#Reflexão: 20º domingo do Tempo Comum (14 de agosto)

A Igreja celebra, no dia 14, o 20º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Jr 38,4-6.8-10

Salmo: 39(40),2.3.4.18 (R. 14b)
2ª Leitura: Hb 12,1-4
Evangelho: Lc 12,49-53

Acesse aqui as leituras.

TESTEMUNHAR COM O FOGO DO AMOR DE DEUS

            Seguir a vontade de Deus não é uma realidade fácil e quase sempre não nos traz tranquilidade e paz, mas desafios que implicam renúncias. Anunciar a vontade de Deus incomoda àqueles que se opõe a Ele e que vivem na injustiça.

O profeta Jeremias experimentou muito bem este desafio. Procurando ser fiel à vontade de Deus, por isso, Jeremias acabou provocando a ira daqueles que tinham outros projetos para o povo de Deus. O país estava próximo de enfrentar uma grande invasão estrangeira e os funcionários do rei imaginavam que o melhor era se aliar a um grande país e se submeter a ele. O profeta procura alertar a todos sobre os riscos de tal pacto bem como procura indicar o melhor caminho para todos. Como porta-voz de Deus, Jeremias procura ser coerente com aquilo que Deus lhe falava e não conforme a vontade daqueles que sugeriam estranhas alianças e a guerra. Ser coerente a Deus, como o profeta, quase sempre implica sérios riscos e uma “guerra espiritual”. Os opositores do profeta vão além: procuram eliminá-lo.

Argumentam os funcionários do rei que Jeremias “não procura a felicidade, mas a desgraça para o povo”. A história se repete até os dias atuais. Muitos usam a “vontade popular” em uma “falsa maioria” para conseguir seus objetivos (“as pessoas dizem isto...”, “a maioria quer isto...”), mas na realidade são somente aquelas pessoas é que pensam e desejam algo para o povo realizar.  Jeremias convida o povo a permanecer fiel a Deus e a sua aliança. Como acontece até hoje, os inimigos dos projetos de Deus procuram eliminar aqueles que proclamam com palavras e vida a vontade de Deus. Jeremias sofreu muito e colocou em risco sua vida para cumprir sua missão. Mas, nada e ninguém impediram que ele - com decisão e coragem - anunciasse a Palavra de Deus para o seu povo.

No Evangelho deste domingo encontramos palavras e expressões que, se tomadas ao pé da letra, poderiam justificar qualquer tipo de violência em nome de Jesus. Mas, não é assim! Basta olhar a vida de Jesus para perceber que o sentido daquilo que disse é, certamente, outro. De fato, aqui temos um exemplo do risco de pegar uma leitura fora de contexto e interpretá-la no sentido literal, mas sem levar em consideração todo Evangelho e a vida de Cristo.

Jesus inicia falando que Ele veio “traz fogo a terra” e expressa seu desejo que tal fogo já tivesse sido acesso. “Fogo” é algo que expressa força e energia; ilumina, mas também queima; produz vida (usado para alimentação, iluminar nossas casas e ruas), mas também pode matar.  Ser discípulo de Cristo é incendiar o mundo com a mesma força, com a mesma vida e com a mesma determinação que o próprio Jesus viveu sua missão. Nosso Senhor expressa o seu desejo que este mesmo fogo que queimava em seu coração cheio de misericórdia já estivesse incendiando a vida das pessoas e do mundo. O Espírito Santo que foi derramado primeiro aos apóstolos e a todos nós no dia do Batismo é simbolizado como “línguas de fogo”. Mas, o próprio Jesus reconhece que tudo somente poderá acontecer após o seu Batismo, isto é, sua passagem da morte para a ressurreição.

As palavras seguintes são mais desconcertantes: “Não vim trazer paz, mas divisão”. Entendemos a sentido destas palavras quando olhamos aquilo que Jesus já tinha dito aos seus discípulos. Por duas vezes, Nosso Senhor convida quem quiser segui-Lo de “tomar sua cruz” (Lc 9,23; 14,27). O caminho que Jesus estava percorrendo e convida seus discípulos a percorrer também, não é de tranquilidade, isento de problemas e desafios, pelo contrário, é um caminho com cruz.

A fé em Cristo e a vida cristã não significam viver em mundo sem desafios e exigências. O cristão é chamado a uma “guerra espiritual” constante em sua vida, onde as batalhas são contra o mal e seus projetos. Olhando a vida de Jesus percebemos a constante batalha que Ele empreendeu para que o Reino de Deus tivesse suas raízes bem plantadas neste mundo. Uma guerra não feita de armas e morte de pessoas, mas com testemunho e muito amor ao próximo (como nos lembra a 2ª leitura). Segundo os evangelistas, Jesus não tinha tempo nem para repousar e nem para se alimentar, pois a “guerra” era exigente e constante. Ser cristão é encontrar-se na mesma estrada: promovendo batalhas com amor, usando as armas e a bandeira da paz.

Jeremias na primeira leitura é um exemplo de alguém que combate uma “guerra espiritual” contra aqueles que queriam uma guerra verdadeira. Estar do lado de Deus quase sempre provoca inimizades e forte oposição. Os projetos humanos nem sempre coincidem com aqueles expressos por Deus, por isto, os profetas do passado e do presente são perseguidos, sofrem todo tipo de calúnias e muitos são simplesmente eliminados.

No Evangelho, Jesus termina afirmando que muitos que escolherem serem discípulos Dele não terão a paz que o mundo promete, ao contrário encontrarão divisões em suas famílias. Hoje em dia, ser cristão não implica muitas mudanças e renúncias para uma pessoa, mas naquele tempo tudo era diferente. Um judeu que abandonasse a fé de seus pais era considerado um pagão por isto era até cancelado como herdeiro. Os primeiros cristãos vivenciaram plenamente a situação narrada por Jesus com divisões dentro de suas próprias casas: Pais se tornaram inimigos de seus filhos somente pelo fato de terem abraçado a fé cristã. Hoje as divisões ainda acontecem por causa da fé e até mesmo dentro de lares cristãos. Filhos que resolvem seguir sua vocação são ainda hoje desprezados ou criticados por seus pais; pais que procuram ensinar os valores cristãos para seus filhos são criticados e menosprezados etc.

Mas, o autor da carta aos Hebreus nos anima em nossa caminhada lembrando que são muitos que procuram testemunhar a fé. Somos sempre convidados a participar de uma corrida cujo ponto de partida e a chegada (como em uma olimpíada) é sempre Jesus que nos dá a verdadeira fé. Jesus em sua vida nos deixou o exemplo de uma vida inteiramente dedicada a uma guerra diferente onde as batalhas acontecem com as armas do amor, do perdão e da misericórdia. Este é o fogo que o mundo precisa ainda experimentar que “queima” tudo que destrói a humanidade, mas também “aquece” os corações de todos.

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Santa Dulce dos Pobres

Quando o Papa Francisco, em 2019, anunciava que Irmã Dulce era reconhecida santa pela Igreja, o povo brasileiro já a havia canonizado em seu coração.

“O que fazer para mudar o mundo? Amar. O amor pode, sim, mudar o mundo”, dizia Santa Dulce. E como amou, essa pequenina e grande mulher, Maria Rita de Souza Brito Lopes: a Santa Dulce dos Pobres! Amou com o amor de Deus, um amor de mãe! Sua fama de santidade já era cultivada ainda em vida, pela dedicação aos pobres. Seu coração não cabia em si, pois, desde tenra idade, aprendeu a acolher a todos. Mas os pobres eram seus preferidos: aqueles que faziam ecoar em sua boa alma tanto sofrimento pela falta de alimento, de roupa, de casa, de instrução, de trabalho e remédios.

A história de vida vivida e contada por Irmã Dulce é de profunda compaixão. Ela nasceu em 26 de maio de 1914, numa família que tinha o essencial para viver bem e era composta por pessoas zelosas e caridosas. Seu pai, doutor Augusto, grande humanista, era professor universitário e dentista. Ele percorria ladeiras e periferias de Salvador, com seu carro adaptado para atender aqueles que não podiam pagar o tratamento dentário, exemplo que Maria Rita ia aprendendo e desejando realizar. Sua mãe, Dulce, certamente se divertia com a menina brincalhona que gostava de jogar futebol, soltar pipa e tocar acordeon.

Maria Rita foi criada por seu pai com ajuda de três tias solteiras, pois tinha sete anos quando sua mãe faleceu. Muito cedo, aprendeu a ter um olhar para a vida, a “conhecer a realidade das pessoas que nada têm e que vivem em extrema pobreza”, como dizia sua tia Madaleninha. Tudo isso despertou Maria Rita à vida consagrada, para melhor servir a Deus e aos irmãos. Aos treze anos de idade, quis entrar para o convento, mas, pela pouca idade, não foi aceita. O tempo passou e, em 1933, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em São Cristóvão, Sergipe. Quando fez os votos, recebeu o nome de Irmã Dulce, em homenagem a sua mãe.

Regressando a Salvador, Bahia, um ano depois, atuou como professora em um colégio da congregação, mas seu desejo era mesmo trabalhar pelos pobres. Vivendo um amor perturbador, Irmã Dulce acreditava que “a miséria é falta de amor entre os homens”. Na Comunidade dos Alagados, um conjunto de casas de palafita, Irmã Dulce viveu a profundidade da compaixão: Deus estava ali, no rosto de cada irmão abandonado. Era uma realidade de um povo que sobrevivia sobre entulhos, e ela estendeu sua mão generosa aos sem rosto e sem esperança.

O caminho vivido por Irmã Dulce foi amoroso e muito exigente, regado de paciência, trabalho, críticas, muita luta para conseguir recursos com os mais abastados da sociedade e os políticos. Mas era fortalecido pela oração constante e frutuosa. Santo Antônio era o amigo com quem conversava. Ela o admirava por sua vida e pelos milagres alcançados de Deus, por sua intercessão. Irmã Dulce dormia rezando, sentada numa cadeira ao lado de sua cama. Era alimentada em silêncio, pela madrugada, em seus encontros com Deus, e assim pôde conduzir bravamente seu projeto de amor aos irmãos e irmãs carentes.

O encontro de Jesus com as irmãs Marta e Maria, na casa de Bethânia, ilumina nossa conversa! Irmã Dulce é Maria, que se senta aos pés de Jesus para dele ouvir a Palavra, a Boa Notícia do Evangelho do Amor misericordioso. É Marta, que oferece as mãos para acolher e acariciar as crianças, idosos e seus ‘doentinhos’. São os pés que caminham pela cidade de Salvador e saem dos muros do Convento, para encontrar sua gente e dar a ela o significado da “vida em abundância” desejada por Jesus, seu Amado.

O amor de Irmã Dulce foi disseminado, desde sempre, e hoje pulsa e continua presente. De um ‘galinheiro’ de dentro do convento nasce esse legado vivo, esse patrimônio de amor pelo menos favorecidos. As Obras Sociais de Irmã Dulce (OSID) são exemplo de ideal de fraternidade a nos inspirar. Elas nos fortalecem na certeza de que só um coração semeado com a semente da compaixão faz brotar a solidariedade!

O poema do Hino a Santa Dulce dos Pobres é o retrato de sua espiritualidade e das obras realizadas pelo amor a Deus e aos pobres:

Salve, Salve, Salve Santa Dulce do Amor / Veja, veja, veja os grandes feitos do Senhor

Santa Dulce tão querida e tão amada / Ontem e hoje tão venerada / Acolheu crianças, jovens, idosos e doentes / Entregues à divina caridade e à bondade.

Salve, Salve! Salve Santa Dulce do Amor / Veja, veja, veja os grandes feitos do Senhor

Santa Dulce andou tão feliz com o que fazia / Foi muito além daquilo que podia / Dulce, Dulce, Dulce tão querida do Senhor! Crestes no amor ao pobre – viveu o Evangelho com ardor.

Salve, Salve! Salve Irmã Dulce do Amor / Veja, veja, veja os grandes feitos do Senhor

O que é de Deus ficará no coração e na mente /Proclama esta canção para o mundo - em ação

Eternamente, / Dulce do Grande amor Viveu com os pequeninos, a mensagem do Senhor.

 

Referências bibliográficas:

DULCE NOTÍCIAS – Informativo interno das Obras Sociais Irmã Dulce, 2014.
REVISTA ECOANDO, São Paulo: Paulus, 2021, ano 19, n. 74, p. 30-31.
ROCHA, Graciliano. Irmã Dulce, a Santa dos Pobres. São Paulo: Planeta, 2019.

Imagem destacada da notícia: Vatican Media.

 


Palácio episcopal: 100 anos acolhendo os pastores da arquidiocese de Pouso Alegre

Na próxima quarta (10), o palácio episcopal, patrimônio histórico do município de Pouso Alegre (MG) e residência do arcebispo metropolitano, completará 100 anos de sua inauguração. O historiador Fernando do Vale apresenta dados sobre esse prédio que faz parte da história do Sul de Minas.

Com a instalação da diocese de Pouso Alegre, no primeiro ano do século XX, o padre José Paulino, aos poucos, foi adquirindo bens para compor o patrimônio eclesial. Inicialmente, era composto por uma fazenda, chácara para o seminário (onde hoje está localizado o Exército) e cinco prédios localizados na cidade. Com a nomeação do primeiro bispo, dom João Baptista Correa Nery, no dia 20 de julho de 1901, a residência que passou a ser sua moradia se localizava na esquina das ruas Dom Nery e Adalberto Ferraz.

Primeira residência episcopal que, posteriormente, deu lugar a Escola de Farmácia. Foto: Fernando do Vale.

Contudo, desejava-se construir uma residência mais funcional, adiada perante as dificuldades financeiras que a diocese enfrentava. Diante dos burburinhos que se espalhavam de uma possível transferência da sede eclesial para a cidade da Campanha, a ideia de se construir uma nova residência se tornou realidade. Uma comissão, composta por Cândido Antônio de Barros, capitão Ignácio de Loyola, coronel Octávio Meyer, senador Eduardo Carlos Vilhena do Amaral e padre Antônio Boucher Pinto, ficou responsável por incentivar a população a ajudar nas obras. A pedra fundamental foi lançada no dia 20 de janeiro de 1902 e a sua inauguração ocorreu no dia 5 de junho de 1904. A antiga residência serviu de habitação para dom Nery, dom Antônio Augusto de Assis e dom Octávio Chagas de Miranda.

Primeira residência episcopal, onde hoje se localiza o Colégio São José. Foto: Fernando do Vale.

Com a vinda do Exército para Pouso Alegre, os militares vislumbraram a chácara onde se localizava o seminário diocesano como sendo o local ideal para o estabelecimento da guarnição. Mesmo dom Octávio se opondo aos interesses militares, a chácara foi desapropriada por um valor ínfimo. O seminário e Ginásio Diocesano foram obrigados a se transferirem para a sede da residência episcopal, passando dom Octávio a residir em um dos prédios pertencentes ao bispado localizado na Rua Afonso Pena.

No ano de 1915, foi adquirido um terreno por meio de doação para a construção da nova residência:

“um terreno nesta cidade (Pouso Alegre) havido por compra feita ao Capitão João Pedro da Silveira e sua mulher, por escriptura do 1º Offício, que faz frente para o Palácio Episcopal (antiga residência), à Rua Júlio Brandão, que divide pelas ruas D. Nery e Monsenhor José Paulino, que tem fundos até a divisa do Cel. João Baptista Vieira e herdeiros de Fortunato de Tal”.

Estando legalizado o terreno, as obras da nova residência iniciaram. As obras ficaram a cargo do mestre construtor recém-chegado de Ribeirão Preto (SP), Mario Pio Gissoni, dispensando a quantia total de 85:000$000 (oitenta e cinco contos de réis). No dia 10 de agosto de 1922, dia de Santa Filomena, a qual dom Octávio era muito devoto, inaugurou-se o novo palácio episcopal. As cerimônias iniciaram com uma missa às 7h30min, presidida pelo monsenhor Lafayette Libânio, vigário geral da diocese, com a presença da comunidade, irmandades, representações de colégios e autoridades locais. Ao final da celebração, proferiu um discurso eloquente o cônego Antônio Furtado de Mendonça. Logo após, se dirigiram ao novo palácio episcopal toda população de Pouso Alegre. O convite foi veiculado no jornal “Semana Religiosa”, pois, dom Octávio, fez questão de que todos, sem distinção, participassem daquele ato.

Adentrando o novo palácio episcopal, o bispo diocesano foi saudado pelos alunos do Ginásio São José, da Escola Profissional e do seminário. Dom Octávio usou a palavra, demonstrando seu enorme carinho pelos presentes no ato de inauguração de sua nova residência e agradecendo aos cumprimentos pelo seu natalício, ocorrido no dia 10 de agosto. Fizeram-se presentes também, já no interior do palácio, representantes do Colégio das Irmãs Dorothéas, a quem carinhosamente acolheu o pastor diocesano. Em seguida, dom Octávio iniciou a bênção da casa, percorrendo-a por todos os cômodos e aspergindo-a com água benta. Procedeu-se também a entronização da imagem do Sagrado Coração de Jesus, a bênção do sacrário da capela e da imagem de Santa Filomena. Tendo findado a cerimônia e os discursos, durante a festa, uma banda de música executou belas canções.

Ato de inauguração do novo palácio episcopal da diocese de Pouso Alegre, no dia 10 de agosto de 1922. Foto: Fernando do Vale.

O novo edifício, inaugurado em 1922, possui belo aspecto e acomodações necessárias para a residência dos bispos. Com fachada sóbria e elegante, estava se formando um belo jardim, na época sob a responsabilidade de Jacintho Libânio, monsenhor Lafayette e Mirabeau Ludovico (chofer e jardineiro que trabalhou até o final de sua vida com os bispos). A porta principal conduz a um vestíbulo, com aspecto claro e alegre, na época, decorado por Carlos Titos Wunderling. Do lado esquerdo do vestíbulo, seguia o salão nobre, decorado por cortinas e guarnições, sob a ótica de Leão Gery, da cidade de Campinas (SP). Do lado direito do vestíbulo, se encontrava a secretaria do bispado, o arquivo e o gabinete do vigário geral, todos bem iluminados e pintados com gosto e composto por novos mobiliários. Seguindo ainda pelo térreo, se encontrava a capela, com decoração apropriada, belas cortinas, altar de madeira, oferecido pelo povo da paróquia de Ouro Fino (MG) e executado pela oficina do senhor João Pinheiro, na cidade de Jacutinga (MG). Do outro lado, um amplo refeitório todo mobiliado, trabalho das oficinas de Luiz Checchia & Irmão, de Campinas. Ainda neste pavimento, se encontravam quarto de empregados, cozinha e outras dependências.

No andar superior, acesso conduzido por modesta escada, se encontrava um hall todo iluminado onde eram localizados os seguintes cômodos: biblioteca, sala de bilhar, gabinete e quarto de dormir do senhor bispo diocesano, quarto para o secretário, três quartos para hóspedes e outras dependências. Toda a mobília do quarto do prelado foi oferecida pela paróquia da Vila Braz, atual paróquia São Caetano, em Brasópolis (MG), sob os cuidados dos irmãos Checchia.

O palácio episcopal, durante os anos, foi testemunha de diversos acontecimentos religiosos, como cerimônias, festividades e serviu de hospedagem a diversas personalidades religiosas. Ao completar 50 anos de sacerdócio, durante as comemorações no ano de 1953, dom Octávio recebeu na sua residência o então governador de Minas Gerais e futuro presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Dom Otávio discursa diante de fiéis na entrada do palácio episcopal. Foto: Fernando do Vale.
O então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek de Oliveira, discursa no palácio episcopal, por ocasião dos 50 anos de ordenação sacerdotal de dom Octávio Chagas de Miranda, no ano de 1953. Foto: Fernando do Vale.

Nestes 100 anos de inauguração do palácio episcopal da arquidiocese de Pouso Alegre, residiram os seguintes bispos e arcebispos:  dom Octávio Chagas de Miranda (1922-1959), dom José D’Ângelo Neto (1962-1990), dom João Bergese (1991-1996), dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho (1996-2014) e dom José Luiz Majella Delgado (atual residente). Como bispos auxiliares, também habitaram aquela residência: dom Oscar de Oliveira (1954-1960), dom João Bosco Óliver de Faria (1987-1991) e dom José Francisco Rezende Dias (2001-2003).

O palácio é a residência do atual arcebispo metropolitano, dom José Luiz Delgado Majella, que, com muito amor e respeito pela história da arquidiocese, cuida desse prédio que se tornou patrimônio histórico do município de Pouso Alegre. Mantendo a imponência original da época de sua inauguração, a residência, atualmente, possui dois pavimentos circundados por um belo jardim cercados por muros, primando pela segurança daquele patrimônio e de seu habitante. Atualmente, o muro e o jardim do palácio passam por reforma e revitalização. A arquidiocese pretende concluir essas obras em breve e, com evento solene, comemorar os 100 anos da inauguração do prédio.

Foto atual do palácio episcopal, com destaque para sua lateral esquerda e jardim. Foto: Arquivo pessoal/dom José Luiz Majella Delgado.

Referências bibliográficas:

A Semana Religiosa, 14 de outubro de 1922, ano VII, nº304, Capa.

Documento de Compra e Venda do terreno e benfeitorias do Palácio Episcopal. Acervo da Cúria Metropolitana de Pouso Alegre.

Dossiê de Tombamento da Prefeitura Municipal de Pouso Alegre, 1998. Acervo da Superintendência de Cultura de Pouso Alegre.

Imagens: Fernando do Vale e dom José Luiz Majella Delgado.
A imagem destacada da notícia apresenta perspectiva do palácio episcopal e é dom José Luiz Majella Delgado.

 

 

Seguem mais fotos atuais do palácio episcopal, do arquivo de dom José Luiz Majella Delgado:


#Reflexão: 19º domingo do Tempo Comum (07 de agosto)

A Igreja celebra, no dia 07, o 19º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Sb 18,6-9

Salmo: Sl 32(33),1.12.18-19.20.22 (R. 12b)
2ª Leitura: Hb 11,1-2.8-19
Evangelho: Lc 12,32-48

Acesse aqui as leituras.

O MAIOR TESOURO É SERVIR AO SENHOR.

            As duas leituras deste domingo recordam o exemplo de nossos pais na fé. Homens e mulheres que movidos pela fé deixaram tudo para cumprir a vontade de Deus. Pessoas que confiaram e arriscaram muito para descobrir que ao final de tudo, Deus sempre quis o bem de todos. Eles aprenderam que acreditar em Deus é se colocar a caminho, construir junto com Deus um projeto de comunhão e de felicidades que tem suas raízes na história, mas os verdadeiros frutos não são colhidos neste mundo.

Estes grandes personagens nos mostram que a fé não cega as pessoas (diferente do fanatismo), mas abre os olhos para valores importantes que vão além da realidade e do presente. Aprenderam a crer em um Deus que sempre está pronto a caminhar e a ajudar a cada um em sua estadia neste mundo. Um Deus que constrói história conosco. Por isto, nossos patriarcas da fé aprenderam que nossa presença neste mundo é algo passageiro: somos peregrinos e temos uma pátria e um Deus que nos espera!

Jesus nos ajuda no Evangelho a entender como devemos caminhar neste mundo e onde devemos colocar nossa esperança e fé:

As primeiras palavras de Jesus completam a parábola de domingo passado do rico agricultor insensato. Naquela história, um homem que já era rico, obteve uma grande colheita e seu pensamento foi somente conservar e acumular ainda mais bens. Um pobre homem em uma realidade onde somente ele, seus bens e projetos pessoais tinham espaço. Ninguém mais fazia parte de seu mundo. Por isto Jesus no Evangelho deste domingo, aconselha seus discípulos chamados de “pequeno rebanho” [Jesus tinha consciência que sua proposta era pra poucos] de vender tudo e dar em esmola, ter bolsas que acumulem riquezas junto de Deus. O melhor celeiro onde devemos carregar nossos tesouros é o nosso coração: onde ele estiver, estará a nossa riqueza. Mas, como podemos ter este tesouro que nunca será roubado ou corroído? Com mais uma parábola, Jesus explica o caminho.

Jesus narra um ambiente conhecido de um senhor com seus servos, mas não é uma casa igual àquelas que todos os seus ouvintes conheciam. Os servos são retratados como todos conheciam: obedientes, serviçais, aplicados e atentos ao serviço que deveriam fazer. O patrão confia tanto que se sente tranquilo em sair e voltar a qualquer hora, pois sabe que seus servos são vigilantes. Tais servos são descritos como felizes por Jesus não porque estão em uma condição de servidão ou submissão, mas porque compreenderam o sentido do serviço que o próprio Jesus tinha ensinado. A casa representa a comunidade cristã onde todos devem se sentir iguais no serviço e que ninguém se sente como patrão, mas discípulos serviçais.

A novidade nesta primeira parábola de hoje é atitude do senhor e proprietário da casa. Mesmo voltando à noite (cansado e com fome), Ele mesmo servirá seus servos. Nesta casa diferente, todos são servos, todos se preocupam com o bem comum, todos são obedientes. Estão sempre prontos pra servir: com os “rins cingidos” (roupa amarrada na cintura como um trabalhador ou missionário) e “lâmpadas acesas” (não dormem jamais!). O senhor da casa é o primeiro a servir seus servos, por isto, todos os servos são aplicados e felizes. É fácil perceber que tal senhor é o próprio Jesus que de diversos modos procurou servir a todos, até o final de sua vida. O Lava pés não um ato isolado, mas o mais significativo de uma vida servindo e lavando os pés de todos. Para Jesus, a vida de serviço é a fonte de felicidade e o melhor modo de estar preparado para quando Ele vier.

            Nesta história, estranhamento, o senhor da casa “bate à porta”, pois está de volta. Se ele é o dono da casa, não precisaria “bater à porta”. Aqueles que batem a nossa porta são os pobres e necessitados, nosso Senhor vem constantemente até nós e onde nos encontramos, naqueles que necessitam de nossa caridade, de dia e de noite.

Para aqueles que estão apegados aos seus bens, quem se aproxima se apresenta como ladrão e “rouba” suas coisas, diferentemente dos servos que estão sempre a serviço, não são donos, mas compartilham o que possuem. Mas, nosso Senhor afirma que virá uma próxima vez, de forma definitiva ao nosso encontro. Para muitos, Jesus chegará como ladrão; para os discípulos, Cristo se manifestará como servo e nos servirá. Assim, precisamos esperar o Senhor não “olhando para o céu”, mas atentos ao que acontece ao nosso redor, em relação aos nossos irmãos e irmãs. É necessário sempre acolher e servir aquele que bate a nossa porta, pois em cada pessoa, Jesus está presente.

As palavras de Jesus sobre a riqueza e a parábola anterior foram tão expressivas que Pedro achou que não seriam somente para eles, os discípulos. Jesus não responde a pergunta de Pedro, mas lhe propõe outra parábola para que ele refletisse ainda mais:

            O ambiente é o mesmo: patrão e servos, mas desta vez, aparece um administrador. Alguém que tinha uma responsabilidade de coordenar o serviço de todos. Sua função não era algo para ser tomado como uma forma de exploração e opressão, mas com um peso de coordenar o bem comum de todos. Um servo com maior responsabilidade. Quem ocupava aquele cargo de administrador – segundo Jesus – deveria sempre se recordar do seu senhor e se inspirar nele. O administrador foi colocado em um cargo de responsabilidade e deveria tudo realizar sempre com este princípio fundamental: tudo que tenho e possuo, me foi dado em confiança!

Quem possui um peso de responsabilidade sobre outros deveria sempre se lembrar que tudo é um dom e tudo deve ser exercido como um serviço. Quanto mais poder alguém recebe, mais e melhor deve servir. Para Jesus, quem administra não deixa de ser servo e sempre deve se lembrar que Cristo é o melhor exemplo que temos de quem foi administrador e servo em plenitude.

Mas, a segunda parábola possui também um exemplo daquilo que é muito comum acontecer quando alguém recebe o cargo de administrador. Muitos se comportam não como servo, mas como um mercenário. O patrão, segundo Jesus, reconhece o bom serviço dos servos e, inclusive, se coloca a serviço deles; o mercenário está interessado em somente obter lucros e vantagens. Sua posição de superioridade em relação aos outros, ele encara como uma vantagem para explorar e maltratar seus companheiros de serviço. Pobre administrador! O pouco que ele consegue obter de alegria (comendo e bebendo), logo se transforma em tristeza aos olhos do seu patrão. O péssimo administrador não percebe que se comportando de um modo que nem seu patrão se comporta, ele nada ganha, mas perde tudo.

Assim, Pedro e os discípulos deveriam entender que a posição que ocupavam dentro do projeto de Jesus (Igreja), eles não deveriam ter como um privilégio para ganhar vantagens diante do povo, mas como serviço especial que deveriam colocar em prática com mais cuidado e obediência. No Reino de Deus que nos foi dado através de Jesus, o tesouro maior que se pode conseguir não se consegue senão em uma vida de serviço e doação. O despojamento dos bens deste mundo não é uma perda, mas uma forma de acumular tesouros junto de Deus, mas o meio fundamental é uma vida de serviço, em outras palavras, viver como Jesus viveu.

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Santo Cura d'Ars

Com este artigo, a Pastoral da Comunicação da arquidiocese de Pouso Alegre (MG) inicia a divulgação de textos de espiritualidade nas suas mídias digitais. O conteúdo de espiritualidade é preparado por padres e cristãos leigos da arquidiocese, orientados pelo padre Reinaldo dos Santos. Os textos serão postados semanalmente, às quartas-feiras. Você acompanha, a seguir, texto elaborado pela Thais Aparecida Salles Afonso, da paróquia São José, em Paraisópolis (MG), sobre São João Maria Vianney. Esperamos que o nosso conteúdo lhe ajude a fortalecer e viver a fé cristã!
Boa leitura! Compartilhe!

 

Era o ano de 1818, um dia que parecia ser como outro qualquer. Eis que em uma pequena estrada da França, um humilde sacerdote caminha à paróquia que lhe foi confiada. Era um padre de origem muito simples, filho de camponeses, nascido em 08 de maio de 1786, em Dardilly, um vilarejo francês. Ele havia enfrentado com sua família o difícil período da Revolução Francesa, quando muitos sacerdotes perderam suas vidas ou tiveram que ficar foragidos, pois houve o fechamento das igrejas sob ordens das autoridades e o povo muito sofreu com a ausência de padres. Mesmo assim, havia vários padres que eram corajosos e enfrentavam perigos para administrar os sacramentos.

Assim nasceu no coração daquele homem o desejo pela vocação sacerdotal. Porém, ele havia sido privado dos estudos, tendo a oportunidade de se alfabetizar somente na juventude, o que resultou em grandes dificuldades na preparação para o sacerdócio, pois não tinha facilidade em aprender o latim. Fora reprovado dos exames no seminário, pois não o achavam apto para receber o Sacramento da Ordem. Mas aquele simples homem do campo, nunca desistiu de sua vocação. Faltava-lhe instrução acadêmica, no entanto ele recebeu a sabedoria que vem do céu.

Com muito esforço e dedicação, foi ordenado padre em 1815. Entretanto, no início, teve um impedimento grave: não poderia atender confissões! Os superiores achavam que ele não teria capacidade de orientar e dirigir a vida espiritual dos fiéis. Mas aqueles sacerdotes jamais imaginariam que estavam diante de um dos maiores confessores da história da Igreja!

Tinha pouco tempo de ministério quando foi nomeado cura da vila mais miserável da França: Ars. Um lugar com pouco mais de 200 habitantes, onde as pessoas se encontravam muito distantes de Deus. Aquele pequeno vilarejo, ao qual fora designado, tinha uma geração toda perdida devido aos males causados pela Revolução. Era um povo sem padre, sem catequese, sem sacramentos, que não guardava o domingo e não gostava de rezar... Mas a providência divina, que jamais abandona, enviou para cuidar daquelas pequenas ovelhas o padre João Maria Batista Vianney.

Quase chegando ao vilarejo, o sacerdote encontra-se com um pequeno pastorzinho e lhe pergunta qual seria o caminho para Ars.  O menino responde e São João Maria Vianney lhe diz: “Tu me mostraste o caminho para Ars. Eu te mostrarei o caminho para o Céu”. Com fé, ele disse, ao chegar em seu destino: “Esta igreja não será capaz de conter a quantidade de pessoas que virão”.

E de fato, este santo pároco, com amor e excepcional ministério pastoral, conseguiu incutir o amor a Deus nos corações daquelas pessoas. Além do seu redil de Ars, o humilde pastor também soube cuidar e conduzir tantos outros milhares de ovelhas, que vinham de todas as partes do país. Sentado por horas no confessionário e rezando sem descanso pela salvação do seu rebanho, o Santo Cura d’Ars conseguiu converter o coração de muitos.

Viveu até os 73 anos, sendo beatificado em 1905 pelo Papa Pio X, e canonizado em 1925, pelo Papa Pio XI, que o proclamou, em 1929, “Padroeiro dos párocos do mundo”. No centenário de sua morte, em 1959, o Papa São João XXIII dedicou-lhe a Encíclica “Sacerdotii nostri primordia” colocando-o como modelo de santidade a todos os sacerdotes. Nessa belíssima carta, as virtudes destacadas de São João Maria Vianney também inspiram a todos nós a seguir seus exemplos. Os pontos fundamentais de seu ministério sacerdotal foram a penitência e a oração. Dizia ele que “o padre, antes de tudo, deve ser homem de oração”.

Vianney tinha uma profunda piedade eucarística, e isso fez com que este santo sacerdote vivesse em uma constante união com Deus, dedicando mais de 16 horas por dia no confessionário e sendo instrumento da misericórdia divina a tantas pessoas de todas as partes da França que enchiam a igreja de Ars para buscar os sacramentos e os ensinamentos do Evangelho. Sem dúvidas, aquele humilde pároco de aldeia teve um extraordinário zelo pastoral e um ministério tão fecundo por ser um sacerdote de profunda oração, intimidade e imitação de Cristo, pois em seu coração estavam marcadas as palavras de nosso Senhor: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

O Santo Cura d’Ars viveu num total desprendimento dos bens deste mundo. Deu exemplo de amor e caridade, sobretudo com os pobres de sua paróquia, os quais tratava com verdadeira ternura. Teve sempre o espírito de obediência, vivia para Igreja e somente trabalhava para ela, como palha que se consome no fogo.

Recordar São João Maria Vianney no dia 4 de agosto é, sobretudo, um convite para que todos nós intensifiquemos nossas orações pelos sacerdotes. Muitos nunca rezam pelo seu pastor, e ainda tem costume de maldizer os padres. Devemos sempre lembrar que “o sacerdote é o amor do Coração de Jesus”, como nos ensinou Santo Cura d’Ars.

Rezemos pelos nossos padres, para que, a exemplo desse grande sacerdote, levem o amor e a misericórdia de Deus a todas as pequenas ovelhas que lhe foram confiadas. Rezemos para que sejam bons pastores, amem seu povo e mostrem sempre o caminho para o Céu, assim como vez São João Maria Vianney ao povo de Ars.

Oração pelos sacerdotes (indulgenciada por S. Pio X)

Ó Jesus, Pontífice Eterno, Divino Sacrificador! Vós que, no Vosso incomparável amor, deixastes sair do Vosso Sagrado Coração o sacerdócio cristão, dignai-Vos derramar, nos Vossos sacerdotes, as ondas vivificantes do Amor infinito. Vivei neles, transformai-os em Vós, tornai-os, pela Vossa graça, instrumentos de Vossas Misericórdias. Atuai neles e por eles, e fazei que, revestidos inteiramente de Vós pela fiel imitação de Vossas adoráveis virtudes, operem, em Vosso nome e pela força de Vosso Espírito, as obras que Vós mesmo realizastes para a salvação do mundo.

Divino Redentor das almas, vede como é grande a multidão dos que dormem ainda nas trevas do erro; contai o número dessas ovelhas infiéis que ladeiam os precipícios; considerai a multidão dos pobres, dos famintos, dos ignorantes e dos fracos que gemem ao abandono. Voltai-Vos para nós por intermédio dos Vossos sacerdotes. Revivei neles, atuai por eles e passai de novo através do mundo, ensinando, perdoando, consolando, sacrificando e reatando os laços sagrados do amor entre o Coração de Deus e o coração humano. Amém.

São João Maria Vianney, intercedei por nós e por todos os sacerdotes de Cristo!

Imagem destacada da notícia apresenta um monumento dedicado a São João Maria Vianney, a 1 Km de Ars. Fonte: Vatican News.

 


#Reflexão: 18º domingo do Tempo Comum (31 de julho)

A Igreja celebra, no dia 31, o 18º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Ecl 1,2.2,21-23

Salmo: 89(90),3-4.5-6.12-13.14 e 17 (R. 1)
2ª Leitura: Cl 3,1-5.9-11
Evangelho: Lc 12,13-21

Acesse aqui as leituras.

ILUSÃO DOS BENS MATERIAIS

            Escutando a primeira leitura deste domingo, temos o conteúdo principal para aprofundarmos o que Jesus propõem no Evangelho deste final de semana. O autor do livro do Eclesiástico representa muito bem a angústia daqueles que descobrem, após tanta loucura pelas coisas materiais que, ao final de tudo, não restou nada de importante e de bom. Muitos passam a vida acumulando bens e propriedades, pensando em um dia poder usufruir de tudo, mas acabam não vivendo o presente e o futuro nunca chega. Não deixa um bom exemplo como pessoa, mas somente aquilo que ele correu atrás toda sua vida: seus bens. Dessa forma, os herdeiros não fazem outra coisa que brigar por aquilo que não conquistaram, conforme o próprio autor descreve na primeira leitura.

Jesus no Evangelho também se deparou com uma situação muito semelhante. Dois irmãos não estavam de acordo sobre divisão de seus bens. Um deles pede que Jesus fosse juiz entre os dois e obrigasse a divisão justa da herança. A reação de Jesus é muito significativa pra nós. Nosso Senhor não entra no mérito de quem tem razão ou se há alguma injustiça, mas sim sobre o fato que querer envolver Deus em negócios que nós mesmos podemos resolver. Existiam leis (religiosas e civis) que regulavam aquela questão, bastaria apelar para aquilo que já existia e tudo estaria resolvido. Jesus critica a atitude de um deles que não pede, mas ordena o que Ele deveria fazer.

            A questão suscitada pelos dois irmãos deu margem para Jesus ampliar a questão e apresentar o principal problema entre eles e ainda muito presente no mundo de hoje: a ganância. A parábola proposta por Cristo revela que Ele tinha uma ideia mais profunda sobre a questão. Jesus apresenta, inicialmente, uma advertência fundamental sobre o excesso de apego aos bens deste mundo, pois mesmo que alguém esteja na abundância (de bens), isto não significa que ele já descobriu o fundamento para sua vida. Para ilustrar isto, Jesus conta uma parábola.

O homem da parábola de Jesus não é descrito com uma pessoa ruim, um ladrão ou um injusto. Ele representa aquilo que muitos neste mundo vivem. Ele possuía sua propriedade, já era rico, tinha trabalhado muito, já tinha obtido progressos no ano anterior (os celeiros já estavam cheios) e tinha obtido grande progresso na nova colheita, mas tudo isto não lhe trazia paz e sossego. A riqueza que a terra tinha produzido naquele ano lhe trouxe novas preocupações.

São Basílio de Cesareia (século IV) afirma que a sua pergunta: “Que farei?” é a mesma que os pobres fazem diante da fome e da miséria. Em certo sentido, o rico agricultor se sentia ainda pobre e sem solução. A forma que procura resolver seu dilema é mais estúpido ainda: destruir o que já tinha construído. A riqueza que já tinha acumulado não era ainda capaz de lhe produzir paz e tranquilidade, a solução foi aumentar espaço para acumular ainda mais; ter tudo ao seu lado e bem protegido.

Pobre homem! Pois, achava que poderia dar segurança investindo em mais depósito e guardando tudo que tinha (seus bens) e aquilo que a terra lhe tinha dado. Segundo Jesus, tal rico fazendeiro concluiu seu pensamento achando que somente assim, poderia dar sossego a sua alma e segurança em relação ao futuro. A impressão que se tem que tal proprietário, até aquele momento não tinha vivido sua vida normalmente, mas passou sua existência correndo atrás de ter mais, acumular o máximo e proteger todos seus bens. Uma vida sufocada pela insegurança de não ter o suficiente e inseguro com o seu futuro.

            O seu modo de pensar revela toda sua vida. Ele sempre apresenta tudo somente na primeira pessoa: eu e meu (em um texto com mais de 50 palavras, 14 estão ligadas a “meu”). Em nenhum momento, ele pensa na família, nos parentes e nem nos amigos. Certamente, ele tinha muitos operários, nem eles faziam parte de seus planos. Um homem isolado em seu mundo, valores e prioridades onde não existem pessoas, somente seus bens. Vivia em um deserto e em profunda solidão, por isto era preocupado, por isto era inseguro e não encontrava motivo para viver uma vida normal: comer, beber e se divertir. A impressão que se tem que ele imagina “curtir a vida” (comendo e bebendo) fazendo tudo sozinho.

Jesus não é contra nem a riqueza e nem contra a propriedade, mas ao sentido da vida que aquele homem construiu para si onde ninguém, nenhuma pessoa, fazia parte. As coisas matérias podem nos oferecer certos prazeres e alegrias, mas se utilizamos tudo isto somente pra nós mesmos, tudo se transforma somente em problema, angústia e preocupação. O rico proprietário organizou sua vida em uma ilusão de que as coisas materiais poderiam dar segurança, paz, satisfação e futuro, mas nada disso ele conseguia obter com suas riquezas que já possuía (já era rico) e a nova colheita lhe trouxe mais problemas.

Seu modo de vida, somente ele e seus bens tinham espaço, mas o pior de todos os seus erros: seu fechamento para o próximo, principalmente para com aqueles que nada possuíam. O povo da Bíblia afirma que os frutos da terra não nos pertencem, mas são dons de Deus, pois aquele que trabalha a terra faz o mínimo, os verdadeiros responsáveis por uma colheita são a natureza e Deus. O homem é somente administrador de tudo, não para si, mas para os outros. Esta riqueza da partilha, aquele homem da parábola não tinha descoberto. Por isto que Paulo (na segunda leitura) afirma que a cobiça (no Evangelho foi traduzida por avareza) é a principal idolatria.

            O rico agricultor tinha sua vida tão fechada em seus bens que em nenhum momento se recorda de Deus, nem para agradecer pela colheita e nem para pedir por seu futuro. O mundo de hoje ainda insiste na ilusão de que a nossa vida não vai além de nossa existência na terra: as pessoas vivem para o momento e não para a eternidade. O futuro e o amanhã com suas etapas naturais (velhice e a morte) não fazem parte dos projetos de muitos. A vida é um constante correr buscando cada vez mais bens; de construir celeiros e esperar um dia usufruir sozinho de tudo que acumulou.

Jesus conclui a parábola chamando o sujeito de “insensato”, não de pecador ou criminoso, mas de uma pessoa que viveu sua vida correndo atrás de coisas que nunca conseguiram dar paz para sua alma. Uma vida inútil e vazia. Para Jesus o verdadeiro sentido da vida é aprender a compartilhar aquilo que temos e somos com outras pessoas. Quem mais sabe doar, mais rico se torna não de bens, mas de paz, amizade, satisfação e sentido de vida. Domingo passado, na oração de Jesus recordamos que pedimos o básico e fundamental para nossa vida “pão nosso de cada dia”, confiando que Deus Pai nunca nos deixará faltar o necessário para nossa existência. Jesus ao terminar sua vida neste mundo foi a pessoa rica que existiu aos olhos de Deus, pois doou tudo que tinha, inclusive nos deu tudo de que precisamos para a alegria eterna junto de Deus.

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Paróquia de Poço Fundo promove festa em louvor a São Benedito

Fiéis da paróquia de São Francisco de Paula, padre Júlio César Bernardes, pároco, e padre Nailton José Gonçalves, vigário paroquial, promovem a 111ª festa em louvor a São Benedito, nos dias 22 a 31 de julho. A festa será precedida pela novena com missas às 19 horas, na igreja de São Benedito. Após as celebrações, acontecerá a tradicional quermesse com comidas típicas na barraca da festa.

Aos finais de semana, também acontecerão manifestações culturais, promovidas pela secretaria municipal de cultura, com a presença de congadas da região.

Confira a programação completa da festa:

 

Com imagens e informações da Pastoral da Comunicação/Paróquia São Francisco de Paula/Poço Fundo.

Confira imagens do encerramento da festa, no dia 1º de agosto:


Informações sobre velório e sepultamento do monsenhor José Carneiro Pinto

Arquidiocese de Pouso Alegre (MG) e paróquia de Santa Rita de Cássia, em Santa Rita do Sapucaí (MG), apresentam informações sobre o velório e sepultamento do monsenhor José Carneiro Pinto, falecido ontem (21), aos 100 anos e nove meses.

Tendo sido comunicado o falecimento do monsenhor José Carneiro Pinto, ocorrido na noite de ontem (21), às 21h50, informamos os horários de celebrações, no santuário de Santa Rita de Cássia, das santas missas de corpo presente em seu sufrágio e o sepultamento.

Sexta-feira (dia 22) - Missas: 7h, 9h, 12h, 15h, 17h, 19h, 22h

Sábado (dia 23) - Missas: 7h e 9h

Após a missa das 9h, do dia 23, terá lugar a encomendação do corpo e o traslado para o sepultamento na capela de Santa Rita, no subsolo do santuário.

Missa de 7° dia: quarta-feira, dia 27, às 19h, no santuário de Santa Rita de Cássia.

 

Arquidiocese de Pouso Alegre (MG)
Chancelaria do arcebispado
Paróquia Santa Rita de Cássia
Santa Rita do Sapucaí (MG)

 

Imagem: Pascom/Paróquia Santa Rita de Cássia, em Santa Rita do Sapucaí.

 

A imagem destacada da notícia traz dom José Luiz Majella Delgado saudando monsenhor José Carneiro Pinto por ocasião do seu 100° aniversário natalício, em Santa Rita do Sapucaí, em outubro de 2021.


Necrológico de monsenhor José Carneiro Pinto

Chancelaria do arcebispado apresenta dados biográficos do monsenhor José Carneiro Pinto, falecido hoje (21), aos 100 anos e nove meses.

Monsenhor José Carneiro Pinto, filho de Victor de Souza Pinto e Maria Carneiro Pinto, nasceu na cidade de Itajubá, aos 20 de outubro de 1921. Fez seus estudos iniciais em Santa Rita do Sapucaí, Paraisópolis e Borda da Mata e, posteriormente, entrando para o Seminário, realiza seus estudos em Pouso Alegre e em Mariana, no seminário maior.

Foi ordenado padre pelas mãos de Dom Octávio Chagas de Miranda, no dia 08 de dezembro de 1946, na Catedral Metropolitana do Bom Jesus, em Pouso Alegre. Celebrou sua primeira missa na Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, em Santa Rita do Sapucaí, no dia 15 de dezembro de 1946.

Monsenhor José Carneiro de 1947 a 1953 foi professor no Seminário e exerceu as primícias de seu sacerdócio como vigário da Catedral, de Congonhal, Brazópolis, Paraisópolis, Consolação e Gonçalves. No ano de 1953 chega a Santa Rita do Sapucaí como Vigário Cooperador e se torna pároco em 1957, exercendo seu paroquiato até o ao de 1997, quando se torna emérito, continuando a residir e a oferecer seus dons sacerdotais em Santa Rita do Sapucaí.

Foi nomeado Cônego Catedrático do Cabido Metropolitano de Pouso Alegre aos 22 de setembro de 1972 e capelão de sua Santidade, como Monsenhor, aos 14 de dezembro de 1993 e, ao completar seu centenário de nascimento, em outubro de 2021, foi condecorado pelo Papa Francisco com a comenda pro Ecclesia et Pontifice (pela Igreja e pelo Papa), que está entre as mais altas condecorações honoríficas concedidas pela Igreja Católica para homenagear a atuação de leigos e ordenados na mesma Igreja Católica.

Obteve, também, o título de Cidadão Honorário Santa-ritense aos 14 de dezembro de 1985 e membro da Academia Santa-ritense de Letras aos 10 de abril de 1995 e recebeu a Medalha “Desembargador Hélio Costa” aos 08 de dezembro de 2009.

São incontáveis os feitos do Monsenhor José na sua lida paroquial em mais de 40 anos em favor da paróquia, dos seus paroquianos e do próprio município de Santa Rita do Sapucaí, bem como seus trabalhos pastorais pela arquidiocese, especialmente sua coordenação do Apostolado da Oração.

Mesmo afastado de suas obrigações paroquiais, mas em pleno exercício do ministério sacerdotal, nunca deixou de prestar seu auxílio pastoral a todos que a ele se achegassem.

Devotíssimo da Virgem Maria e de Santa Rita de Cássia, acompanhado pelo seu sobrinho-neto, Pe. Rodrigo Carneiro, mesmo nos dias de maiores dificuldades na pandemia, não deixou de celebrar e rezar com seus conhecidos e de elevar efusivos VIVAS a Nossa Senhora e Santa Rita de Cássia.

Por ocasião de seus 100 anos e de lá para cá, mais recolhido e debilitado pela saudável longevidade, não deixou de testemunhar sua fé e seu amor sacerdotal.

Nos últimos dias, internado no Hospital Antônio Moreira da Costa, em Santa Rita do Sapucaí, pelas dificuldades centenárias, veio a entregar piedosamente seu Espírito às 21h50 do dia 21 de julho de 2022, na quinta-feira, ao Deus Criador e ao Eterno Sacerdote Jesus Cristo, com a firme esperança da ressurreição, sob a acolhida celestial da Virgem Maria e de Santa Rita de Cássia, a quem tanto amou e suas vidas propagou.

Descanse em paz, Monsenhor! Receba a coroa da vitória aquele que foi ornado na terra com o dom do sacerdócio. Reze por nós!

 

Texto: Chancelaria arquidiocesana de Pouso Alegre

Imagem: Arquivo/Pe. Rodrigo Carneiro

A imagem destacada da noticia traz, da esquerda para a direita, padre Rodrigo Carneiro Paiva Mendes, monsenhor José Carneiro Pinto e dom José Luiz Majella Delgado, na igreja matriz de Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí.


Nota de falecimento de monsenhor José Carneiro Pinto

Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre (MG), apresenta nota de falecimento do monsenhor José Carneiro Pinto, hoje (21), aos 100 anos e nove meses. Confira na íntegra.

Comunico, com profundo pesar, o falecimento do Revmo. Monsenhor José Carneiro Pinto, pároco emérito da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Santa Rita do Sapucaí (MG), membro de nosso clero arquidiocesano, transcorrido na data de 21 de julho, quinta-feira, às 21h50, com a idade de 100 anos e nove meses, após uma saudável longevidade que o deixou tanto tempo entre nós, razão de ação de graças.

Nascido em Itajubá aos 20 de outubro de 1921, completou 75 anos de sacerdócio em dezembro de 2021, tendo sido ordenado pelas mãos de Dom Octávio Chagas de Miranda, na Catedral do Bom Jesus, em Pouso Alegre.

Peço a caridade de todos de elevarmos a Deus nossas preces em agradecimento pela vida tão longeva que fez acontecer tão marcantemente sua ação evangelizadora em nossa arquidiocese, especialmente no município de Santa Rita do Sapucaí e de sufrágio em seu favor, pedindo a Deus que o acolha nas festins da eternidade na companhia da Bem Aventurada Virgem Maria e de Santa Rita de Cássia.

Seu corpo será velado no Santuário de Santa Rita de Cássia, onde serão celebradas Santas Missas e seu sepultamento se dará na Capela de Santa Rita de Cássia, no subsolo do mesmo Santuário.

Os devidos horários e outras relevantes informações serão oportunamente divulgados.

 

Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R.
Arcebispo Metropolitano de Pouso Alegre

 

Imagem: Arquivo/Pe. Rodrigo Carneiro Paiva Mendes.