#Reflexão: 16º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 18 de julho)

A Igreja celebra neste domingo (18), o 16º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura - Jr 23,1-6

Salmo - Sl 22,1-3a.3b-4.5.6 (R. 1.6a)

2ª Leitura - Ef 2,13-18

Evangelho - Mc 6,30-34

ERAM COMO OVELHAS SEM PASTOR

Uma das imagens mais significativas escolhidas por Jesus para se apresentar ao povo é a imagem do pastor. Em São João, Jesus se apresenta com o Bom Pastor: Ele dá sua vida pelas ovelhas. No Evangelho de São Marcos, continuamos descobrindo quem é Jesus e qual deve ser a resposta daqueles que se propõem a segui-Lo.

É próprio do pastor, cuidar e zelar pelo seu rebanho, pois dele depende também seu sustento e sobrevivência. Jesus nos ensina como aplicar isto em nossa vida, mas conforme o seu exemplo e testemunho.

Jesus, depois de passar por algumas decepções (com os seus parentes, por exemplo), resolveu investir mais intensamente naqueles que aceitaram deixar tudo para segui-Lo: seus discípulos. Mas, Nosso Senhor não montou um grupo de pessoas somente para aprender algo novo. Um “ensinamento novo” de Jesus só tem sentido quando a pessoa humana ganha o centro de tudo; quando os sofrimentos e as dores se tornam a preocupação principal daquele que quer ser seguidor de Cristo. As palavras de Jesus são “palavras de vida” porque brotaram de uma prática constante do amor ao próximo.

Os discípulos de Jesus são chamados a fazer o mesmo. Por isso, após um tempo de escuta e aprendizagem, eles foram enviados para colocar em prática tudo que aprenderam com Jesus. Além da evangelização, destaca-se nas palavras de Jesus (domingo passado), a preocupação pelas necessidades das pessoas (doentes e endemoniados). O discípulo enviado deve ter consciência que é instrumento de uma graça que deve operar nele e através dele. Marcos nos relata o momento quando os apóstolos retornam da missão e contam tudo que fizeram. Mesmo cercados de tantos limites e dificuldades, eles conseguiram colocar em prática o que foi pedido por Jesus.

Após contarem tudo que fizeram, Jesus nota o cansaço de todos. Cristo, Bom Pastor, percebe que precisa cuidar daqueles que foram enviados como pastores no meio do povo. Jesus era capaz de suportar um trabalho intenso, mas não os seus discípulos: estavam cansados. Ele lhes faz um convite de se colocaram à parte, pois não tinham nem tempo de se alimentar. Jesus constantemente enfrentava este dilema de não ter tempo para si, mas somente tempo para as pessoas. O Mestre não está tanto preocupado com os “frutos” da missão, mas com cada missionário, seu bem-estar, por isso, propõe um tempo de repouso.

O convite de Jesus para que todos se retirassem para descansar, também foi um aprendizado para os apóstolos. Era muito importante que eles aprendessem a dosar suas atividades com momentos de descanso. Ninguém deve agir fazendo tudo como se tudo dependesse somente dele; é fundamental equilibrar as atividades para que cada um possa fazer tudo sempre e com boa qualidade.

Jesus convida os apóstolos para uma pausa e repouso para que pudessem trabalhar na messe do Senhor sempre e não somente por um tempo. É o perigo do excesso de atividade (ativismo), pois cansados os pastores muitas vezes passam a maltratar o próprio rebanho.

São Marcos relata que todos partiram em uma barca. O pequeno repouso proposto por Jesus foi das atividades e missão, mas não de sua convivência e presença. O melhor meio de se “reabastecer” de novas energias é a convivência à parte, mas com Jesus. Mas, ao chegarem do outro lado do lago, uma multidão de diversos lugares já estava lá esperando a todos. Jesus muda seus planos de estar um pouco à parte com seus apóstolos, mas não pede a eles para abandonar o pequeno repouso. Jesus, Bom Pastor, procura cuidar daqueles que Ele mesmo estava preparando para ocuparem a missão de pastor neste mundo: seus apóstolos. Ele sabia que precisava zelar deles, pois eles deveriam ser instrumento e canal da graça para muitas pessoas.

Ao desembarcarem do outro lado do lado, Jesus novamente se mostra preocupado com aquela multidão que vê como “ovelhas sem pastor”. Marcos diz que Jesus “teve compaixão” uma marca fundamental em Cristo. É algo que nasce do mais profundo do Seu interior e O move. Ele se encontrava dividido entre o cansaço dos amigos e a desorientação da multidão e, assim, se põe a ensinar e oferece a todos o que Ele tem de melhor.

Seja em relação aos apóstolos como à multidão, o centro de tudo são as pessoas e as suas necessidades. Mas, mais do que coisas materiais e físicas, Jesus lhes oferece o seu ensinamento e a sua presença como Mestre. Jesus ensina os apóstolos o sentido profundo da “compaixão”: mover-se a partir do amor e oferecer o melhor de si mesmo.

Na primeira leitura, temos as palavras de Deus contra os falsos pastores e mestres que estavam mais preocupados em explorar o povo de Deus. São falsos pastores interessados somente em se apropriar e extorquir o que desejam. Não se preocupam com as ovelhas, mas somente do lucro que podem obter do rebanho, por isso, não se importam que os mais simples e os mais humildes se percam e se extraviem. Anunciam prodígios como se tudo dependesse deles e convencem as pessoas a pagarem por aquilo que Deus dá gratuitamente.

O discípulo que Jesus deseja é aquele que se dedica e faz tudo segundo a graça de Deus, pois tudo nos foi dado gratuitamente por parte de Deus que não nos pediu nada em troca. Onde estivermos - conforme a segunda leitura de hoje - somos convidados a oferecer gratuitamente a graça de Deus, como Jesus fez e ensinou os discípulos a fazerem. Assim, se a missão está pesada e desgastante, se retirar por um tempo para se reabastecer com mais graça de Deus para continuar doando-se sem limites ao serviço do povo de Deus.

Que o Senhor nos ensine o sentido profundo da compaixão e nos coloquemos a serviço daqueles que buscam o próprio Cristo Jesus sendo sempre um canal de ligação através de nosso amor de discípulos.

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Dom Majella convida fiéis para participarem da Assembleia Eclesial

Numa carta emitida neste domingo (11), o arcebispo metropolitano, dom José Luiz Majella Delgado-C.Ss.R., explicou a importância da participação da arquidiocese de Pouso Alegre no processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe (AE), que ocorre entre os dias 21 e 28 de novembro de 2021 na Cidade do México.

"Essa assembleia, motivada pelo Papa Francisco, acontece com a participação das Igrejas Particulares latino-americanas e caribenhas para ser um caminho sinodal de oração, de escuta do Espírito e do Povo de Deus para um discernimento conjunto da vontade divina, dos sinais dos tempos e do apelo que Ele nos faz, 14 anos após a V Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, realizada em Aparecida/SP no ano de 2007, e no horizonte de duas celebrações especiais: 500 anos da aparição de Nossa Senhora de Guadalupe (2031) e 2000 anos da Redenção de Jesus Cristo (2033)", escreveu.

Para animar esse processo, o arcebispo constituiu uma comissão, formada pelo cônego Wilson Mário de Moraes, padre Thiago de Oliveira Raymundo e padre Marcos Roberto da Silva. Duas lives já foram realizadas na última semana, introduzindo os fiéis na dinâmica adotada pela AE. Até o final do mês de agosto, outros momentos virtuais estão previstos para formação de todos, inclusive do clero.

"A Assembleia Eclesial será um caminho sinodal, feito com a participação de todo o Povo Deus: leigos, leigas, religiosos, religiosas, diáconos, seminaristas, sacerdotes, bispos e todas as pessoas de boa vontade que desejam caminhar em comunidade. Será um “caminhar juntos” para crescermos em nossa vocação batismal e sermos, de fato, discípulos missionários em saída", explicou dom Majella.

Leia a carta de dom Majella na íntegra:

Reverendíssimo clero,
religiosos e religiosas,
leigos e leigas da Arquidiocese de Pouso Alegre.

Saudação de paz!

Nossa Arquidiocese recebeu no dia 14 de abril de 2021 carta convocatória do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) para participar do processo de escuta do Povo de Deus, parte da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que acontecerá de 21 a 28 de novembro de 2021, na Cidade do México.

Essa assembleia, motivada pelo Papa Francisco, acontece com a participação das Igrejas Particulares latino-americanas e caribenhas para ser um caminho sinodal de oração, de escuta do Espírito e do Povo de Deus para um discernimento conjunto da vontade divina, dos sinais dos tempos e do apelo que Ele nos faz, 14 anos após a V Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho, realizada em Aparecida/SP no ano de 2007, e no horizonte de duas celebrações especiais: 500 anos da aparição de Nossa Senhora de Guadalupe (2031) e 2000 anos da Redenção de Jesus Cristo (2033).

A Assembleia Eclesial será um caminho sinodal, feito com a participação de todo o Povo Deus: leigos, leigas, religiosos, religiosas, diáconos, seminaristas, sacerdotes, bispos e todas as pessoas de boa vontade que desejam caminhar em comunidade. Será um “caminhar juntos” para crescermos em nossa vocação batismal e sermos, de fato, discípulos missionários em saída.

Nossa Arquidiocese acolhe a motivação do Papa Francisco e a convocação do CELAM para participar desse caminho sinodal. Recebemos esse pedido em um tempo oportuno que estamos vivendo em nossas comunidades: tempo de animação e preparação para o 1º Sínodo Arquidiocesano, que acontecerá a partir de 2022. Vejo a participação na Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe como uma ação do Espírito Santo que poderá fortalecer o nosso caminho sinodal de oração, escuta, partilha e animação pastoral.

Por isso, peço ao Povo de Deus, presente na Arquidiocese de Pouso Alegre, que conheça, reze e participe da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe.

Em nossa Igreja Particular, fizemos um caminho inicial para divulgar esse evento eclesial através de duas “lives de abertura”, que aconteceram no canal da Arquidiocese no YouTube, nos dias 06 de julho (terça), às 20h, e 10 de julho (sábado), às 9h30, motivando a todos e, agora, com nossa carta efetivamos este convite de participação no processo. Convidamos a percorrer tal caminho acompanhando, também, as “lives Caminho da Assembléia”, às terças-feiras, 20h, e as “lives Rezar e Caminhar”, aos sábados, 17h, dos meses de julho e agosto.

Peço que rezem nas celebrações, nas comunidades, nos diversos grupos pastorais e individualmente pelo bom êxito da assembleia, seguindo a Oração da Assembleia Eclesial, divulgada em nosso site (https://arquidiocesepa.org.br/) e nas redes sociais oficiais da Arquidiocese. Rezemos juntos, pedindo a intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe e abertos à ação do Espírito Santo, para colhermos bons frutos das sementes lançadas neste caminho sinodal.

Além disso, conto com a participação dos leigos, leigas, religiosos, religiosas e ministros ordenados de nossa Arquidiocese no processo de Escuta do Povo de Deus que está sendo realizado na Assembleia Eclesial, de modo online, por meio de questionário disponível no site https://asambleaeclesial.lat/escucha/. Como orientado nas “lives”, esse questionário pode ser respondido de modo individual ou grupal até o dia 31 de agosto de 2021.

Para animar esse caminho em nossa Arquidiocese, constitui a Comissão de Animação da Primeira Assembleia Eclesial composta pelos padres, Côn. Wilson Mário de Morais, Pe. Marcos Roberto da Silva e Pe. Thiago de Oliveira Raymundo.

Por fim, oriento que as ações da Assembleia Eclesial sejam realizadas, preferencialmente, de modo online. Se presenciais, sigam as orientações para a realização das celebrações em tempo de pandemia, já apresentadas por mim anteriormente, e as normas sanitárias de cada município.

Agradeço aos fiéis e aos ministros ordenados de nossa Igreja Particular por acolherem este pedido de caminho pastoral, que fazemos juntos, para animar e fortalecer nossas comunidades, em comunhão com a Igreja presente na região latino-americana e caribenha do mundo.

Que Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina, interceda a Deus por nós, para caminharmos sempre com seu Filho, Jesus Cristo! Recebam meu abraço de pastor, orações e a bênção, solidário com tantas dores de nosso povo na pandemia do COVID-19 e com a esperança de calmaria, de dias melhores, após esta tempestade.

Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R.
Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre

 


#Reflexão: 15º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 11 de julho)

A Igreja celebra neste domingo (11), o 15º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura - Am 7,12-15

Salmo - Sl 84,9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)

2ª Leitura - Ef 1,3-14

Evangelho - Mc 6,7-13

ANUNCIAR A FÉ COM A VIDA E PALAVRAS

Marcos, no Evangelho deste Domingo, nos apresenta as condições daqueles que foram chamados por Jesus em um primeiro momento para estar com Ele e depois foram enviados. Não se trata de uma missão específica daqueles apóstolos no tempo de Jesus, mas de todos que creem e assumem a fé em Cristo. Nós também somos chamados a fazer parte desta Escola de Discípulos de Cristo e também assumirmos nossa missão.

Jesus convocou e montou o grupo dos apóstolos já no início do seu ministério (Mc 3,13ss). Eles passaram a viver com o Mestre Jesus; viram e ouviram Dele um novo ensinamento, agora era hora de começar a colocar em prática. Marcos inicia afirmando que Jesus chamou os doze (apóstolos), isto para recordar que a iniciativa e a missão nascem sempre de Jesus, ninguém faz nada por iniciativa e em nome próprio, mas é convocado e enviado por Cristo com várias orientações e condições. Aquilo que Nosso Senhor lhes pede, Ele mesmo procurou viver e testemunhar. Os discípulos deveriam repetir o que aprenderam e ouviram de seu Mestre.

São enviados em dupla para que um fosse o suporte do outro, também para confirmar as palavras que ouviram e que juntos deveriam testemunhar.

O testemunho não se reduz a palavras e expressões, mas na vivência primeiro entre os dois e depois com os outros. Os discípulos não são enviados para falar de teorias e belas palavras, mas para testemunhar. Eles deveriam tudo operar em Nome de Jesus, pois somente Ele tem o poder de vencer o mal. Assim, Jesus lhes dá este poder e Ele próprio age em cada discípulo para que possa vencer o mal.

Jesus “ordenou-lhes” (v.8). Poucas vezes encontramos da parte de Jesus em Marcos um verbo no imperativo, não é um pedido ou sugestão, mas condição fundamental (o que deveriam levar ou renunciar) para que a missão desse certo e produzisse frutos. Ao missionário, Jesus ordena para não levar nada que esteja ligado à segurança deste mundo: nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto e nem duas túnicas. O discípulo que é enviado por Jesus deveria confiar na providência e acreditar na assistência de Jesus. O maior tesouro e a maior riqueza daquele que parte em missão deve ser a sua mensagem e a sua fé que devem ser vistos no total desprendimento das coisas deste mundo.

Jesus envia em missão seus discípulos, mas Ele mesmo caminha com eles; é a força que precisam para enfrentar até o mal e Ele mesmo provê tudo de que precisam.

Aos discípulos lhes é permito levar duas coisas: o bastão que servia como suporte para o caminhante (para Mateus, nem isto foi permitido); e as sandálias que distinguia um homem livre de um escravo ou vagabundo. O discípulo realiza tudo no pleno exercício de sua liberdade e escolha, tendo sua fé em Cristo Jesus como a única e a principal força para evangelizar.

Os discípulos, ao chegarem a uma vila, deveriam se hospedar na primeira casa que oferecesse acolhida. Isto já representava a confiança na assistência de Deus para aqueles que são missionários: Deus provê o necessário inclusive o alojamento. Aqueles que resolvem escolher um local melhor, já começam a negar a providência divina e revelam preocupação com outros valores (melhor casa, boa comida, cama aconchegante...).

Deus conhece nossas necessidades e sempre providencia aquilo de que realmente precisamos. A missão já deve começar na casa, na família que acolhe e depois nas praças.

O Mestre alerta sobre a rejeição à sua mensagem. O próprio Jesus foi rejeitado, os discípulos certamente vão encontrar a mesma reação em alguns lugares. O convite de Jesus de “sacudir o pó dos calçados” pode aparentar uma reação negativa pela negação da evangelização, mas a intenção é outra. Jesus convida, inicialmente, a não revidar, nem enfrentar e muito menos protestar contra as pessoas; simplesmente devem deixar aquele local. O gesto de sacudir o pó não é “contra eles”, mas “para testemunhos contra eles”, ajuda a testemunhar que os discípulos respeitam a “não aceitação” do anúncio e por isso, tudo que pertence a eles, com eles deve ficar inclusive o pó daquele chão. O fato de não revidar, nem jogar pragas ou fazer ameaça, mas respeitar a liberdade daquelas pessoas, deixa em aberto uma pequena porta de esperança.

Quando se grita e se ameaça, todas as portas se fecham. O mais importante para o discípulo não é carregar nem rancor e nem mágoa, mas deixar o negativo pra trás. Nos casos de rejeição, nem o pó dos calçados (mínima coisa) deveriam levar com eles. O importante é partir para a próxima missão, livre e leve com tudo de bom que Deus fez e operou por meio deles.

Rejeitar a Palavra de Deus não é algo novo. Os profetas também foram rejeitados. Eles são porta-voz da vontade de Deus que nem sempre são palavras de elogio. Amós (1a leitura) sofreu isto na própria pele. Ele que nunca tinha pensado em ser profeta, foi convocado, “retirado” do seu ofício comum no campo para anunciar a vontade de Deus inclusive para o rei que não apreciava nada daquilo que Deus falou através do seu profeta.

Marcos, no final do Evangelho, compartilha o bom resultado da missão dos apóstolos que não somente expulsaram demônios em nome de Jesus, como também curaram doentes. Jesus realiza curas com simples gestos e palavras, os apóstolos usavam um óleo especial e preparado por Jesus como meio de cura (conferir ainda: Tg 5,13-16), um costume que perdura na sua Igreja até hoje.

A mensagem do discípulo deve ser alegre e viva como nos propõe Paulo na 2ª leitura, cheia de esperança em relação ao amor de Deus manifestado em Jesus e através de sua vida. A fé e o testemunho são os principais instrumentos de tudo, pois a evangelização passa muito mais pela vida e por atos de fé, do que pelas palavras.

 

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Live explica processo da Assembleia Latino-americana e do Caribe

Uma live na noite desta terça-feira(6) marcou o início do processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe na arquidiocese de Pouso Alegre. Contando com a presença do arcebispo metropolitano, Dom José Luiz Majella Delgado-C.Ss.R., também participaram o padre Thiago Raymundo, o padre Marcos Roberto da Silva, Ivandira Ancelmo Ribeiro Simões, Giovanni Marques, e os seminaristas Christopher Tercilo e Iago Gabriel.

Com o lema "Somos todos discípulos missionários em saída", a primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe ocorre entre os dias 21 e 28 de novembro no México. A live foi organizada pelo comissão responsável pelo processo de escuta na arquidiocese de Pouso Alegre, composta pelo Cônego Wilson Mário de Morais e pelos padres Thiago Raymundo e Marcos Roberto da Silva.

Segundo Dom Majella, a Igreja no Sul de Minas é consciente do seu protagonismo e responsabilidade, é quer fazer esse caminho para celebrar a primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.

"A Igreja do nosso continente vive um tempo de Graça, um Kairós. Com profunda alegria, convido todo povo de Deus, peregrino na arquidiocese, a participar desse processo de escuta para que essa Assembleia seja uma verdadeira celebração da nossa identidade eclesial. Queremos formar essa Igreja de comunhão e participação. Estamos vivendo a caminhada pré-sinodal para celebrarmos o primeiro Sínodo Arquidiocesano. Não podemos nos cansar de fazer perguntas profundas sobre o mundo, sobre Deus, sobre a vida eclesial, sobre a nossa missão no hoje da nossa história".

https://www.youtube.com/watch?v=spTgskr5S8s

Um pouco da história das outras Conferências

O professor Giovanni Marques fez um resgate histórico de todas as outras Conferências realizadas Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), sendo cinco até hoje: Rio de Janeiro (1955), Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). A Assembleia Eclesial latino-americana foi convocada pelo Papa Francisco em janeiro deste ano, passando por um processo de escuta em todo continente e se realiza, presencialmente, em novembro, no México.

"Na Conferência do Rio de Janeiro, focou-se os temas da vocação, da formação e da justiça social. Em Medellín, opção preferencial pelos pobres; Na Conferência de Puebla, Igreja, Comunhão e Participação; Já em Santo Domingo, Inculturação do Evangelho; Por fim, em Aparecida, refletiu-se sobre Cristãos, discípulos e missionários. O Espírito Santo veio nos acompanhando nesse lindo caminho e agora nos leva para essa nova experiência da Assembleia Eclesial que o Papa Francisco convocou em janeiro deste ano. A Assembleia não vai envolver apenas os bispos, mas todo o Povo de Deus é chamado a participar desse caminho sinodal. Caminho sinodal é caminho que todo mundo faz junto. É uma Assembleia que olha para Aparecida e busca inspirações para esse tempo difícil que não é apenas um pandemia de Covid, mas pandemia de iniquidade, de indiferença, uma pandemia de maldades, de pecado, de mentiras, dentro da qual temos que trazer a vacina da esperança, a vacina do Evangelho".

Método utilizado pela Assembleia Eclesial

A terceira partilha da noite contou com a ajuda do padre Marcos Roberto, explicando o método utilizado pela Assembleia que é o VER -  JULGAR (ILUMINAR) - AGIR.

"No contexto sociocultural da vida do nosso povo na América Latina encontramos  a pandemia da COVID-19; o modelo econômico e social que se volta contra o ser humano; a exclusão crescente, ou seja, a cultura do descarte e práticas de solidariedade; a necessidade de ouvir o 'grito' da terra, cuidando da nossa casa comum; a violência crescente nas nossas sociedades; a necessidade de um 'Pacto Educativo Global'; os migrantes são os novos pobres; um cuidado maior com os Povos indígenas e afrodescendentes, buscando uma cidadania plena na sociedade e na Igreja; e a globalização e a democratização da Comunicação Social".

Ainda segundo padre Marcos Roberto, quando se olha para a realidade eclesial, encontra-se a seguinte situação:

a. Uma secularização que está avançando em vários países da América Latina e do Caribe;
b. Um crescimento sempre crescente das igrejas Evangélicas e Pentecostais no nosso continente;
c. O desafio de um maior desenvolvimento da pastoral urbana;
d. Os jovens como atores sociais e promotores da cultura;
e. As mulheres e o desafio da sua plena participação na sociedade e na Igreja;
f. Abuso sexual na Igreja;
g. Clericalismo, um grande obstáculo a uma Igreja sinodal;
h. Em direção a uma Igreja itinerante e sinodal, caminhando por novos caminhos;

"Assim, a sinodalidade eclesial é um sinal da corresponsabilidade de todo o Povo de Deus na construção do seu Reino, através de uma Igreja que se apresenta como 'a comunidade de discípulos missionários que «primeireiam», que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam'” (EG 24), finalizou padre Marcos.

Como participar do processo de "escuta"

Por fim, padre Thiago Raymundo explicou como será o processo de escuta da Assembleia Eclesial da América Latina na arquidiocese de Pouso Alegre.

"Todo Povo de Deus pode participar. Incentivamos a participação individual e/ou grupal de membros de pelo menos um grupo de cada paróquia, movimento e comunidade de vida da Arquidiocese".

Para participação, é preciso levar em consideração dois critérios: "ESTAR SEMPRE junto ao Santo Povo de Deus, de que todos somos parte, e nos dá pertença; A ORAÇÃO. Estar em comunhão, recordando que, no meio de nós, se encontra sempre o Senhor.”

Para responder às questões, basta acessar o site da Assembleia: asambleaeclesial.lat

IMPORTANTE: No próximo sábado, às 9h30, padre Thiago Raymundo irá fazer uma nova live, também pelo canal da arquidiocese no YouTube, explicando as perguntas e o caminho a ser seguido para as respostas.

Registre sua participação com a Arquidiocese de Pouso Alegre nas atividades de animação da Assembleia Eclesial: https://bit.ly/formularioAssembleia

 

 


A pandemia da Covid como tempo oportuno

Pe. Paulo Adolfo Simões
Presbítero da arquidiocese de Pouso Alegre
Secretário executivo do Centro Nacional de Fé e Política “Dom Helder Camara” – CEFEP / CNBB

De tempos em tempos a história nos oferece oportunidade de rever nossa caminhada, seja a pessoal ou a coletiva. Quando irrompeu a pandemia da Covid 19 em 2020, mal sabíamos que estávamos iniciando um desses tempos oportunos. Passados quase dois anos dessa eclosão catastrófica, estamos mais cientes de que o que decidirmos agora marcará nossa história pessoal, institucional e humana para os próximos tempos.

Antes de seguir, no entanto, é necessário manifestar aqui o pesar por mais de meio milhão de vidas perdidas em nosso país. É preciso manifestar pesar e repúdio veemente. As mais de 520 mil vidas perdidas até a conclusão deste texto impactam outros milhões de vidas. Impactam a sociedade e a economia. O dano humano e econômico é tão grande que psicólogos e psiquiatras falam que levaremos uma geração inteira para superá-lo. São projetos, sonhos, contribuições culturais, espirituais e materiais perdidas; cada vida perdida tinha muito ainda a oferecer aos seus e a todos nós. As sequelas psicológicas e físicas também são muitas para os sobreviventes, sejam os enlutados seja para os recuperados da coronavírus. Não é exagero dizer que vivemos um holocausto. E tudo se agrava por não termos feito um luto nacional e oficial por tantas perdas humanas. Ao invés disso a autoridade maior do país minimizou a tragédia como se fosse apenas perda econômica: ”CPF cancelado”!

Continuando a reflexão, estamos em meados de 2021. No entanto, desde o início de 2020 parece que se passou uma eternidade, um pesadelo sem fim. Vivemos esse intervalo atordoados pelas notícias e informações desconexas, sem entender o que acontece de fato. Começamos a ler e ouvir algumas análises: “Uma tempestade perfeita que temos de atravessar” (Carta ao povo de Deus – dos 152 bispos). Biólogos e ecologistas renomados, na linha do pensamento do Papa Francisco na encíclica Laudato Si, apontam que vivemos a clara consequência do desequilíbrio natural causado pela ação humana predatória.

A ganância e o desejo de lucros falam mais alto que o cuidado. Os analistas sociais dizem que a pandemia em si não é uma crise. Mas que potencializa múltiplas crises que já vivíamos a algum tempo: crise ecológica; crise econômica do sistema capitalista que fracassou em sua promessa de fazer a “distribuição do bolo”; crise política da democracia liberal representativa – sobretudo a brasileira – na qual a cidadã e o cidadão são, autoritariamente, relegados ao papel de simples eleitores; crise das políticas públicas, sobretudo da saúde pública da qual os mais pobres dependem exclusivamente. Até o início da pandemia da covid ainda se falava em privatizar o SUS!

Para nós cristãs e cristãos, a pandemia veio em forma de uma catástrofe maior. Atingiu de forma impiedosa a maneira como vivemos e expressamos nossa fé. O isolamento social apontado pela ciência e pela racionalidade como forma de evitar do contágio pelo temível coronavírus impediu-nos da vivência comunitária. Passado o susto inicial começamos a reagir: ministros ordenados, padres e bispos, começamos numa saga sem fim de transmissões remotas dos sacramentos e sacramentais. Cristãos leigas e leigos, sobretudo jovens, empunharam a bandeira do “Devolvam-nos a Missa”. Reclamaram com o clero como se fosse esse a fazer o sequestro das reuniões presenciais, e não a ciência e o bom senso. Tudo compreensível em épocas tão novas e conturbadas.

Como a tempestade perfeita não deu sinais de arrefecer descobrimos, enfim, o que a tecnologia já nos possibilita há mais de uma dezena de anos: as reuniões remotas, os “ao vivos” (as lives) e outras modalidades. Desta forma, em certa medida, o teimoso passado foi, temporariamente, vencido e um futuro tardio chegou para as Igrejas e religiões como um sol de inverno, meio desmaiado, que surge somente ao meio dia. O que será dessa experiência com as tecnologias da comunicação, a próxima esquina da história nos dirá, como fada ou como bruxa.

A pandemia certamente passará, seja como tempestade perfeita, seja como vitória da ciência ou sua derrota ante o negacionismo que ora vemos, ainda bem que reduzido a uma pequena multidão, embora empoderada. O que não passarão são as conclusões que tiraremos desse tempo oportuno. Essas marcarão o nosso futuro seja como êxito, seja como fracasso. Uma coisa já é inegável: a crise pandêmica, assim como no caso das tecnologias da comunicação, projetou-nos, sem perguntar se o desejávamos, no futuro.

Por fim, não sei se alguém mais percebeu, mas quando tudo nos foi tirado, em nossa vivência de fé, pela pandemia, restaram-nos duas coisas: a Palavra e a solidariedade. Talvez sejam as coisas essenciais para a vivência religiosa de toda e qualquer pertença e devêssemos continuar com elas no centro...

 

 


Arquidiocese realiza sua romaria à Aparecida. Leia a homilia de dom Majella

A arquidiocese de Pouso Alegre realizou na manhã deste sábado (3) sua romaria anual ao Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida(SP). A missa foi presidida pelo arcebispo dom José Luiz Majella Delgado-C.Ss.R. Pelo segundo ano consecutivo, por causa da pandemia, participaram alguns representantes do clero. Alguns fiéis da arquidiocese também puderam participar da Santa Missa.

Celebrando a festa liturgica de São Tomé, dom Majella afirmou que a incredulidade do apóstolo ajuda os cristãos de hoje a fortalecer sua fé.

"Tomé, com a sua incredulidade, ajuda-nos a fortalecer a nossa adesão a Jesus, por meio de uma profissão de fé muito clara: “Meu Senhor e meu Deus! ” (Jo 20,24-29), como ouvimos no evangelho que nos foi proclamado. Na aparição seguinte aos seus discípulos, Jesus convida Tomé a percorrer o caminho de busca, que os seus colegas já tinham feito. Tomé, disponível e dócil à ordem de Jesus, chega a um ato de fé claro e convicto: "Meu Senhor e meu Deus!" (v.28)

Leia a homilia de dom Majella na íntegra

Com a romaria da Arquidiocese de Pouso Alegre neste Santuário Nacional assinalamos com gratidão os 90 anos da proclamação oficial declarando Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, comemorado no dia 31 de maio passado. Com este título Nossa Senhora Aparecida contribui para a unidade das Igrejas no Brasil. Ela é a protetora, defensora; que nos protege. Por isso vêm aqui pessoas de várias partes do Brasil e de várias nações, pessoas que rezam trazendo consigo os desejos dos seus corações e das suas regiões, as preocupações e as esperanças do seu íntimo. Aqui experimentamos Jesus Cristo. Aqui é de se esperar que a conversão nos leve a descobrir em Jesus o projeto acabado de Deus e tomá-lo como Senhor de nossas vidas. Aqui, junto da Mãe do Senhor imploramos: Mostra-nos Jesus. Mostra a nós, romeiros, as comunidades eclesiais da Arquidiocese de Pouso Alegre nesta sua caminhada de preparação para o primeiro Sínodo diocesano, Aquele que é ao mesmo tempo o caminho e a meta: a verdade e a vida: Jesus Cristo.

Irmãos e irmãs, há mais de um ano e meio que estamos convivendo com esta pandemia da covid-19. Ela está atormentando o mundo inteiro, impondo muitas limitações, cuidados e, ao mesmo tempo que requer coragem e generosidade para aqueles que sofrem. É importante aprender as lições da pandemia. A pandemia fez-nos sentir que somos uma só família humana e que «estamos todos no mesmo barco». Seria bom que esta consciência se estenda a outros âmbitos da vida social, ao modo de enfrentar a crise económica e social que já estamos experimentando.

A liturgia de hoje nos propõe celebrar a festa do apóstolo São Tomé, que é caracterizada pelo célebre diálogo de Jesus ressuscitado com o apóstolo, narrado pelo evangelista João. Porque celebramos esta festa na data de hoje? Desde o século VI a Igreja coloca no dia 3 de julho a transladação do corpo de São Tomé para Edessa, na atual Turquia. Este apóstolo, também chamado Dídimo, é nos dado a conhecer sobretudo por São João Evangelista. É Tomé que convida os outros apóstolos a acompanharem Jesus para a Judeia, para morrerem com Ele (Jo 11,16). Foi num momento crítico da vida de Jesus, quando ele decidiu ir a Betânia para ressuscitar Lázaro, aproximando-se assim de Jerusalém. Essa sua determinação de seguir o Mestre é exemplar e nos oferece um precioso ensinamento: revela a disponibilidade total para aderir a Jesus, até identificar o próprio destino com o dele. De fato, o mais importante é nunca se separar de Jesus.

É a pergunta de Tomé que leva Jesus a definir-se: “Eu sou o caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,5s). Esta intervenção de Tomé está registrada na Última Ceia. Naquela ocasião, Jesus, predizendo a sua partida iminente, anuncia que vai preparar um lugar para os discípulos, para que também eles estejam onde ele estiver. “Para onde eu vou, vós conheceis o caminho” (Jo 14,5). É então que Tomé intervém e diz: “Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho? Tomé é o primeiro a quem é feita essa revelação, mas ela vale também para todos nós, e para todos os tempos. Com frequência nós não compreendemos Jesus. Temos que ter a coragem de dizer: “Não te compreendo, Senhor, escuta-me, ajuda-me a compreender”. Este é o verdadeiro modo de rezar e de falar com Jesus. Exprimimos assim a nossa limitação e nos colocamos na atitude confiante de quem espera luz e força de Jesus.

Finalmente, Tomé, com a sua incredulidade, ajuda-nos a fortalecer a nossa adesão a Jesus, por meio de uma profissão de fé muito clara: “Meu Senhor e meu Deus! ” (Jo 20,24-29), como ouvimos no evangelho que nos foi proclamado. Na aparição seguinte aos seus discípulos, Jesus convida Tomé a percorrer o caminho de busca, que os seus colegas já tinham feito. Tomé, disponível e dócil à ordem de Jesus, chega a um ato de fé claro e convicto: "Meu Senhor e meu Deus!" (v.28). A bem-aventurança, que Jesus proclama em seguida, dirige-se a nós que, percorrendo um itinerário de fé, em atitude de completo abandono, chegamos a Jesus morto e ressuscitado. Jesus pronuncia a bem-aventurança da fé. Chegamos à libertadora experiência da fé em Jesus ressuscitado. As palavras dirigidas a Tomé por Jesus nos ensinam o verdadeiro sentido da fé madura e nos encorajam a prosseguir, apesar das dificuldades, em nosso caminho de adesão a Jesus Cristo.

Entretanto perpassa pelo nosso pensamento mais uma bem-aventurança que, no Evangelho, precede todas as outras. É a bem-aventurança da Virgem Maria, a Mãe do Redentor. A ela, que acabara de conceber Jesus no seu ventre, diz Santa Isabel: “Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor” (Lc 1,45). A bem-aventurança da fé tem o seu modelo em Maria. Daqui deste Santuário não podemos deixar de voltar os nossos olhos para Maria, que sob o seu olhar materno, com sua fé, sustentou a fé dos Apóstolos e não cessa de sustentar a nossa fé, enchendo-nos de admiração, gratidão e amor ao nosso Deus. Como disse Santo Agostinho, “Maria, antes de conceber Cristo fisicamente no seu ventre, concebeu-O pela fé no seu coração.

Maria acreditou e realizou-se n’Ela aquilo em que acreditava”. Peçamos ao Senhor que aumente a nossa fé, que a torne ativa e fecunda no amor. Peçamos-lhe que sejamos capazes de acolher, como Maria, em nosso coração a Palavra de Deus e pô-la em prática com docilidade e constância.


#Reflexão: Solenidade de São Pedro e São Paulo (Ano B – 4 de julho)

A Igreja celebra neste domingo (4), a Solenidade de São Pedro e São Paulo. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura - At 12,1-11

Salmo - Sl 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 5)

2ª Leitura - 2Tm 4,6-8.17-18

Evangelho - Mt 16,13-19

Solenidade de São Pedro e São Paulo

“O dia de hoje é para nós dia sagrado, porque nele celebramos o martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo... Na realidade, os dois eram como um só; embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho”, disse Santo Agostinho (354-430) em seus sermões sobre a solenidade de São Pedro e São Paulo. A história destes dois grandes homens está profundamente ligada à história da Igreja de Cristo.

Pedro foi preparado por Jesus para uma missão muito especial dentro da comunidade dos discípulos e na sua Igreja. Era fundamental que ele fosse a principal referência para os demais apóstolos e discípulos. Alguém que pudesse passar para os demais, a segurança necessária e ao mesmo tempo uma fé profunda que Jesus estava presente conduzindo sua Igreja. Assim, através de Pedro, o próprio Cristo foi organizando e conduzindo a sua comunidade de discípulos que nascia e se espalhava com o testemunho firme de todos.

Os doze apóstolos logo no início foram reconhecidos como “colunas” da Igreja (cf. Ap 21,14; Gl 2,9). E Pedro foi constituído pelo próprio Jesus como pedra de fundamento. Segundo Mateus, Jesus quis saber qual ideia as pessoas estavam tendo Dele quando todos estavam no local onde ficava a sede do poder romano daquela região: Cesareia de Felipe. Ouviu várias respostas. Uns diziam ser “João Batista”: grande homem de Deus que marcou a vida do povo; outros, “Elias”: segundo o profeta Malaquias, ele iria reaparecer antes da vinda do messias; e “Jeremias” um grande sacerdote profeta. As respostas mostravam que o povo percebia que Jesus era especial, mas alguém somente ligado a grandes personagens do passado.

Mas, Jesus queria ouvir a resposta dos seus discípulos que estavam convivendo com Ele havia um bom tempo. Pedro, em nome do grupo, dá uma resposta profunda e diferente: “Tu és o Messias, Filho de Deus”. Ele reconhece que mais que um grande profeta que anuncia o Ungido de Deus (messiah), Jesus é o próprio Messias enviado por Deus. “Filho de Deus”: Pedro demonstra ter consciência que seu Mestre não pertence a nenhuma realidade conhecida por todos: pertence a Deus! O primeiro apóstolo reconhece que Jesus é o Messias que todos esperavam e que sua ligação com Deus é a mesma entre um pai e um filho.

Para Jesus, a resposta de Pedro foi o sinal de que, realmente, o apóstolo pescador tinha dado um grande salto de fé. Nas palavras de Jesus, não foi algo que Pedro adivinhou ou descobriu por conta própria, mas uma revelação dos céus. Era o sinal de Deus que Pedro poderia ser o principal responsável em sua Igreja. E Jesus lhe confirma sua fé e sua missão.

Jesus muda seu nome de Simão (mudar nome = pessoa nova e com uma missão) para “Pedro” (Pedra em grego Petra). “Sobre esta pedra construirei a minha igreja”. A Igreja é de Cristo, é uma só e é o próprio Cristo quem vai construí-la (não é uma associação e nem fruto da iniciativa de pessoas). É para sempre, até o final da história e nem as portas do inferno vão conseguir vencê-la, porque pertence a Jesus Cristo. “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus”: É Jesus quem concede; quem tem as “chaves” tem poder de abrir e fechar; também de ligar e desligar. Jesus diz “tudo o que tu ligares.... o que tu desligares”, poder especial para alguém que tem a principal responsabilidade na sua Igreja. Quem assume esta responsabilidade, carrega este grande poder. O poder é especial e pessoal a Pedro, mas não se limita a ele, mas a todos que assumirem a direção da Igreja de Cristo.

Na 1ª leitura, ouvimos um exemplo da grande importância de Pedro para a Igreja de Cristo. O rei Herodes já tinha mandado matar à espada o apóstolo Tiago e mandou prender Pedro. A “Igreja rezava continuamente a Deus por ele”. Dois poderes em jogo: da espada e da oração. Deus intervém de uma forma espetacular. O céu vem em auxilio com um anjo que liberta sem violência e sem mortes. Pedro tem a proteção de Deus e dos seus anjos. E em sua vida, o apóstolo, pedra da Igreja de Cristo, cumpriu com grande exemplo de fé sua missão até o seu martírio em Roma. Pedro passou, mas a Igreja de Cristo continua sua missão.

Paulo é o exemplo mais concreto que é o próprio Cristo Jesus que está à frente de sua Igreja. Jesus continua escolhendo pessoas segundo os seus critérios. Saulo de Tarso perseguidor da Igreja, aos olhos de todos, não seria o mais adequado para fazer parte do grupo dos discípulos. Mas Cristo escolheu Paulo pessoalmente. Se Pedro representa o início e o fundamento da fé em Cristo vivo e ressuscitado para a Igreja, Paulo foi outra coluna importantíssima para a missão de implantar o Reino de Deus neste mundo. Era necessário levar o anúncio da salvação em Cristo para todas as pessoas e em todos os tempos.

Paulo, chamado por Jesus de um modo diferente, se sentia tão apóstolo como os demais. Assumiu com o mesmo empenho a missão de espalhar a Boa Nova da Salvação de Cristo para todos. Paulo, praticamente quase sozinho, criou diversas comunidades, escreveu cartas e plantou a mensagem do Evangelho nas principais cidades daquela época. Homem corajoso na fé e firme na esperança, Paulo de Tarso deu testemunho de Cristo a partir da sua própria vida. Foi dedicado e zeloso no judaísmo e da mesma forma, foi um cristão fervoroso e fiel a Cristo depois de seu chamado. Enfrentou dificuldades, perseguições dentro e fora da comunidade cristã, mas jamais desanimou e deixou de evangelizar.

Na 2ª leitura, ouvimos seu testemunho e consciência que lutou um bom combate, completou sua missão e guardou a sua fé. Como Pedro também Paulo percebeu que o mais importante é se deixar guiar pelo próprio Jesus que governa e conduz a sua Igreja. Animados por estes dois grandes homens da fé, peçamos a mesma coragem e perseverança para todos nós e para aqueles que nos guiam hoje à frente da Igreja de Cristo.

 

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#Sínodo: Conheça os elementos essenciais de um sínodo arquidiocesano

O Papa Francisco insiste que a Igreja deve seguir o caminho da sinodalidade. Sínodo significa "caminhar juntos".

A sinodalidade é uma característica da Igreja, lembra aquilo que a Igreja é: mistério de comunhão com Deus e entre todos os seus membros (ovelhas e pastores); povo de Deus; corpo de Cristo. Na história da Igreja, a realização de um Sínodo é uma forma concreta, um meio, um instrumento para se viver na prática aquilo que a Igreja é: caminhar juntos, à luz da fé, discernindo os sinais dos tempos na história e vida do povo de Deus.

Elementos para a compreensão da sinodalidade:

a) Elementos de base:

Segundo Vaticano II, na vida do povo de Deus, pastores e cristãos leigos e leigas, cada qual com sua missão, são corresponsáveis pela missão da Igreja e, por isso, devem caminhar juntos.

- A comum dignidade de todos os fiéis, o sensus fidei e a corresponsabilidade eclesial: pelo batismo, na Igreja, todos tem a mesma dignidade de filhos e filhas de Deus; todos participam e guardam o sentido da fé e ajudam a discernir as estradas que o Senhor abre para a Igreja (sensus fidei), por isso TODOS são responsáveis (corresponsabilidade).

- Os diversos níveis de exercício da sinodalidade: na Igreja, o exercício da sinodalidade acontece através da vida das Igrejas Particulares (Dioceses), das Conferências Episcopais (Ex. CNBB), e da Igreja Universal.

- Papel dos pastores: Nossa Igreja é um corpo, no qual, o papel dos bispos e do papa é fundamental. Não somos uma simples associação de pessoas, muito menos um partido político. Por isso, sem a comunhão e o serviço da unidade exercido pelos pastores (dos bispos e do Papa) não há Igreja. Não há sinodalidade e nem realização de um sínodo sem os pastores da Igreja (na Diocese, o bispo diocesano). Pastores e ovelhas: caminhar juntos, sempre!

b) Elementos espirituais e atitudes sinodais:

- compromisso com a vontade de Deus: e o critério mais importante para a realização do Sínodo. Buscar que seja feita a vontade DELE para a vida da Igreja e não a “nossa” vontade.

- discernimento espiritual e pastoral: é preciso ter a realidade diante dos olhos e discernir os caminhos de Deus. Diante dos olhos deve estar: a realidade concreta da vida das pessoas e o bem da Igreja.

- ambiente de oração: A oração abre o coração para Deus e para a luz do seu Espírito que ilumina a vida da Igreja na sua história concreta.

c) Elementos formais (aquilo que concretamente é importante para a realização do Sínodo)

- Consulta ampla a todo o povo de Deus: o início do processo do sínodo se dá através da escuta das pessoas. “Uma Igreja Sinodal é uma Igreja da escuta”, diz o Papa Francisco. No Sínodo, diálogo e escuta são fundamentais e não podem faltar em todos os níveis. Por isso, nas bases é preciso favorecer a participação de todos no processo. Caminhar juntos!

- A missão sinodal dos pastores: Nas Dioceses, os bispos são os responsáveis por convocar, propor o tema e conduzir a realização do Sínodo. Após todo processo de consulta ao povo de Deus, cabe a eles a conclusão e as orientações finais, geralmente, sob a forma de um documento.

- O voto: Como o Sínodo se realiza por meio do diálogo e da escuta do Povo de Deus, para promover a participação de todos, utiliza-se do voto consultivo sobre aquilo que é refletido, para ajudar o Bispo nas decisões e encaminhamentos finais. No Sínodo, o voto não se trata de quem ganha ou perde, de quem decide ou não, muito menos do que se deva crer ou não, ele é um instrumento de discernimento sobre a vida e a missão da Igreja.

Conclusão

A sinodalidade e a realização de um Sínodo ajudam a Igreja a viver aquilo que é: mistério de comunhão e missão. Trata-se de uma forma privilegiada de fazer com que todos os cristãos sintam-se e sejam responsáveis pela vida e missão da Igreja. Somos Igreja, por isso somos sempre chamados a caminhar juntos!

 


Saiba o que é e como ajudar o "Óbolo de São Pedro"

No próximo domingo (4), quando a Igreja no Brasil celebra a Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, a coleta de todas as missas é destinada ao "Óbolo de São de Pedro". É a ajuda econômica que os fiéis oferecem ao Santo Padre, como sinal de adesão à solicitude do Sucessor de Pedro relativamente às múltiplas carências da Igreja universal e às obras de caridade em favor dos mais necessitados.

O Secretário Executivo de Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Patriky Samuel Batista, enviou uma carta a todas as dioceses aprofundando a reflexão sobre o Óbolo e o significado dessa ajuda.

"Graças às doações do Óbolo, o Papa pode oferecer ajuda às Dioceses mais pobres, aos institutos religiosos e aos fiéis em sérias dificuldades. Também pessoas necessitadas, crianças, doentes, marginalizados, vítimas de guerras e desastres naturais, refugiados e migrantes são ajudados por várias entidades que cuidam da caridade do Papa", explicou.

Confira a carta na íntegra

ÓBOLO DE SÃO PEDRO
A coleta para a Caridade do Papa

No Evangelho segundo São Mateus Jesus afirma que buscar o Reino de Deus e a sua justiça é a prioridade do coração que não serve a dois senhores. (Mt 6,33) Um coração que confia no amor do Pai que cuida de cada pessoa: “lançai sobre Ele toda a vossa preocupação, pois Ele cuida de vós.” (1Pd 5,7) Um cuidado integral também assumido pelos fiéis, que, no esforço em viver o mandamento do amor, a prática da caridade cristã conduz ao zelo pela salvação.

No que se refere à prática da caridade e da solidariedade cristã a igreja primitiva se organizou por diversas vezes motivando coletas em favor dos mais necessitados. A segunda carta de Paulo aos Coríntios nos dá um belo exemplo desta iniciativa. Recordando a generosidade de Cristo, o Apóstolo Paulo exorta à solicitude da comunidade em favor dos mais pobres como ocasião para provar a sinceridade do amor. (2 Cor 8,8)

Ao longo da história da igreja não faltam testemunhos e iniciativas de mobilização das comunidades empenhadas em socorrer os mais pobres e fragilizados. Sem sombra de dúvidas uma grande obra de caridade é o Óbolo de São Pedro. Também conhecida como coleta da caridade do Papa é uma ajuda financeira que os fiéis de todo mundo oferecem ao Santo Padre como sinal de adesão à solicitude do Sucessor de Pedro relativamente às múltiplas carências da Igreja e às obras de caridade em favor dos mais necessitados.

Sua origem remonta ao século VIII depois da conversão dos anglo-saxões, os quais se sentiram tão ligados ao Bispo de Roma que decidiram enviar, de maneira estável, um contributo anual ao Santo Padre. Esta coleta foi chamada Denarius Sancti Petri (Esmola para São Pedro) e se difundiu pelos demais países europeus. Em 5 de agosto de 1871, o Papa Pio IX a regularizou através da encíclica Saepe Venerabilis. Assim, o Óbolo de São Pedro é a expressão do cuidado de Deus desenvolvido pelo Santo Padre com a colaboração dos fiéis.

Graças às doações do Óbolo, o Papa pode oferecer ajuda às Dioceses mais pobres, aos institutos religiosos e aos fiéis em sérias dificuldades. Também pessoas necessitadas, crianças, doentes, marginalizados, vítimas de guerras e desastres naturais, refugiados e migrantes são ajudados por várias entidades que cuidam da caridade do Papa. A Igreja, Povo de Deus, é uma comunidade de pessoas conscientes de que o que os aproxima em torno do Senhor é a comunhão entre eles. Essa comunhão se manifesta, entre outros aspectos, através da solidariedade para com os mais necessitados.

Como bem nos recorda o Papa Francisco: “A fé em Jesus nos permite realizar as obras de Deus. Se nos permitirmos envolver-nos nesta relação de amor e confiança com Jesus, poderemos realizar boas obras que perfumam o Evangelho, para o bem e as necessidades dos nossos irmãos e irmãs.”

A coleta do Óbolo de São Pedro acontece todos os anos no domingo da celebração da solenidade de São Pedro e São Paulo. Neste dia, por decisão da 7a Assembleia Geral Ordinária da CNBB, em todas as Igrejas, oratórios, mesmo dos mosteiros, conventos e colégios, comemora-se o dia do Papa, com pregações e orações que traduzam amor, veneração, respeito e obediência ao vigário de Cristo e com ofertas para o óbolo de São Pedro. O resultado da coleta deve ser encaminhado integralmente à cúria de cada Diocese, que por sua vez enviará à Nunciatura Apostólica.

Em 2020, devido à emergência sanitária causada pelo coronavírus, o Papa Francisco transferiu a coleta para o dia 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis. Este ano, ainda que continuemos em pandemia, a data para a coleta permanece na celebração dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, ou seja, no próximo dia 4 de julho de 2021.

Para maiores informações sobre o óbolo, bem como o acompanhamento da destinação dos recursos arrecadados, acesse o site https://www.obolodisanpietro.va/it.html. Participando de forma consciente e ativa contribuímos com a caridade do Papa ao mesmo tempo em que nos comprometemos a ver, compadecer e cuidar daqueles que estão ao nosso lado, sobretudo os mais afetados pela pandemia da covid 19. “Quem não pode doar um pouco de si, sempre doa muito pouco.” (Bento XVI)

Pe. Patriky Samuel Batista
Secretário executivo de Campanhas da CNBB

 


#Reflexão: 13º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 27 de junho)

A Igreja celebra neste domingo (27), o 13º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura - Sb 1,13-15;2,23-24

Salmo - Sl 29,2.4.5-6.11.12a.13b (R.2a.4b)

2ª Leitura - 2Cor 8,7.9.13-15

Evangelho - Mc 5,21-43

TESTEMUNHO PÚBLICO DA FÉ EM JESUS CRISTO

No Evangelho deste domingo ouvimos duas histórias de sofrimento, doença e morte. Jesus também se posiciona sobre esta realidade humana que todos nós conhecemos.

Jesus se encontrava cercado por muitas pessoas e cada uma com interesses pessoais em relação a Cristo. Aproxima-se alguém importante no mundo dos judeus (chefe da sinagoga), mas se sente impotente e se joga aos pés de Jesus somente com seu coração de pai, dilacerado pela doença da filha que estava à beira da morte. Seu gesto público revela imediatamente a Jesus sua fé e desespero. Era a última esperança para curar e salvar a filha. Jesus estava ensinando, como sempre fazia, deixa tudo, nada diz e se coloca como discípulo, seguindo um pai em agonia por sua filha. Mesmo cercado por muitos, Jesus se ocupou da tragédia de uma família.

No meio de muitos outros dramas, uma mulher também sofre em silêncio. É um mundo ocupado somente por seus pensamentos. Com a perda de sangue, ela deveria permanecer longe das pessoas, mas resolve romper com as tradições desumanas. Sente-se abandonada por todos. Mas, tinha ouvido falar de Jesus (como Jairo, chefe da sinagoga). Jogou toda sua esperança em um simples gesto. Não queria nada mais, nem atenção ou palavra. Sua doença impunha a ela um isolamento e marginalização. Não podia tocar ninguém e nem ser tocada, nem por seus próprios familiares. Ela se arrisca com o perigo de ser descoberta, por isso, se coloca atrás de Jesus: não lhe pede nada, nem que se desvie do seu caminho. É uma grande fé que bastava um simples ato não de Deus, mas dela própria para acontecer o milagre que pode mudar sua vida.

A fé da mulher era imensa. Jesus sente como se alguém lhe tivesse “roubado” algo. Por isso, Ele quis conhecer e tornar público algo que tinha aconteceu no mais profundo do coração daquela mulher. Jesus quis ver o rosto de quem pediu tão pouco. Ele queria estabelecer uma comunhão plena com aquela mulher que aproximou Dele com toda humildade que possuía. Ela tocou o Mestre e Ele foi tocado pela sua fé.

Temos o primeiro toque do Evangelho. A mulher toca Cristo e ao invés de torná-lo impuro conforme a religião da época, Jesus lhe purifica e cura. Muitos naquele momento tocaram Jesus, mas talvez a maioria o fez como gesto meio mágico e supersticioso, sem uma fé em Jesus, mas sim em seu poder. Mas, o toque da mulher foi diferente, pois era pleno de fé em Jesus.

A fé da multidão era centrada no milagre, no show que queriam ver. Uma fé sem compromisso e sem responsabilidade. Muitos tocaram Jesus, mas somente ela foi curada. Sua fé não estava baseada no espetáculo, nem no mágico que o povo procurava, mas no mais profundo do seu coração.

"Quem me tocou?" Jesus não procurava uma pessoa que havia lhe tocado, mas a que tocou com fé profunda. Jesus sabia quem era a pessoa, mas queria que ela saísse do anonimato e da marginalização em que se encontrava. A mulher não precisava mais ficar com medo e escondida, pois tinha encontrado não somente a cura, mas a salvação. As palavras de Jesus são cheias de carinho e acolhida.

Em relação à mulher curada, temos em oposição aqueles que estavam tão próximos, mas vivendo em uma superficialidade das coisas: os discípulos. Com certa ironia, questionam o desejo do Mestre em querer saber quem Lhe tinha tocado. Coitados! Veem somente o movimento e a agitação e não a sensibilidade dos simples. Mesmo curada com uma forma tão simples, ela temia alguma reação de punição, pois a religião da época lhe tinha afirmado que a sua doença a distanciava de todos e até mesmo de Deus. Mas, ela se antecipa e se revela, bem como o motivo do seu ato. Jesus ajudou aquela mulher a publicamente manifestar sua fé.

Tudo ainda estava acontecendo ao redor da alegria e da vida que tinha recebido um brilho especial por parte de Jesus quando todos são abatidos com a notícia da morte da filha de Jairo. Diante da morte da menina, recomendam ao chefe da sinagoga de abandonar o Mestre, pois a morte teve a sua última palavra.

Jesus reforça o principal: não ter medo, mas ter fé (pergunta que Jesus fez aos discípulos domingo passado). Era necessário confiar além da morte, além das últimas esperanças humanas. Chegando em sua casa, expulsa aqueles que não fazem parte da família. Une o pai e a mãe da criança (refaz o círculo familiar), chama seus discípulos mais próximos para fazerem juntos uma experiência de vida plena. Eles sobem onde a menina estava.

Entram no quarto onde imperava a morte, na escuridão da nossa realidade final. Gesto significativo que Ele fará no final de sua vida: Entra na morada da morte, pois para lá vão todos que Ele ama. Fará isto para estar conosco, após o final de nossa vida, para assim, sermos com Ele e como Ele.

Jesus toca um morto (algo que era proibido) para expressar e testemunhar o que fará com todos que colocam sua confiança Nele. Neste segundo toque, temos a palavra de vida nova após nossa vida aqui no mundo: Levanta-te! Uma mão que prende pela mão. Deus nunca quis a morte, mas com Jesus transformou tudo em uma passagem, onde Ele próprio nos pega pela mão para nos conduzir nesta última viagem.

Conceda-nos, Senhor, uma fé viva capaz de enfrentar a indiferentismo e o conformismo diante da morte; Uma esperança viva capaz de perseverar sempre no amor que vence até mesmo a morte!

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