Informações sobre velório e sepultamento do monsenhor João Faria

Aos 88 anos, monsenhor João Aparecido de Faria faleceu ontem (13), no seminário arquidiocesano de Pouso Alegre (MG). Seu corpo será velado e sepultado em Paraisópolis (MG), sua terra natal.

 

Às 20h26 de ontem (13), monsenhor João Aparecido de Faria morreu no seminário arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora, em Pouso Alegre. Há 3 meses passava por enfermidade e recebia atendimentos de saúde em seu apartamento.

Monsenhor João nasceu no dia 12 de outubro de 1933, em Paraisópolis, no bairro Lagoa. Num total de 13 de filhos, era o primogênito de Antônio Pereira de Faria Sobrinho e Maria Lopes de Faria.

Foi ordenado presbítero, em Paraisópolis, no dia 14 de dezembro de 1958, por dom Oscar de Oliveira. Como padre, monsenhor João Faria trabalhou em Jacutinga, Conceição dos Ouros, Pouso Alegre, Paraisópolis, Taubaté, Sapucaí Mirim e Caldas. Na arquidiocese, desempenhou atividades pastorais em paróquias, no seminário e no hospital Samuel Libânio. Participou de conselhos arquidiocesanos e assessorou espiritualmente casais, em “Equipes de Nossa Senhora”. Desde 2008, vivia como padre emérito e residia no seminário arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora. Desde 2020, era confessor dos seminaristas da arquidiocese.

Seu corpo será velado, hoje (14), em Pouso Alegre, na paróquia São José Operário, no bairro São Carlos. Às 9h30 e 11h, missas serão rezadas nessa paróquia.

Na tarde de hoje, seu corpo será levado para Paraisópolis. Às 16h, na igreja matriz São José, com a presença de dom José Luiz Majella Delgado, arcebispo metropolitano, será celebrada missa exequial. Em seguida a missa, o corpo do monsenhor João Faria será sepultado no cemitério municipal.

 

Texto: padre Thiago de Oliveira Raymundo
Foto: padre Rodrigo Carneiro Paiva Mendes

 

A imagem destacada da notícia traz monsenhor João Aparecido de Faria e monsenhor José Carneiro Pinto, no dia 21 de outubro de 2021. Nesse dia, monsenhor José Carneiro foi homenageado pela arquidiocese de Pouso Alegre, por ocasião da celebração dos seus 100 anos de nascimento. Os dois monsenhores são os padres do clero arquidiocesano falecidos recentemente. Monsenhor José Carneiro Pinto faleceu no dia 21 de julho de 2022.


Monsenhor João Faria falece em Pouso Alegre

Monsenhor João Aparecido de Faria faleceu na noite de hoje (13), no seminário arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora, em Pouso Alegre (MG). Chancelaria emite nota sobre o falecimento. Confira o comunicado oficial na íntegra.

 

"Os que fizeram o bem, ressuscitarão para a Vida" (Jo 5,28)

Nascido em Paraisópolis (MG), no bairro Lagoa, aos 12 de outubro de 1933, descansou no Senhor aos 13 de setembro de 2022, às 20h26, em seu leito no seminário arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora, em Pouso Alegre (MG), onde viveu os últimos anos de sua vida, desde 2007, e, há mais de três meses, recluso em seu apartamento, veio a conviver com a fase da manifestação de doença.

Numa irmandade de 13 filhos, era o primogênito do casal Antônio Pereira de Faria Sobrinho e de Maria Lopes de Faria, tendo sido batizado por monsenhor Dutra.

Monsenhor João Faria, inicia os seus estudos no seminário diocesano Nossa Senhora Auxiliadora em Pouso Alegre (atual prédio da Escola Estadual, ao lado da residência episcopal) de 15/04/1947 até 31/12/1951. Depois, em Mariana (MG), fez os seus estudos de Filosofia e Teologia de 01/03/1953 até final de 1958. Recebeu a tonsura em 08/12/1955 e as ordens menores em 08/12/1956, tendo sua iniciação clerical aos 08/12/1957 com o subdiaconato e o seu diaconato aos 06/01/1958. A sua ordenação presbiteral aconteceu em Paraisópolis, tendo sido ordenado pelas mãos de dom Oscar de Oliveira aos 14/12/1958.

O “Faria”, com outros de seus colegas de turma de nossa arquidiocese (Natalino, Nogara, Poggetto, Vicente, Benedito, Otávio, Lobinho e José Amaury) compunham o conhecido grupo de padres “GS-58” (Grupo Sacerdotal dos ordenados naquele dezembro de 1958), marcado pela bonita amizade e pelos fraternos encontros anuais, tendo entre eles padres de outras dioceses. De nossa arquidiocese, o “Faria” era o último desse grupo que vivia entre nós, até essa data de sua Páscoa. Com a sua morte encerra-se, também, a geração dos padres que foram ordenados por dom Oscar de Oliveira, em nossa Igreja Particular de Pouso Alegre.

Deixa-nos um belo testemunho de serviço na escuta paciente no confessionário, de fidelidade às orações, de presença nas equipes de Nossa Senhora que conduziu como sacerdote conselheiro e de obediência sacerdotal. Um extenso legado ministerial realizando diversos ofícios na Igreja de Pouso Alegre: vigário cooperador em Jacutinga (MG) (01/01/1959); pároco de Conceição dos Ouros (MG) (28/12/1960); diretor da OVS (Obra das Vocações Sacerdotais) (29/01/1968); vigário cooperador da Catedral (03/12/1971); cônego catedrático (03/12/1974); pároco de Paraisópolis, sua terra natal (07/01/1977); primeiro reitor do Convívio Teológico São José em Taubaté (SP) (31/01/1981) e vigário ecônomo de Sapucaí Mirim (MG) (23/02/1981); pároco em Nossa Senhora de Fátima em Pouso Alegre (28/01/1983); membro do Conselho Presbiteral (1984 a 1989); membro do Conselho de Formadores do Seminário (1990); pároco em São José Operário em Pouso Alegre (02/01/1994); vigário paroquial em Caldas (MG) (13/02/1998); vigário paroquial na Catedral (01/02/2000); capelão do Hospital Regional Samuel Libânio, em Pouso Alegre (05/02/2007); emérito aos 18/04/2008 e, depois, foi nomeado confessor dos seminaristas do seminário arquidiocesano aos 19 de março de 2020.

Com sentimentos de enorme perda e profunda tristeza pela morte deste nosso irmão no sacerdócio, cumprimos o dever de comunicar seu decesso, pedindo ao Bom Jesus que o receba no Paraíso, ele que de Paraisópolis saiu para servir receba, agora, a recompensa dos justos e a coroa dos que foram, nesta terra, ornados com o dom do sacerdócio.

Crendo na Ressurreição, porque Ele disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá” (Jo 11, 25), apresentamos aos familiares, aos seus ex-paroquianos e, em especial, aos seminaristas e padres formadores do seminário arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora a solidariedade cristã e as preces pelo seu sufrágio e o consolo de todos nós, entristecidos por tão lamentável perda.

 

Chancelaria do Arcebispado, 13 setembro de 2022.


Amazônia, eleições gerais de 2022 e nosso dia a dia

“Visto que tudo está intimamente relacionado e que os problemas atuais requerem um olhar que tenha em conta todos os aspectos da crise mundial, proponho que nos detenhamos agora a refletir sobre os diferentes elementos de uma ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais” (Papa Francisco, Laudato Si’, n. 137).

 

Eu morei cinco anos na Amazônia legal quando fiz uma experiência missionária na prelazia de São Félix do Araguaia (MT). Vivi aquele tempo precisamente em Canabrava do Norte nos anos de 2011 a 2015. Embora a região da prelazia seja chamada de Vale do Araguaia ou de Vale dos Esquecidos, como o denominou Pedro Casaldáliga, situa-se entre dois grandes rios, o Araguaia e o Xingu. Possui uma vegetação rica, pois é a área de transição entre os biomas do cerrado e da Amazônia. No fundo da casa onde residi, numa pequena chácara, ainda resta um bosque de floresta Amazônica. As árvores de grande porte e o frescor em meio ao escaldante calor da região impressionam.

Recentemente, passei uns dez dias na região amazônica, fazendo formação em Fé e Política, conversando precisamente sobre o projeto Encantar a Política. Aliás, o quarto capítulo do Caderno Encantar a Política trata da Amazônia. Primeiro, passei quase uma semana na região em que se forma o imenso rio Amazonas, chamado de rio Mar. Hospedei-me no seminário São José, em Manaus (AM), e pude visitar também Itacoatiara (AM), para onde fui em uma viagem de ônibus de seis horas. O espaço do seminário é belíssimo e preserva muito do que é a Amazônia: bem arborizado e as construções remetem ao mundo da floresta. Fiz um passeio de barco pelo rio Amazonas com uma entrada na floresta, numa área alagada e passei pelo “Encontro das Águas”. É maravilhoso ver que as águas barrentas do rio Solimões correrem lado a lado com as águas escuras do rio Negro por longos nove quilômetros sem se misturarem. Na floresta, pude ver uma sumaúma de trezentos anos (uma das maiores árvores do mundo que vive mais de setecentos anos). Enorme, imponente, suas raízes buscam água no subsolo e jorra na natureza pela respiração de folhagem abundante. Uma volta pelo centro de Manaus é suficiente para conhecer a riqueza que a Amazônia oferece. É uma enorme diversidade de cores, odores e sons típicos da região: frutas, sementes, peixes, entre outros. Colorido igual se vê nos artesanatos indígenas pela cidade. Os rostos nas ruas evidenciam grande quantidade e os diferentes povos indígenas. No território da Amazônia, são, ao todo, cento e sessenta etnias conhecidas.

Depois fui a Itaituba, no coração do estado do Pará, e daí segui noutra viagem de ônibus de nove horas para Santarém (PA), onde pequei o voo de retorno a Brasília (DF). Ambas as cidades estão às margens do rio Tapajós. Amazonas e Tapajós são rios muito grandes, com grande volume de águas e navegáveis. Repletos de grandes embarcações, quase não se avista a outra margem. A Amazônia é um dos biomas mais ricos do mundo. Nele, há vida em quantidade.

Essa entrada pelo território amazônico mostra que o papa Francisco tem razão: a Amazônia é sobretudo, vida! Vida de pessoas, culturas, animais, plantas, micro-organismos. A Amazônia guarda a maior biodiversidade do mundo. Porém, tudo isso está ameaçado. Francisco fala na encíclica Laudato Si’ que essa ameaça vem da ganância humana. Uma ganância suicida. A ciência prova que a Amazônia preservada é fundamental para a sobrevivência humana no planeta. Tanto a abundância de vida nela presente quanto sua influência no regime de chuvas em toda a América do Sul, o qual garante a produção de alimentos e o clima ameno, são de suma importância. No entanto, grandes grupos internacionais, com o apoio do governo brasileiro, querem esse patrimônio e essa riqueza imensurável no chão. Querem “passar a boiada”, ou seja: derrubar a floresta, não importa quanta vida há nela ou sua importância tenha para a vida no mundo. Querem derrubar a floresta para criar gado e plantar grãos. Na região do Mato Grosso em que morei, vi o ciclo do desmatamento se completar: derrubada da floresta para extrair a madeira, formação de pastos para o gado e, por fim, a chegada da lavoura. Aí, as últimas árvores são derrubadas. O resultado é o solo desertificado. Diferente do solo da Mata Atlântica, que conhecemos no sul de Minas, o qual é rico e a mata se recompõe rapidamente, o solo da Amazônia é pobre, composto praticamente de areia. Algumas vezes atolei o carro na areia. Além da agropecuária, o garimpo é outra ameaça à floresta e aos seus povos. O belíssimo e exuberante rio Tapajós tem em suas águas imensas quantidades de mercúrio usado nos garimpos clandestinos. As populações ribeirinhas, que dele tiram os peixes que a alimentam, vão sendo contaminadas dia após dia. Esses grupos gananciosos não consideram a imensidão da vida que há na Amazônia e sequer o fato de que a floresta em pé rende mais que derrubada. Uma castanheira, por exemplo, que produz a castanha do Pará ou castanha do Brasil, vendida a preço alto nos mercados do sudeste do Brasil e no mundo inteiro, dá muito mais dinheiro que as poucas cabeças de gado que possam pastar no mesmo espaço ou os cereais que aí possam ser cultivados.

Por isso, olhando para o futuro, precisamos nestas eleições escolher candidatas e candidatos que se comprometam com o meio ambiente, sobretudo a Amazônia, e que sejam filiados a partidos com comprometimento igual. Apostar na Amazônia e na conservação ambiental é garantir o futuro.

 

Confira imagens da Amazônia, enviadas por padre Paulo Adolfo Simões:


#Reflexão: 24º domingo do Tempo Comum (11 de setembro)

A Igreja celebra, no dia 11, o 24º domingo do tempo comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Ex 32,7-11.13-14

Salmo: 50(51),3-4.12-13.17.19 (R. Lc 15,18)
2ª Leitura: 1Tm 1,12-17 ou ou mais breve 15,1-10
Evangelho: Lc 15,1-32

Acesse aqui as leituras.

A MISERICÓRDIA QUE FAZ FESTA

            Após ouvir o Evangelho de Lucas deste domingo, compreendemos como ainda estamos longe da Misericórdia de Deus. Somos um pouco como uma ovelha desgarrada e uma moeda perdida, mas principalmente como os dois irmãos da terceira parábola. Jesus nos encanta, mais uma vez, nos revelando um Deus no papel de um pastor, de uma dona de casa e um pai de família.

Lucas introduz este trecho do Evangelho lembrando dois grupos fundamentais na vida de Jesus: de um lado os pecadores e os publicanos e de outro os fariseus e os escribas. Jesus acolhe a todos e procura semear o bem através de seu ensinamento. Para Cristo o que importa é a pessoa e não seus títulos ou rótulos. O primeiro grupo se aproxima e procura escutar (Jesus nada pede e exige deles). Escutar é a primeira atitude do discípulo, mas também do pecador arrependido. O segundo grupo não escuta, mas somente diz, ou melhor, murmura contra Jesus. Não tem ouvidos, mas somente palavras de crítica. No mundo dos fariseus e dos escribas sumiram as pessoas e ficaram somente as leis e as normas. Vivem e anunciam um Deus juiz e severo em relação aos pecadores.

            Para o grupo dos doutores e sábios, Jesus é um “tal que come com os pecadores”. Não querem nem pronunciar seu nome. A atitude de Jesus, certamente, estava causando um grande embaraço para os grandes da religião da época, pois o povo estava cada vez mais interessado em escutar Jesus e acolher seus ensinamentos. A observação dos opositores de Cristo assinala algo marcante na vida de Nosso Senhor: se colocar a mesa, neste caso, junto com os pecadores. É a forma mais profunda depois de escutar e acolher a palavra: cear juntos. Reunir-se para cear torna-se uma marca entre os cristãos (a Eucaristia). Jesus fica sabendo da crítica que lhe foi feita. Nosso Senhor não discute e nem polemiza, mas ensina com três belíssimas parábolas.

Jesus usa um esquema fenomenal para mostrar a beleza da misericórdia. Ele não faz propaganda de si e nem diretamente de Deus, mas revela como é bom perdoar, acolher e semear misericórdia. Os personagens principais (pastor, mulher e o pai) não são nomeados como sendo Deus por parte de Jesus, mas os fariseus e os escribas não poderiam deixar de concluir que este modo de agir não era compatível a uma pessoa comum, mas somente a uma pessoa cheia de amor. No fundo, Jesus questiona que “tipo de Deus” cada um possuía. O ensinamento de Jesus foi construído em um crescente de valor e significado. As duas primeiras parábolas retratam situações do cotidiano, mas com uma originalidade que provavelmente espantou a todos.

A parábola da ovelha inicia com uma pergunta que provavelmente todos devem ter respondido negativamente. Quem é que deixa 99 ovelhas e sai à procura de uma ovelha perdida? Ninguém faz isto! Mas, Jesus insiste que há “um pastor” que costuma faz assim. Cada ovelha é importante e por isto, quando uma se perde, a paixão pela ovelha desgarrada faz com que aja com coração e não com a razão. Na parábola de Lucas, todos se encontram no deserto (lugar de inúmeros perigos) e o pastor deixa todas as outras para sair à procura da ovelha perdida e não descansa até encontrá-la. Quando a encontra, não lhe pune e nem faz “sermão”. Carrega sobre seus ombros para que não se canse na viagem de retorno. Em casa, a alegria é tamanha que faz festa com os amigos e vizinhos. Nenhum pastor fazia como na parábola, a única conclusão é que somente Deus é capaz de sair à procura da ovelha perdida e ao mesmo tempo manter as 99 em proteção.

Jesus insiste no mesmo princípio, conduzindo a todos para dentro de uma casa e no dia a dia de uma mulher que é atarefada em seus afazeres domésticos. Ao perceber a ausência de uma moeda, acende uma lamparina (a moedinha poderia reluzir com a claridade), revira tudo em casa, desorganiza o que está arrumado até achar a pequena moeda. Para se encontrar o que está perdido, a dona de casa abandona tudo e rompa a ordem das coisas até encontrá-la. Como antes, tudo culmina na alegria e na festa com outras pessoas.

Nestas duas parábolas a atitude é a mesma: procurar até achar. O pastor não tem interesse em saber o motivo que levou a ovelha a se perder; o mais importante é reconduzi-la ao convívio comum com as outras ovelhas e sob a sua tutela. A mulher não despreza o valor da pequena moeda (servia para pagar um dia de trabalho), mas procura até achar.

            A terceira parábola é um convite a entrar realmente no mundo da misericórdia. Desta vez, são dois filhos ao mesmo tempo distantes e tão próximos em muitos particulares. O filho mais novo convivia com todos, mas seu coração e seus sonhos estavam longe. Quando pede sua parte na herança, ele já tinha abandonado todos para seguir seus projetos pessoais. Ao deixar a casa da família, abandona tudo que lhe era importante. No início desta parábola temos o silêncio respeitoso do Pai que nada exige, não lhe impõe condições, não procura lembrá-lo dos diversos riscos. O filho ao desprezar sua presença e pedindo sua parte da herança, decreta já a morte do pai (a uma herança somente é repartida com a morte do pai). É um silêncio de respeito e dor do pai que vê seu filho sonhar um futuro onde ele e todos de sua família não faziam parte. Diferentemente das outras parábolas, este Pai não sai à procura do filho. Ele não está perdido (desorientado), ele sabe o caminho de volta; ele não se perdeu no caminho, escolheu uma estrada desprezando todo o seu presente e passado.

Longe de casa, o filho mais novo experimenta tudo que o mundo pode oferecer, mas como são coisas materiais e prazeres de momento, tudo acaba e ele termina em uma situação mais baixa que alguém poderia chegar. Tudo começou a mudar quando percebeu que “ninguém lhe dava importância”. A perda maior não foi no campo material, mas na dignidade humana: valia menos que os porcos. Ele se lembra de sua casa e o arrependimento (início da conversão) começa com a saudade dos “pães em abundância” que até os servos na casa de seu pai comiam. O caçula não se lembrou do Pai que deixou com o coração arrebentado e certamente chorando quando partiu. Deseja voltar para poder alimentar-se, pelo menos, como os servos de seu Pai. E para tanto, ensaia um discurso.

O Pai esperava o retorno do filho. Esperava o seu mínimo desejo de voltar para a família. Ao ver o filho no horizonte, o Pai lhe sai ao encontro. O filho aprontou e fez tudo de errado: gastou tudo que tinha, estava sujo fedendo porcos, sem nada e sem dignidade, mas para o Pai o simples gesto do retorno já foi suficiente. Com um abraço, o Pai encerra o passado e resgata o filho; Com um beijo sepulta suas palavras ligadas ao passado; E com uma nova roupa, sandálias e o anel lhe restitui a dignidade de filho e pessoa. E tudo se encerra com uma festa e com um grande banquete em família.

            Entra em cena o filho mais velho. Ele permaneceu com o Pai e fazia tudo que ele pedia, mas se revela tão distante do Pai cheio de Misericórdia quanto o irmão mais novo e descabeçado. O filho mais velho enxerga seu pai como um patrão e como um senhor. Não tem coragem de lhe pedir nem um cabrito para festejar com os amigos (também ele tem seus desejos, mas sem o pai e a família). O filho mais velho ficou fora da casa (como o mais novo) cheio de raiva. Mas, o Pai é cheio de amor para com todos os filhos. Todos são importantes e lhes oferece o mesmo acesso ilimitado a sua misericórdia. O Pai também sai para se encontrar com o filho-teimoso que ficou fora de casa e não queria festejar com todos.

É muito marcante nas três parábolas a alegria e a festa. Mesmo em se tratando de coisas simples (ovelha e a moeda) tudo termina em festa. Com Deus é sempre assim: Ele nos surpreende com seu amor, mas muito maior com a festa que faz quando somos resgatados. Na terceira parábola tudo se transforma em um grande banquete e muita alegria. A felicidade em Deus jamais é egoísta e exclusiva (como no caso dos dois filhos), ela é sempre comunitária, envolve e se espalha por todos que possuem o mesmo sentimento.

Podemos imaginar o desconcerto que as parábolas devem ter causado nos fariseus e nos escribas que diante dos personagens nas parábolas que se alegram com coisas simples (ovelha e moeda) e um Pai que não pune e nem castiga, mas faz festa com o retorno do filho perdido, eles devem ter percebido como estavam distantes da Misericórdia (Deus) e da alegria (sentido da vida). Para eles, a vida tinha se tornado um mar de leis e um mundo frio de normas. Assim, longe do amor de Deus, as pessoas perdem não somente o sentido da vida, mas também a alegria de viver.

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Santa Teresa de Calcutá

Nesta semana, no dia 5 de setembro, a Igreja celebrou a memória de Santa Teresa de Calcutá.

Em 04 de setembro de 2016, Madre Teresa de Calcutá foi declarada santa. A canonização foi na Praça São Pedro, fortemente desejada pelo Papa Francisco para concluir o Jubileu da Misericórdia. Recordemos algumas etapas da vida da “irmã dos últimos”:

“Madre Teresa […] inclinou-se sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera […]. A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres […] Parece-me que, talvez, teremos um pouco de dificuldade de chamá-la de Santa Teresa: a sua santidade é tão próxima de nós, tão tenra e fecunda, que espontaneamente continuaremos a chamá-la de ‘Madre Teresa’”. Com estas palavras, Papa Francisco recordava Madre Teresa, por ocasião da sua canonização em 04 de setembro de 2016.

Nascida em Skopje, hoje Macedônia, no dia 26 de agosto de 1910, em uma família albanesa originária de Kosovo, Agnes Gonxha Bojaxhiu decidiu ser uma irmã religiosa aos 18 anos e entrou na ordem das Irmãs de Loreto, na qual recebeu o nome de irmã Mary Teresa, em homenagem a Santa Teresa de Lisieux.

Em 1946, Madre Teresa recebeu a “chamada no chamado” que a levou a fundar, quatro anos depois, a comunidade religiosa das Missionárias da Caridade, reconhecida oficialmente na Arquidiocese de Calcutá. Hoje, as Missionárias da Caridade, ou simplesmente as Irmãs de Madre Teresa, como são comumente chamadas, são cerca de seis mil no mundo e estão presentes em 130 países.

Em 1948, a pequena irmã do sorriso iluminado vestiu pela primeira vez o sari branco bordado de azul e saiu do convento para as periferias degradadas de Calcutá, para se dedicar para sempre aos mais pobres. Madre Teresa saía sempre com o terço nas mãos, para buscar e servir a Ele naqueles que “não são desejados, não são amados, não são cuidados”. Alguns meses depois, uniram-se a ela, uma depois da outra, algumas de suas ex-alunas.

Depois que o Papa Paulo VI deu a concessão para que as atividades das Missionárias da Caridade se espalhassem para fora da Índia, a popularidade da pequena irmã, com uma fé firme como uma rocha, cresceu muito. Todos se lembravam dela como uma mulher pequena, delicada, com seu sari branco e azul, mas cuja grandeza conquistava o coração das pessoas no mundo inteiro, mesmo nos que não creem. Uma notoriedade que aumentou muito por causa de sua amizade com São João Paulo II.

O afeto e a admiração por Madre Teresa sempre ultrapassaram os limites da fé, e a sociedade civil concedeu-lhe o Prêmio Nobel da Paz em 1979, “pelo seu serviço pelos pobres e com os pobres”. Na ocasião, consciente de ter diante de si uma plateia mundial, a pequena irmã do sorriso iluminado usou seu discurso de agradecimento para lançar uma mensagem na qual falou do aborto. Célebre é a sua frase: “E se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo o seu próprio filho, como é que podemos dizer às outras pessoas para não se matarem?”.

De fato, Madre Teresa dedicou-se muito em favor da vida e contra o aborto. Um compromisso que durou toda a vida e que foi recordado por São João Paulo II na homilia por ocasião da sua beatificação: “Costumava dizer: ‘Se ouvirem que alguma mulher não deseja ter o seu filho e pretende abortar, procurem convencê-la a trazê-lo para mim. Eu o amarei, vendo nele o sinal do amor de Deus’”.

Menos de dois anos depois da sua morte, por causa da sua grande fama de santidade e das graças obtidas pela sua intercessão, São João Paulo II permitiu a abertura da Causa de Canonização. Em 19 de outubro de 2003, foi proclamada beata. “Estou pessoalmente grato a esta mulher corajosa, que senti sempre ao meu lado […] – afirmava, durante a homilia, São João Paulo II – Ia a toda a parte para servir Cristo nos mais pobres entre os pobres. Nem conflitos nem guerras conseguiam ser um impedimento para ela […]. Ela escolheu ser não apenas a mais pequena, mas a serva dos mais pequeninos […]. A sua grandeza reside na sua capacidade de doar sem calcular o custo, de se doar ‘até doer’. A sua vida foi uma vivência radical e uma proclamação audaciosa do Evangelho”.

Toda a vida e a obra de Madre Teresa oferecem testemunho da alegria de amar e do valor das pequenas coisas feitas com fidelidade e com amor. Ainda hoje, os sinais da sua presença são tangíveis através das suas obras que as Missionárias da Caridade levam adiante em todo o mundo.

Texto na íntegra: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2018-09/madre-teresa-santa-pobres-caridade.html

Oração de Santa Teresa de Calcutá

“Mantenha seus olhos puros para que Jesus possa olhar através deles. Mantenha sua língua pura para que Jesus possa falar por sua boca. Mantenha suas mãos puras para que Jesus possa trabalhar com suas mãos. Mantenha sua mente pura para que Jesus possa pensar seus pensamentos em sua mente. Mantenha seu coração puro para que Jesus possa amar com seu coração. Peça a Jesus para viver sua própria vida em você porque: Ele é a verdade da humildade; Ele é a luz da caridade; Ele é a vida da santidade.” (Fonte: Canção Nova)

 

Imagem: Vatican Media

 


Padres da arquidiocese participam de formação permanente

De 29 de agosto a 2 de setembro, padres da arquidiocese de Pouso Alegre (MG), representando o clero, participaram de formação para presbíteros promovida pelo Regional Leste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Cachoeira do Campo (MG).

 

O encontro reuniu padres das (arqui)dioceses do estado de Minas Gerais e outros convidados para formação permanente de presbíteros. Os padres José Luiz Faria Júnior, Heraldo José dos Reis e Sebastião Márcio Maciel representaram o clero da arquidiocese de Pouso Alegre no evento.

O tema refletido foi “A dimensão ética e moral no ministério”. A assessoria da formação foi realizada pelo padre José Rafael Solano Duran, mestre e doutor em Teologia Moral, pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar, pelo Pontifício Instituto João Paulo II. Nas suas reflexões, o assessor tratou do modo de ser e agir do presbítero.

Para o padre José Luiz Faria Júnior, vigário da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Pouso Alegre, o encontro foi importante por apresentar temas atuais relacionados à vivência do ministério presbiteral e proporcionar partilhas entre os participantes de diferentes (arqui)dioceses de Minas Gerais.

“Representar o clero da Arquidiocese de Pouso Alegre com o Pe. Heraldo e o Pe. Sebastião Márcio no Encontro de Formação promovido pelo Regional Leste II - MG, foi uma experiência muito gratificante e enriquecedora, diante do conteúdo e questionamentos apresentados pelo padre Rafael Solano, que, com o enfoque da moral e da ética, tratou de temas tão atuais da vivência do ministério, como a identidade presbiteral, a exaustão emocional, a vivência da afetividade e da sexualidade. Também destaco as partilhas sobre essas realidades realizadas pelos padres das diversas dioceses do regional, enriquecendo ainda mais o momento de formação. Vale ainda mencionar, o clima fraterno de convivência entre os participantes e os momentos de celebração e oração”, comentou padre José Luiz sobre a formação.

Segundo o padre Heraldo José dos Reis, coordenador da Pastoral Presbiteral na arquidiocese de Pouso Alegre e reitor do seminário Nossa Senhora Auxiliadora, o encontro ajudou a aprofundar a reflexão sobre a ética e a moral no ministério presbiteral, reconhecendo que a personalidade do presbítero é instrumento para Deus transmitir a sua graça.

“Foram dias de encontro com os irmãos padres, representantes das 28 dioceses do Regional Leste 2 e de outros convidados. Pe. Rafael Solano nos ajudou a aprofundar a temática da ética e moral no ministério presbiteral. Destaco o número de participantes e a brilhante assessoria. Nos dizeres do Pe. Rafael: ‘Cada um (sacerdote) é único e insubstituível. Deus não anula a personalidade do sacerdote, antes, a requer completamente, desejando servir-se dela – a graça, de fato, edifica a natureza – a fim de que o sacerdote possa transmitir as verdades mais profundas e preciosas, mediante as suas características, que Deus respeita e os outros devem respeitar’, destacou padre Heraldo.

Padre Sebastião Márcio Maciel, pároco da paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), o evento presbiteral do Regional Leste 2 da CNBB favoreceu a reflexão sobre desafios pastorais atuais, destacando a importância da misericórdia e a pastoral do cuidado. Para ele, o encontro foi uma oportunidade para fortalecer o seu chamado vocacional.

“Foi um momento importante para focarmos na formação permanente e na convivência com os demais padres. Tantos desafios atuais exigem de nós, padres, posturas misericordiosas e a necessidade de construir uma pastoral do cuidado. Foi para mim um reavivamento do dom do chamado de Deus a serviço do povo”, disse padre Sebastião.

O assessor do evento, padre José Rafael, irá conduzir o próximo curso de atualização teológica para o clero da arquidiocese de Pouso Alegre, nos dias 25 e 26 de outubro.

 

Texto: padre Thiago de Oliveira Raymundo
Fotos: padre Cássio Wagner Alves Vieira/CNBB Leste 2

A imagem destacada da notícia traz os padres participantes da Formação Permanente para Presbíteros, em Cachoeira do Campo, nos dias 29 de agosto a 2 de setembro.

 

Seguem mais fotos do evento:


CNBB anuncia processo sinodal para elaboração de novas diretrizes de evangelização

De maneira sinodal, as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) serão construídas com a escuta realizada nas (arqui)dioceses para o Sínodo 2021-2023 e outras contribuições. Fiéis podem participar de modo virtual até 31 de julho de 2023.

 

A maneira sinodal de elaboração das futuras orientações para a evangelização no Brasil foi decidida pelos bispos reunidos na etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro, em Aparecida (SP).

Em carta, os bispos divulgaram que as novas diretrizes serão elaboradas em um processo sinodal até 2025. Em 2023, será feito um discernimento da escuta sinodal para o Sínodo 2021-2023, realizada nas (arqui)dioceses, e a inclusão de contribuições dos fiéis. Em 2024, será acolhido o documento final do Sínodo 2021-2023. Em 2025, será apresentada uma nova redação das DGAE.

Até o presente, vigoram na Igreja do Brasil as DGAE previstas para o quadriênio 2019-2023.

Com a escolha dos bispos na 59ª Assembleia Geral da CNBB para incorporar o processo de escuta e o resultado do Sínodo 2021-2023 nas futuras diretrizes, inicia-se um processo de elaboração das novas DGAE diferente do que foi realizado até o momento.

Após a 59ª Assembleia Geral da CNBB, começa agora um prolongamento da escuta do Povo de Deus. As sínteses das respostas do Sínodo sobre a sinodalidade apresentadas pelas (arqui)dioceses, as reflexões dos bispos e outras contribuições dos fiéis serão coletadas nesse processo.

Em 2023, será vivenciado um tempo de discernimento para compreender conceitos das DGAE, suas metodologias e indicações pastorais.

Fiéis e suas comunidades podem participar do processo de elaboração das futuras DGAE, por e-mail (temacentral@cnbb.org.br) até 31 de julho de 2023. As contribuições devem responder ao questionamento: Diante do atual contexto social e eclesial, o que devemos considerar na elaboração das próximas Diretrizes?

Em 2024, a Igreja no Brasil irá acolher e aprofundar as orientações conclusivas do Sínodo 2021-2023, em sintonia com as orientações para a celebração do Jubileu Ordinário de 2025.

No contexto desse jubileu, em 2025, na 62ª Assembleia Geral da CNBB, será apresentada a nova redação das DGAE, como fruto do processo de escuta realizado no Brasil para o Sínodo sobre a sinodalidade e outras contribuições. Com isso, a Igreja no Brasil reforçará o aspecto participativo na definição das futuras orientações para a ação evangelizadora.

 

Leia a carta dos bispos na íntegra.

 

Texto: padre Thiago de Oliveira Raymundo
Imagem: CNBB


Bispos realizam 59ª Assembleia Geral da CNBB em Aparecida

De 28 de agosto a 2 de setembro, 292 bispos realizaram a 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP). Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre (MG), participou do evento.

 

Depois de 3 anos e meio sem encontros presenciais, devido à pandemia por COVID-19, os bispos do Brasil se encontraram presencialmente para a segunda etapa da 59ª Assembleia Geral da CNBB.

O tema central da assembleia foi “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”, em sintonia o Sínodo 2021-2023, convocado pelo papa Francisco. A primeira parte aconteceu de forma virtual de 25 a 29 de abril.

Participaram do evento cardeais, arcebispos, bispos diocesanos e auxiliares, coadjutores, além dos bispos eméritos e representantes de organismos e pastorais da Igreja que são convidados. Apenas os bispos na ativa tiveram poder de voto. Atualmente, segundo dados da Secretaria Técnica da CNBB, a Igreja Católica no Brasil possui um total de 478 bispos, dos quais 321 estão na ativa e 157 são bispos eméritos.

Durante esses dias, os bispos participaram de celebrações no santuário nacional de Aparecida, reuniões e votações sobre 14 temas relacionados à evangelização e organização da Igreja no Brasil. Entre eles, se destacam: atualizações no estatuto da CNBB; revisão do missal romano; aprovação do documento 114, sobre a animação bíblica da pastoral, e definição dos critérios para a instituição do ministério de catequista.

Sobre a 59ª Assembleia Geral da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, destacou que a assembleia foi de grande relevância e importância para os bispos.

Voltamos ao Santuário Nacional de Aparecida para nos encontrarmos e vivermos aquilo que é o mais importante na Conferência dos Bispos do Brasil: a comunhão entre nós”, declarou, ontem (2), dom Walmor em coletiva de imprensa.

Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, participou do evento. Nos cinco dias de assembleia, além dos compromissos comuns dos bispos, o arcebispo se dedicou às atividades específicas da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia e do Regional Leste 2, dos quais faz parte. O Regional Leste 2 da CNBB compreende as (arqui)dioceses do estado de Minas Gerais.

Na noite de quinta (1º), aconteceu um momento especial para comemorar os 70 anos da CNBB. Uma memória da história da conferência, homenagens e agradecimentos foram realizados no santuário nacional com a participação de músicos, dançarinos, cantores e jornalistas. Além disso, vídeos de depoimentos de bispos e de outros colaboradores da CNBB foram apresentados.

Ao final da assembleia, os bispos divulgaram mensagem ao povo brasileiro sobre o momento atual. Para “falar ao coração de todos”, os bispos se dirigiram às mulheres e homens de boa vontade, destacando as exigências éticas da compaixão e da solidariedade. Eles ressaltaram também a promoção, o cuidado e a defesa da vida. Além disso, afirmaram o compromisso da Igreja com a família, a ecologia integral e o estado democrático de direito, temas intrinsecamente vinculados à missão apostólica.

Na mensagem, os pastores reconheceram que o Brasil é um país que passa por uma crise complexa e sistêmica. Dos problemas sociais brasileiros, eles destacaram a desigualdade social, os descuidos com a Terra, a violência, o desemprego, a falta de acesso à educação e a fome. Além disso, os bispos fizeram uma contundente defesa da democracia brasileira. Apontaram uma séria preocupação com a manipulação religiosa, as fake News e as tentativas de rupturas da ordem institucional, destacando a necessidade de um compromisso autêntico com o Evangelho e a verdade. Eles conclamaram toda a sociedade brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições 2022, escolhendo candidatos que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social e a defesa da vida, da família e da Casa Comum.

“Nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso não significa somente 'um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos (…) se não há um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade’ (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 407)”, escreveram os bispos.

Leia na íntegra a mensagem dos bispos ao povo brasileiro.

 

Texto: padre Thiago de Oliveira Raymundo
Foto: dom José Luiz Majella Delgado/Assessoria de Imprensa CNBB

A foto destacada da notícia traz os bispos participantes da segunda parte da 59ª Assembleia Geral da CNBB, no pátio do santuário nacional de Aparecida, no dia 2 de setembro de 2022.

 


#Reflexão: 23º domingo do Tempo Comum (04 de setembro)

A Igreja celebra, no dia 04, o 23º domingo do tempo comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Sb 9,13-18

Salmo: 89(90),3-4.5-6.12-13.14.17 (R. 1)
2ª Leitura: Fm 9b-10.12-17
Evangelho: Lc 14,25-33

Acesse aqui as leituras.

EXIGÊNCIAS PARA SEGUIR JESUS COMO DISCÍPULO

            O Evangelho deste domingo retrata a retomada do caminho de Jesus para Jerusalém. Domingo passado Jesus estava na casa de um fariseu ilustre e lá procurou ensinar a todos convidados como se comportar em relação aos primeiros lugares. Prosseguindo sua estrada, Ele procura ensinar agora a multidão.

Lucas nos informa que junto com o pequeno grupo de discípulos, uma multidão tinha se formado. Estavam próximos, mas para Jesus ainda não eram discípulos; buscavam algo junto a Ele (curas e milagres), mas não estavam interessados em fazer parte do mesmo grupo de discípulos. Jesus conhecia aquelas pessoas que O seguiam, por isto, lhes apresenta a condição para deixarem de “ser povo” e de se tornarem “discípulos”; deixarem se serem espectadores e passarem a compor o mesmo grupo de escolhidos de Jesus; deveriam abandonar a mentalidade de “receber algo” de Jesus (prodígios e milagres) para aprender a doar-se completamente. As palavras de Cristo são profundas e exigentes.

A primeira exigência de Jesus é chocante. Usando um recurso dos grandes mestre, Jesus propõe uma ideia que chama atenção de todos para em seguida explicar seu significado. A frase começa com uma proposta e não uma imposição: “Se alguém vier...” Não há obrigação, mas se alguém decide ir até Jesus, é chamado a fazer uma escolha radical, mas por outro lado, profundamente benéfica. A multidão seguia Jesus, mas cada um com suas necessidades e exigências pessoais; Cristo apresenta suas condições para que todos possam realmente receber muito mais que um benefício físico (cura) ou uma diversão (ver um milagre). Prossegue Jesus dizendo “Se alguém vier a mim e não odiar seu pai... sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. Não tem como não se surpreender com a condição fundamental “odiar”, colocada por Jesus.

            Lucas procura preservar a força da “expressão semita” (jeito do povo da Bíblia pensar: radical e sem meio termo). Este modo de pensar e de afirmar encontramos nos profetas e nos textos da Lei que proclamam que Deus deve receber todo o amor e não parte dele. Em outro trecho de Lucas, Jesus mesmo diz que não se pode servir a dois senhores: ou odiará um e amará outro, ou há de aderir a um e desprezará outro (cf. Lc 16,13). Mateus, ao retratar a mesma citação, faz uma adaptação que nos ajuda a entender melhor a expressão em Lucas. Diz o primeiro evangelista: “Quem ama seu pai e mãe, mais do que a mim, não é digno de mim...” (Mt 10,37). Na lista de Lucas são seis tipos de pessoas (pai, mãe, filhos...) mais a vida: sete é o número. Para ser discípulo de Jesus é precisa abandonar de forma radical todos e a própria vida para segui-Lo.

Este termo é comumente traduzido no Evangelho de Lucas por “amar menos” (ou ser capaz de rejeitar), seguindo a forma do Evangelho de Mateus: “Se alguém vier a mim e não ama menos seu pai...”. Parece traduzir melhor o que Jesus pretendia dizer, pois sabemos que Nosso Senhor não era contra a família. Ele viveu com os seus até iniciar sua vida pública; Maria, sua mãe, conviveu com Jesus e até o acompanhou como discípula. Quando perguntado sobre os Mandamentos, lembrou o quarto Mandamento (honrar os pais) como condição básica para a se salvar.

Em seguida, Jesus propõe a segunda condição, desta vez, para todos que aceitarem a primeira condição. Jesus afirma que é preciso: “Tomar a cruz e segui-Lo”. Cruz do compromisso vivido ao extremo até ao ponto de “desprezar a própria vida” para que todos tenham vida. A cruz nas palavras do Jesus é aquela que Ele abraçou e conduziu até o final de sua caminhada neste mundo. Sinal do amor extremo e total para salvação do mundo. Neste sentido, a cruz não tem nada a ver com sofrimento e dores (isto a vida se encarrega de nos dar). Não foram o sofrimento e a dor que salvaram o mundo, mas o amor vivido em sua máxima expressão.

            Duas condições fundamentais para seguir Jesus: amor maior e total a Cristo ao ponto de doar sua vida! Mas, para isto Jesus alerta que nada deve ser feito como algo somente para um momento da vida e sem convicção. É preciso medir suas consequências e meditar suas exigências. Por isto, Jesus conta duas parábolas que retratam a prudência e a seriedade para com as coisas da vida (construir uma torre e partir para uma guerra). Seguir Jesus vivendo as condições que Ele mesmo vivia, requer a mesma consciência e seriedade, mas de modo radical e total.

Jesus acrescenta a terceira exigência para “ser seu discípulo” (frase que repete três vezes ao final de cada condição): “Renunciar a tudo que lhe pertence”. O discípulo que Jesus deseja “atrás de si” (isto é, seguindo seus passos) é aquele que ama com toda intensidade o seu Mestre ao ponto de deixar todos e tudo em segundo plano; ser discípulo de Cristo é assumir seus passos e fazer a mesma caminhada vivendo o amor para com todos (e não somente para os familiares mais próximos), uma existência plenamente aberta para a promoção da vida de todos e não somente seus anseios pessoas; Uma vida de total doação e serviço que tem como sinal maior a própria cruz deixada por Cristo.

As exigências são duras e profundas, mas para amar o próximo  precisamos primeiro fazer a experiência do verdadeiro amor que é Jesus. Para receber o melhor, precisamos ser capazes que doar tudo primeiro. Para viver intensamente nossa vida, precisamos ser capazes que doá-la ao serviço do bem e da vida de todos. As exigências de Jesus nada mais são que o próprio estilo de vida que Ele mesmo viveu.

            São grandes mistérios que somente quem consegue fazer a experiência do amor de Deus consegue entender. O amor de Deus não é egoísta e discriminatório. Jesus é a fonte do amor e quem descobre esta água vida não se fecha em si ou somente com algumas pessoas, mas semeia amor na vida de todos com quem convive. Fazer a experiência de abraçar Jesus com todo seu amor, ao final, torna-se também fonte de amor para as outras pessoas. A pessoa que faz a experiência de amar Jesus em primeiro lugar e com toda sua vida, passa necessariamente para todos os outros o mesmo amor: familiares, amigos e todas as pessoas com quem tiver contato.

A lógica de Deus e do seu amor não segue os mesmos passos e caminhos que conhecemos (primeira leitura). Somos capazes que medir e afirmar sobre muitas coisas até mesmo muito distante de nós (universo), mas a experiência do amor conforme Jesus viveu e nos ensinou, somente ela completa nossa existência, pois mais do que satisfazer o nosso conhecimento, dá sentido a nossa vida. É preciso romper com a lógica do mundo como Paulo na segunda leitura convida seu amigo Filêmon a fazer com o seu “filho na fé” (Onésimo). Não tratá-lo com um escravo fugitivo, mas como um irmão na fé. Se o universo pode ser desbravado com o nosso conhecimento, somente o verdadeiro amor que tem sua origem em Deus pode dar sentido a tudo e a todas as coisas. Vivemos para amar intensamente Deus e nossos irmãos!

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Santo Agostinho: vida e testemunho

A Igreja celebra, no dia 28 de agosto, Santo Agostinho de Hipona, grande santo e doutor que, com sua vida, deixou um grande legado para a vida cristã. Ele nasceu em Tagaste, no norte da África, em 354, filho de Patrício (convertido) e da cristã Santa Mônica, a qual rezou durante 33 anos para a conversão de seu filho.

Agostinho tinha grande capacidade intelectual, buscou saciar seu coração e procurar suas respostas existentes tanto nas paixões do mundo como nas diversas correntes filosóficas, por isso tornou-se membro da “seita dos maniqueus”. Uma vida totalmente desencadeada em experiências mundanas, que fugiam totalmente de costumes e práticas cristãs. Ele tinha uma vida totalmente desencadeada em experiências mundanas, que fugiam totalmente de costumes e práticas cristãs.

Com a morte de seu pai, Agostinho aprofundou seus estudos, principalmente na arte da retórica. Por conseguinte, tornou-se professor em Milão, cidade na qual travou conhecimento com o Neoplatonismo. Ao mesmo tempo, ouvia regularmente os sermões do bispo Ambrósio, por meio dos quais percebia um catolicismo mais sublime do que o imaginado. Santo Ambrósio o ajudou na compreensão do Neoplatonismo em comparação com o Cristianismo em suas similaridades.

Um grande marco na vida de Agostinho foi a presença cristã e a fé de sua mãe Mônica, que incansavelmente rezou e pediu a Deus a conversão de seu filho. Não se pode descartar que o esforço e as orações dessa mãe conquistaram o coração de Deus, que, agindo paulatinamente na vida de Agostinho, através de textos, sermões e pregações cristãs, iniciou em sua vida um caminho de conversão e reconstrução.

Para descobrir mais sobre o caminho espiritual de conversão de Santo Agostinho, faz-se necessário debruçar sobre suas obras, principalmente sobre “Confissões”, que mostra um caminho, desde os afetos desordenados até a ordem do amor, em que se chega a Deus, não primordialmente por meio das práticas ascéticas, nem por uma ascensão intelectual, mas por um amor humano, voluntário e afetivo, unificado pelo Espírito Santo, que se converte em caridade: Ora et Labora, que São Bento adotou quase dois séculos depois em sua Regra.

Santo Agostinho, que entrou no Céu com 76 anos de idade (no ano 430), converteu-se com 33 anos, quando foi catequizado e batizado por Santo Ambrósio, no Sábado Santo de 387, com seu filho e alguns de seus amigos. Depois de perder sua mãe, voltou para a África, onde fundou uma comunidade cristã ocupada na oração, no estudo da Palavra e na caridade, até ser ordenado sacerdote e bispo de Hipona. Foi sábio, apologista e fecundo filósofo e teólogo da graça e da verdade.

A vida de Santo Agostinho é, sem dúvida, um grande exemplo e testemunho para nós cristãos de hoje. Assim como ele, somos humanos, frágeis e limitados, mas sua vida mostra para nós muito mais do que limitações: mostra-nos que a abertura à graça divina faz com que toda vida seja restaurada e transformada em uma vida mais santa e cristã.

Seu testemunho nos remete ao compromisso com Deus: um compromisso de amor e que mergulha o ser humano no mais profundo do coração divino, fazendo-o amado para também amar. Lancemo-nos no caminho de conversão que a vida de Santo Agostinho nos propõe e sejamos com ele santos através da experiência concreta com Deus, que é amor e misericórdia, repetindo as mesmas palavras que rezou em seus escritos:

“Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova. Tarde Te amei! Trinta anos estive longe de Deus, mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração. Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava. Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio.

Tu estavas dentro de mim e eu fora.

‘Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior’.

Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar, cada vez mais, d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava. Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo. Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e teu grito rompeu a minha surdez.

‘Fizeste-me entrar em mim mesmo. Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido. Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu estava’.

Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse: ‘Os ignorantes nos arrebatam o céu e nós; com toda a nossa ciência, nos debatemos em nossa carne’.

Assim me encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim mesmo quando deixaria de dizer ‘Amanhã, amanhã’. Foi então que escutei uma voz que vinha da casa vizinha. Uma voz que dizia: ‘Pega e lê. Pega e lê!’.”

 

Oração a Santo Agostinho

Ó excelso doutor da graça, Santo Agostinho. Tu que contaste as maravilhas do amor misericordioso operado em tua alma, ajuda-nos a confiar sempre e unicamente na ajuda divina. Ajuda-nos, ó grande Santo Agostinho, a encontrar a Deus “eterna verdade, verdadeira caridade, desejada eternidade”. Ensina-nos a crer e viver na graça, superando nossos erros e angústias. Acompanha-nos à vida eterna, para amar e louvar incessantemente ao Senhor. Amém! Santo Agostinho, rogai por nós.

 

Fontes:
https://santo.cancaonova.com/santo/santo-agostinho/
http://coracaodejesusemaria.blogspot.com/2017/06/a-espiritualidade-de-santo-agostinho-de.html
https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/oracao-de-santo-agostinho-apos-sua-conversao/

Imagem: Santo Agostinho de Hipona recebendo o Sagrado Coração de Jesus, de Philippe de Champaigne, século XVII.