais, religiosas e sacerdotais.

O período das missões vocacionais do seminário foi antecedido por uma preparação espiritual e prática com vistas a uma melhor vivência missionária. No domingo, dia 07, os seminaristas, após um período de férias, retornaram para o seminário. Na segunda-feira viveram uma manhã de espiritualidade que foi conduzida pelo senhor Manoel Messias, coordenador arquidiocesano da pastoral carcerária. Na tarde deste mesmo dia, o padre Sebastião Márcio, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, acompanhado por alguns fiéis leigos, apresentou a realidade paroquial e as comunidades que, posteriormente, seriam visitadas. O dia findou com a celebração da Missa na capela Nossa Senhora Auxiliadora. Na terça-feira, pela manhã foram dados os últimos encaminhamentos e, à tarde, os seminaristas chegaram à paróquia em Santa Rita do Sapucaí.

A abertura das Missões se deu por meio da celebração da Missa que foi presidida pelo padre Samuel Gâmbaro, formador da etapa do propedêutico, e concelebrada pelo Pe. Francisco José, formador da etapa discipular, Pe. Sebastião Márcio, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima e Pe. José Francisco, vigário paroquial. Terminada a celebração os seminaristas foram para as comunidades onde realizariam o trabalho missionário.

As comunidades que receberam as visitas e celebrações dos seminaristas foram: Pouso do Campo, Cafundó, Machado e São José. Os padres realizaram também a assistência espiritual dos idosos e enfermos.

No sábado, pela manhã, todos retornaram à cidade para iniciar a visitação nas casas da comunidade Santa Edwiges. As visitas se estenderam por todo o dia. No domingo, às 10 horas foi celebrada a Missa de encerramento. Presidida pelo Pe. Sebastião Márcio e concelebrada pelo Pe. Francisco. Com o almoço, deu-se o término da missão vocacional 2024.

 

 

Texto: Padre Carlos Cézar Raimundo

Imagens: Seminarista Márcio Aurélio Gonçalves Júnior - 2º ano da etapa discipular


#Reflexão: 3º domingo do Tempo Comum (21 de janeiro)

A Igreja celebra o 3º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (21). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Jn 3,1-5.10
Salmo: 24(25),4ab-5ab.6-7bc.8-9 (R. 4a.5a)
2ª Leitura: 1Cor 7,29-31
Evangelho: 1,14-20

Acesse aqui as leituras.

ACOLHER O CHAMADO E EVANGELIZAR

A evangelização constitui uma das grandes necessidades para o nosso tempo, inclusive em meio a tantos que foram batizados, mas vivem distante da prática dos ensinamentos deixados por Jesus. Ele nos chama! Cabe a nós responder com prontidão e seguir a sua voz. As leituras deste domingo apresentam dois modelos de evangelizadores: Jonas e Jesus.

Na 1a leitura, temos a história de um profeta difícil e cheio de manha. No tempo em que foi escrito o livro de Jonas, sabe-se que Israel estava se fechando aos povos estrangeiros. Um sentimento de insegurança e até ódio estava se fortalecendo entre os judeus que começaram a pensar que todos aqueles que não pertencessem à história antiga dos hebreus e não fossem descendentes dos antepassados do povo de Deus, deveriam ser excluídos e considerados impuros. Muitos judeus e sacerdotes foram expulsos do meio do povo porque não conseguiram provar que pertenciam ao povo escolhido por Deus.

Pois bem, o profeta Jonas foi enviado para anunciar um tempo de conversão exatamente ao povo estrangeiro de Nínive. Jonas reluta em aceitar a missão, tenta fugir, acaba no meio do mar, engolido por um grande peixe e por fim, aceita cumprir a missão que Deus lhe havia pedido.

Proclama a Palavra de Deus contra sua a vontade, anuncia tudo com ameaças e pragas e o faz em uma única frase. Ele era profeta (homem de Deus), mas pregar em Nínive era algo difícil e contrário aos seus princípios. Nínive tinha sido capital do império assírio, povo inimigo do povo de Deus, além disso, se encontrava em terras distantes, aquela gente não pertencia nem ao povo de Deus e nem mesmo seguia a religião de Israel. No passado, os assírios tinham invadido o reino do Norte de Israel e algumas tribos do povo de Deus tinham sido escravizadas. É a mesma região da Galileia onde Jesus começa sua evangelização.

Deus precisava de um instrumento para chegar até aquelas pessoas e Jonas era o seu profeta. Deus conseguiu fazer com que ele mudasse de direção (ele tentou fugir pelo mar e depois foi a pé até Nínive), mas o profeta não quis mudar de mentalidade. Nínive é descrita com uma cidade gigante (três dias de caminhada para atravessá-la), imensa como o mundo que precisava receber a Palavra de Deus.

Jonas, mesmo contrariado, cumpre sua missão, mas o faz em tom ameaçador, no fundo, ele não pensava que aquela gente iria mudar de vida e assim, seriam todos destruídos pelo seu Deus. Tudo se transforma naquela cidade com as Palavras ditas pelo profeta. Bastou somente um dia de caminhada para que todos se convertessem.

O amargurado e difícil profeta Jonas conhecia Deus e sabia de sua força através de sua misericórdia. Contra aquele povo, desejava somente o poder de Deus, mas para destruir e punir e não da misericórdia divina. Jonas queria que aquela gente experimentasse um castigo pelos erros do passado. Ele era fixo no passado, e estava fechado à misericórdia de Deus que é sempre atual. Mas, Deus é paciencioso com Jonas e com o povo de Nínive. Nós, muitas vezes, nos fixamos demasiadamente no passado (pontos negativos) e isto obscurece o presente e até o amor de Deus. Jonas, pelo menos e até mesmo meio forçado, cumpriu a vontade de Deus e anunciou sua Palavra que converteu uma imensa população.

Como somos iguais a Jonas! Nós que já conhecemos tanto de Deus e até de sua misericórdia, mas muitas vezes, queremos e insistimos que tudo seja feito conforme o nosso modo de ver e segundo a nossa vontade. Queremos receber graças, curas, “vitórias”, mas poucos se dispõem a ser instrumento de tudo isto para outras pessoas: os pecadores, os mais necessitados e os excluídos de nossa sociedade. Jonas era assim, mas nós não somos tão diferentes dele.

No Evangelho deste Domingo, nos encontramos no início da missão de Jesus, logo depois de seu Batismo. Marcos nos diz que tudo teve início com uma trágica notícia da prisão de João Batista. Multidões tinham encontrado no precursor um raio de esperança e de mudança, mas tudo estava se encaminhando para ter o mesmo fim conhecido: alguém que se tornou perigoso para os romanos, simplesmente, porque deu uma nova esperança.

Jesus anuncia em meio a uma crise instalada com a prisão de João Batista. O Batista “foi entregue”, forma preferida por Marcos para falar do fim do precursor como também de Jesus (cf. 3,19; 151,15).

O Messias inicia sua missão anunciando que o tempo de Deus tinha chegado a sua plenitude: “Completou-se o tempo (kairós)”. Não se trata de um “tempo deste mundo”, mas o “tempo (kairós) de Deus”, isto é, o momento preparado por Deus para nossa salvação.

Jesus prega que há uma “Boa Notícia” (significado da palavra “Evangelho”) para todos, pois é um “Evangelho de Deus” (única vez que tal expressão aparece nos evangelhos) que todos são convidados a abraçarem essa nova realidade que Jesus chama de “Reino de Deus”.

Após o anúncio da chegada do tempo de Deus, Jesus usa dois verbos para expressar a importância do momento: “Convertei-vos” (metanoia: mudar a mente) e “crede” no Evangelho. Conversão é uma ação que precisa acontecer principalmente dentro de nós: é necessário mudar nossa mentalidade e expressar o novo com atitudes concretas novas.

Em seguida à conversão é preciso acrescentar uma ação importantíssima: Crer no Evangelho. A mudança que precisamos para nossa vida (metanoia) e que Jesus espera de nós não se limita somente a abandonar pecados, mas é preciso passar a fazer algo diferente e melhor, por isso, o segundo convite: Crer no Evangelho, isto é, conformar nossa vida com o projeto de Deus que Jesus chama de Reino de Deus.

Com essas palavras, Jesus inicia sua missão com um convite à radicalidade evangélica da conversão e fé em suas palavras. Logo em seguida, temos dois exemplos concretos de discípulos e irmãos que abandonam o que estavam fazendo para ganhar a vida (Simão e André) e até seus familiares (Tiago e João) para seguir Jesus. Confiam plenamente em Jesus chegando ao ponto de deixar tudo e todos para ouvir e seguir o Mestre Jesus.

Estes quatro primeiros discípulos do evangelho de hoje foram chamados no ambiente de trabalho, quando estava ainda com as mãos naquilo que era o sustento de todos. Jesus chama não nas sinagogas ou no templo entre pessoas entendidas nas coisas divinas, mas no meio do povo, gente comum e simples.

Eles abandonam tudo que tinham para o sustento de todos (redes e barcos), os irmãos Tiago e João abandonam também uma situação de vida melhor que os dois primeiros discípulos: tinham empregados (“pequena empresa”) e o pai deles. A renúncia foi maior e mais exigente: deixar a família, a ligação com a profissão da família e até mesmo com o passado através do pai deles.

Esta radicalidade para com as coisas de Deus, vemos nas palavras de Paulo (2a leitura) que nos convida não somente a uma mudança de pensamento e perseverar no caminho de Deus, mas termos uma vida já conforme aquilo que nossa esperança nos promete. Um pensamento novo, um comportamento renovado e uma vida como testemunho. São Paulo aconselha sua comunidade (e a nós) a viver as coisas do mundo, mas sem sermos apegados a elas, sem colocar o que é material no centro de tudo e viver uma vida livre com Deus. Nas palavras de Paulo, encontramos a nossa esperança de que tudo nesta realidade é somente um reflexo passageiro daquilo que realmente nos espera na eternidade com Deus.

As palavras de Paulo são um convite ao bom senso, a buscar equilíbrio de vida vivendo com intensidade cada momento, mas não apegados a nada e nem a ninguém. É o verdadeiro sentido da liberdade: fazer tudo como escolha e forma de testemunhar o Evangelho e não com escravos e dependentes.

Quem consegue colocar Deus como centro e como meta de vida, entende as palavras de Paulo como uma forma de vida onde o sentido e o valor de tudo vai além das coisas e até das pessoas que estão ao nosso redor. A alguns, Jesus chama e a resposta é radical (deixar tudo que é necessário para viver: redes e barco), a outros, a resposta é colocar tudo que tem não como centro (coisas e pessoas) e viver uma vida tendo o Senhor Jesus como grande tesouro (Paulo na 2ª leitura).

Há uma presença de “tempo” nos três textos proclamados. Para Jonas era urgente a conversão, pois o castigo estava próximo, mas Deus agiu com misericórdia; para Paulo, o tempo após a ressurreição tornou a nossa história um tempo breve e passageiro em relação à eternidade de Deus que somos convidados a já viver neste mundo; para Jesus, o “tempo” de Deus se iniciou entre nós, um tempo de graça e misericórdia, o Reinado de Deus está já acontecendo entre nós. E nós hoje, como estamos vivendo nosso tempo de e com Deus?

Para Jonas, a evangelização deveria acontecer do seu modo e somente para aqueles que ele achava serem os mais dignos; ele se sente senhor do seu carisma profético e insiste em fazer tudo a seu modo. Jesus se mostra aberto e acolhe a todos, não exclui ninguém e procura sempre mostrar através de suas palavras e com a sua vida o caminho do Reino de Deus. Precisamos de novos evangelizadores que anunciem com suas vidas a grande misericórdia de Deus que não tem limites e acolhe sempre a todos.

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Conhecendo um pouco o Evangelho de São Marcos

Este ano de 2024, vamos rezar aos domingos, principalmente no Tempo Comum, com o Evangelho de São Marcos. Importante ter algumas informações sobre o estilo e o modo como este segundo evangelista apresenta Jesus Cristo para nós.

Origem dos Evangelhos. Quando estudamos os Evangelhos, aprendemos que o Evangelho de São Marcos, historicamente, foi escrito próximo do ano 70 (uma data comum é 68 d.C.). Isto significa que desde o início da caminhada das comunidades cristãs, a principal preocupação foi de anunciar a Boa Nova realizada por Jesus Cristo. Como os apóstolos – principais e primeiras testemunhas – estavam presentes juntamente com outras pessoas, certamente, em relação às dúvidas e curiosidades sobre Jesus, bastava que se perguntasse a essas pessoas que conviveram com o Mestre Jesus. Podemos imaginar quanto foram preciosas as palavras desses discípulos e de Maria para conhecer ainda mais profundamente Jesus Cristo.

 Neste tempo de anúncio e vivência do Evangelho, temos a presença de São Paulo que deixou seu testemunho com suas cartas onde percebemos o zelo pastoral do apóstolo do Gentios, bem como os desafios e crises das primeiras comunidades.

Entre os anos 33 d.C. (início da caminhada da Igreja) e a escrita do primeiro Evangelho (São Marcos) pelos anos 68 d.C. foi forte o período do anúncio sobre quem era Jesus, o que Ele fez, seus milagres e os seus ensinamentos, é bem provável, que no decorrer dos anos, um “roteiro comum” foi ganhando preferência entre tudo que se contava sobre Jesus. Tal esquema geral sobre a vida de Jesus, percebemos, praticamente, nos quatro Evangelhos.

Na medida em que os anos foram se passando, as testemunhas oculares e as principais fontes sobre Jesus estavam terminando seus dias e alguns discípulos também passaram pelo martírio. Assim, viu-se por bem, reunir e escrever tudo que sabiam sobre Jesus. Dessa forma, nascem os Evangelhos que temos em nossas Bíblias.

Marcos teria escrito seu Evangelho antes da destruição de Jerusalém que aconteceu em 70 d.C. Antes desta data, sabemos, pela tradição, da morte de duas colunas fundamentais da fé cristã: São Pedro e São Paulo. Neste contexto, o autor resolve escrever sobre Jesus Cristo a uma comunidade que trazia características comuns a tantas outras comunidades no período do cristianismo nascente.

Marcos e os outros Evangelhos. Os Evangelhos de Mateus e Lucas foram escritos um pouco mais tarde do que Marcos. São situados em meados dos anos 80 d.C. Costuma-se afirmar que estes dois evangelistas se basearam ou teriam usado o esquema de São Marcos. Lendo os três escritos, percebemos que, de fato, Mateus e Lucas repetem quase tudo de Marcos e também acrescentaram outras passagens comuns entre eles e cada um, com relatos próprios.

Apesar das semelhanças nos relatos, cada evangelista deixou suas características próprias seja no vocabulário e no jeito (estilo) de redigir as passagens. O Evangelho de São João foi escrito mais tarde que Mateus e Lucas. O quarto evangelista preferiu escrever usando um estilo e uma narração dos fatos muito própria: aprofundando muitos aspectos da fé em Cristo. No entanto, percebe-se um mesmo esquema que perpassa os quatro Evangelhos.

Olhando o início do novo testamento, o primeiro Evangelho não é Marcos, mas de Mateus. Ao longo da organização dos escritos sobre Jesus (os Evangelhos), surgiu uma tradição que afirma que o primeiro escrito, ainda mais simples, teria sido de Mateus, mas escrito no aramaico. Os Evangelhos que temos em nossas Bíblias foram escritos originalmente em grego. O tal Evangelho em aramaico de Mateus teria sido, posteriormente, reescrito em grego acrescentando bem mais relatos que naquele mais antigo em aramaico. Assim, preservou-se a tradição que o primeiro escrito sobre Jesus teria sido por iniciativa de Mateus e dessa forma, o seu evangelho foi colocado antes de Marcos.

Esquema básico dos Evangelhos. Mencionamos que os Evangelhos possuem um esquema básico que foi se constituindo como fundamental no anúncio de Jesus Cristo e o Reino de Deus desde o início. O “primeiro anúncio” dos discípulos chamado de “querigma” tinha como centro a “Paixão, Morte e Ressurreição”, centro da nossa fé. Com o decorrer dos anos e com as primeiras comunidades cristãs vivendo esta nova fé em Cristo, foram também organizando a vida pública de Jesus, isto é, tudo o que Ele ensinou e fez a partir do Batismo. Assim, nasceu o esquema que vemos nos Evangelhos. Marcando o início da vida pública de Jesus, os Evangelhos narram o Batismo de Jesus por João Batista no rio Jordão. Resumindo o esquema que encontramos básico nos quatro Evangelhos:

Batismo – vida pública – Paixão, Morte e Ressurreição (querigma)

Mateus e Lucas escrevem para comunidades que tinham mais tempo de caminhada. Bem provável que para cristãos, muitos deles, que já cresceram em um ambiente de fé cristã com a conversão de seus pais. Por isso, temos nestes dois Evangelhos (Mt e Lc) mais respostas sobre Jesus, principalmente, sobre sua origem. Assim, temos os “Evangelhos da infância” de Jesus (Mt 1-2; Lc 1-2). São João escreve para outros cristãos com mais tempo de fé cristã, assim, ele preferiu aprofundar alguns aspectos da fé em Cristo a partir de algumas passagens da vida de Jesus. É próprio do quarto Evangelho uma profunda reflexão sobre a origem divina e eterna de Jesus representado pelo Verbo de Deus.

Podemos resumir esta organização das passagens da vida de Jesus da seguinte forma:

  Logos

(Eternidade do Verbo)

Infância de Jesus Vida pública

(Batismo até a ceia)

Querigma

(Paixão, Morte e Ressurreição)

Mateus   Mt 1-2 Mt 3,1 a 26,46 Mt 26,47 (prisão) a 28,20
Marcos     Mc 1,1 a 14,42 Mc 14,43 (prisão) a 16,20
Lucas   Lc 1-2 Lc 3,1 a 22,46 Lc 22,47 (prisão) a 24,53
João Jo 1,1-18   Jo 1,19 a 17,26 Jo 18,1 (prisão) a 21,25

Percebe-se que o conteúdo presente no Evangelho de São Marcos é o mais resumido em relação aos outros Evangelhos.

 O estudo dos Evangelhos costuma chamar os três primeiros Evangelhos (Mt, Mc e Lc) de “Sinóticos”, porque podem ser lidos um ao lado do outro. De fato, os Evangelhos de Mateus e Lucas utilizaram um esquema que está bem resumido em Marcos. Lendo Mt e Lc, parece que os dois evangelistas foram seguindo o roteiro presente em Mc e foram acrescentando muito do material em comum entre eles e material próprio, cada um, em seus Evangelhos.

Características do Evangelho de São Marcos. O autor não aparece e nem é mencionado no texto do Evangelho, no entanto, há uma tradição antiga que afirma ser o autor do Evangelho um tal “jovem nu” que sai correndo quando Jesus é preso (Mc 14,52). Mas, não se pode afirmar com certeza se tratar do autor do segundo Evangelho, São Marcos. Já no final do ano 100 d.C., apareceu uma tradição seguida até hoje de atribuir o Evangelho a Marcos, que se tem identificado com o João Marcos, parente de Barnabé e companheiro de Paulo, do qual narram os Atos dos Apóstolos e Paulo (cf. At 12,12.25; 15,37.39; Fm 24; Cl 4,10; 2Tm 4,11), e além disso se tem relacionado com a atividade de Pedro em Roma (cf. 1Pd 5,13).

Como Evangelho de São Marcos possui passagens com detalhes marcantes, costuma-se afirmar que o autor teria tido como fonte São Pedro, assim, ele teria convivido ou mesmo teria sido uma espécie de secretário do primeiro apóstolo escolhido por Jesus. Lembrando que Marcos não conviveu com o Jesus e nem fez parte do grupo apostólico inicial. Dessa forma, costuma-se dizer que o Evangelho de São Marcos seria a catequese que ele ouvia de São Pedro e depois, teria escrito tudo. No relato da Paixão, por exemplo, atribuíram-se às lembranças de Pedro as seguintes passagens que se caracterizam pela vivacidade da narrativa e a presença de minúcias impressionantes: 14,3-9.22-25.32-42.47-52.54.65.66-72; 15,2.6-14.16-20.25.27.31-33.38.40-47. É uma tradição que tem sua importância, mas não se pode afirmar categoricamente que foi dessa forma que nasceu o segundo Evangelho.

Todos os evangelistas escreveram para uma comunidade bem definida, por isso, cada um adaptou ou acrescentou detalhes em seus textos visando ajudar os seus leitores. Com São Marcos não foi diferente. O segundo evangelista deve ter escrito o seu Evangelho fora da terra de Israel para cristãos que não conheciam muitos detalhes da vida dos judeus e os seus costumes, por isso, São Marcos procura explicar os costumes judaicos (7,3-4; 14,12; 15,42), certas palavras aramaicas (3,17; 5,41; 7,11; 10,46; 11,34; 14,36; 15,32-34); expressões em latim, alusão ao direito e ao horário romano (10,12; 13,35); Marcos dá uma explicação das moedas hebraicas com a sua equivalência às moedas romanas (12,42) entre outros detalhes. Assim, pode-se afirmar que os leitores de Marcos não eram, em sua maioria, judeus e nem se encontravam na terra de Israel quando receberam o escrito de São Marcos.

Estilo do Evangelho de São Marcos. O segundo Evangelho possui um texto simples em relação a gramática grego (língua de origem do Evangelho), com um vocabulário comum, mas com termos da realidade que vivia a comunidade, por isso, usa palavras tiradas do uso militar romano, da cultura grega e da língua latina. O jeito de escrever em grego demonstra que o autor não tinha esta língua como sua desde a infância. É bem provável que falava em aramaico como judeus de nascença (era a língua mais comum entre os judeus) e depois escreveu seu Evangelho em grego.

O estilo de escrever de Marcos é popular e vivo, próprio da língua falada, que, apesar das incorreções gramaticais, sabe manter o interesse, como consequência do emprego de uma série de recursos que imprimem à narração um bom ritmo, como o uso frequente do presente histórico (151 vezes) e do estilo direto, servem para visualizar e fazer presente a ação diante do leitor. Por outra parte, sublinha as ideias por meio de pleonasmos [repetição de termos semelhantes: “subir pra cima”]; a repetição da mesma frase por diversos interlocutores (cf 2,5.7.9.10); os sinônimos em palavras e frases; a repetição de palavras, ou palavras da mesma raiz; a dupla negação (cf 5,3); a dupla pergunta (cf 1,24) etc. Igualmente, as cláusulas explicativas (cf 5,42b), a apresentação de detalhes (cf 5,43b) e dos sentimentos dos personagens (cf 3,4s) servem para manter vivo o interesse e conseguir descrições concretas. Nos relatos se usa, às vezes, a inclusão ou relato marcado pela mesma ideia que se repete ao princípio e ao final (13,35-37), outras vezes uma pergunta essencial como introdução; um coro como conclusão e a divisão ternária do relato (14,32-42; 14,66-72). Tudo isto sugere que estamos diante de uma obra escrita, não tanto para ser lida, quanto para ser ouvida.

Quando comparamos algumas passagens de Marcos com os outros dois evangelistas (Mateus e Lucas), percebemos como o segundo evangelista aprecia narrar com mais detalhes o drama vivido pelas pessoas como nas passagens: possesso da Decápole – Mc 5,1-20 (20 versículos) e Mt 8,28-34 (4 versículos); Mulher com perda de sangue e o reavivamento da filha de Jairo – Mc 5,21-43 (22 versículos) e Mt 9,18-26 (8 versículos).

Os Evangelhos sinóticos possuem um momento marcante que determina o centro da vida pública de Jesus. Depois do início da missão de Jesus, tudo caminha para o momento central quando Jesus pergunta quem Ele é para as pessoas (Mt 16,13-20; Mc 8,27-30 e Lc 9,18-21). Pedro responde com uma profissão de fé significativa, mas ainda incompleta. A partir deste momento, Jesus começa a preparar o grupo para os momentos finais em Jerusalém e para a sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Aos domingos, teremos sempre textos selecionados que vão desde o início da vida pública de Jesus até os momentos decisivos quando Ele se encontrava em Jerusalém antes de celebrar a Ceia Eucarística com seus discípulos.

Como os textos escolhidos nem sempre são em sequência um do outro, é interessante ler as passagens evangélicas que não serão lidas que estão entre aquelas proclamadas aos domingos em nossas celebrações.

Uma boa caminhada de reflexão a todos com este riquíssimo texto, simples, mas profundamente humano (em relação aqueles que se encontram com Jesus) e divino, pois mostra a grande misericórdia de Jesus para com toda a humanidade.

Imagem destacada: Beato Angélico, detalhe com São Marcos Evangelista, Capela Nicolina. Palácios Vaticanos ©Musei Vaticani


Comunicado sobre o funeral do Padre Leandro Luis Mota Ribeiro

A Chancelaria Arquidiocesana de Pouso Alegre, faz o seguinte comunicado sobre os funerais do padre Leandro Luis Mota Ribeiro

Após os procedimentos de praxe que se sucedem nesta manhã do dia 15, é possível prever:

- Que o velório terá início entre 12h e 13h na residência familiar na cidade de Consolação.
- Às 15h terá lugar a missa de corpo presente na Igreja Matriz.
- O corpo será sepultado na tarde deste mesmo dia no cemitério local.
Pedimos as orações de todos pelo descanso do Pe. Leandro e o conforto dos familiares e de nosso clero.