#Reflexão: 17º domingo do Tempo Comum (24 de julho)

A Igreja celebra, no dia 24, o 17º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Gn 18,20-32

Salmo: 137(138),1-2a.2bc-3.6-7ab.7c-8 (R. 3a)
2ª Leitura: Cl 2,12-14
Evangelho: Lc 11,1-13

Acesse aqui as leituras.

JESUS ENSINA O PAI NOSSO

            Sabemos que a oração é um dos momentos mais especiais na vida daquele que acredita ter fé. Rezar é estabelecer um contato pessoal e íntimo com Deus. Jesus ensina aos seus discípulos não uma “fórmula” de oração com poderes, mas princípios fundamentais que recordamos quando repetimos a bela oração do Pai Nosso. Nestas palavras, estão condensados o verdadeiro retrato de Deus e também o nosso rosto de filhos.

Na primeira leitura, a história de Abraão nos apresenta o que significa rezar: é falar com Deus em um diálogo pessoal (tu com tu), franco, sincero e respeitoso. Abraão intercede por duas cidades completamente corrompidas pelo pecado. Deus estava já determinado abandonar aquela cidade ao seu próprio destino e resolve compartilhar isto com Abraão. A passagem bíblica descreve Abraão como uma pessoa sensível e preocupada pelas pessoas das duas cidades. Ele sabia que em uma delas (Sodoma), habitava seu sobrinho Lot e, assim procura “negociar” com Deus a salvação dos habitantes da cidade, a partir de alguns poucos justos.

Abraão é descrito como alguém mais sensato e misericordioso em relação a Deus. Ele procura todos os meios para salvar aquelas pessoas; Deus é mostrado como um juiz severo, vingativo e frio, determinado em acabar com as cidades. Este era o pensamento e a forma que Deus era visto no AT: pune os pecadores e compensa os justos. Abraão procura corrigir Deus em relação a sua ação e vontade, mostrando que o princípio “todos devem pagar pelo erro de alguns” não era conveniente a um Deus que era chamado de justo e santo. A intercessão de Abraão em parte tem seu fruto, pois pelo menos conseguiu tempo para que os poucos justos saíssem da cidade.

            Jesus é a plena revelação de Deus Pai. Nele não há ódio, vingança ou vontade de punir pecadores, mas um Deus da misericórdia, pronto a ajudar em tudo, como qualquer pai faz de tudo por um filho. Jesus, assim, corrigi a imagem de Deus, revelando que nosso Deus é diferente de nós.

No Evangelho deste domingo, Jesus procura ensinar seus discípulos não somente como rezar, mas como nosso Deus se apresenta quando rezamos. Tudo tem início depois de um longo momento de oração. Os apóstolos e Jesus conheciam as preces costumeiras e diárias que todo bom judeu deveria fazer, mas Jesus fazia muito mais: rezava longe das pessoas, sua oração pessoal e íntima se estendia por horas. Mas, o interessante é que Nosso Senhor somente ensina seus discípulos sobre a oração quando eles pediram. Os discípulos se interessam após assistirem as tantas vezes em que Jesus se retirava para rezar sozinho.

Eles esperam Jesus retornar de mais um momento de profunda oração. Pedem que Jesus fizesse o mesmo que fez João Batista. Nós não sabemos como João e os seus discípulos rezavam, mas os apóstolos queriam que Jesus criasse e ensinasse um modo exclusivo e único de oração que passasse a ser algo que identificasse e destacasse os discípulos de Jesus, dos outros grupos religiosos. Jesus faz muito mais do que isto. Mais do que uma “fórmula mágica” de oração, o Pai Nosso é um compromisso de vida. Não compromete Deus com quem a invoca, mas sim, quem reza é que se compromete com uma forma de vida junto a Deus.

Lucas inicia com um simples: “Pai”, não há o pronome “nosso” [modelo que rezamos de Mateus]. Quem reza é convidado a se apresenta diante de Deus não como servo, escravo, estrangeiro ou desconhecido, mas como filho. Este caráter fundamental condiciona toda a oração: a relação entre os dois lados (quem reza e Deus) se estabelece na forma mais profunda de relação que possa existir entre duas pessoas: de Pai/mãe e filho/filha. Como temos que aprofundar ainda em nossas orações, pois ainda se trata Deus como um juiz, como um patrão e não como pai bondoso!

Na oração reconhecemos não somente nossa proximidade e profunda relação que Deus tem conosco, mas também nos comprometemos em uma relação de filiação profunda. Como qualquer filho, zelamos pela nossa relação com nosso pai a partir do seu nome. O nome traz um resumo da pessoa. Quando não se tem consideração por uma pessoa, o desprezo já se inicia pelo mau uso do nome. Porque sabemos quem é Deus e o que Ele significa em nossa vida, a partir do seu nome, nossa relação já deve ser especial.

A oração continua com um projeto de Deus para humanidade: Reinar sobre todos. Muitos são os reinos que já se impuseram na história e outros procuram dominar a todos, mas nenhum é o Reino de Deus que Jesus procurou incessantemente ensinar. Reino do perdão, do amor, da misericórdia, da partilha, da pessoa com centro de tudo. Este é o Reino de Deus que pedimos na oração. Não o meu reino ou de qualquer ideologia, mas de Deus. Assim, pedimos que este Reino aconteça neste mundo, cujo dono não é um rei, mas um Pai. Com este desejo do Reino, podemos também pedir por nossas necessidades fundamentais.

O início da oração é um convite de intimidade profunda e pessoal entre eu e Deus, mas os pedidos fundamentais são feitos como comunidade. Não se pede para cada pessoa, mas para todos, pois esta é uma das características do Reino de Deus cuja relação é pessoal com Deus, mas a vivência é comunitária e solidária.

            “Pão” é um alimento comum a todos: está na mesa dos ricos e dos pobres. Representa tudo aquilo que é fundamental e necessário para o nosso bem. Pede-se não a abundância ou em excesso, pois certamente faltará para outros, mas o pão (o necessário) para hoje; amanhã renovamos nossa confiança e nosso pedido por todos. Pedir o necessário para todos é algo que Jesus sempre nos ensinou.

Outro pedido fundamental é em relação ao perdão. Comprometemos-nos a perdoar o próximo da mesma forma que, sem condições, recebemos o perdão de Deus. Como Pai, Deus quer todo nosso bem e nos perdoa sempre, mas a graça da remissão das faltas está completamente condicionada ao nosso perdão ao próximo. E como é difícil perdoar como Jesus nos perdoou, mas exatamente porque aprendemos de Cristo que nos perdoa sem condições, devemos fazer o mesmo com qualquer outra pessoa. No Reino de Deus não pode haver ódio e falta de perdão, pois senão não é o Reino que Jesus nos ensinou.

Por fim, pedidos forças para que não sejamos vencidos durante a tentação. Mais um pedido comunitário, como comunidade de irmãos e igreja de Cristo. Sozinhos somos mais frágeis diante do mal que procura nos arrastar para o caminho da tentação, assim, pedimos que não sejamos introduzidos neste caminho, mas que permaneçamos dentro do Reino de Deus e de Jesus.

Jesus ainda aprofunda o tema sobre a relação especial que acontece entre Deus e quem reza. Com uma parábola, Jesus explica que não há obstáculo, desculpa ou condicionamento entre a pessoa que pede em oração e Deus que sempre atende, abre e concede. Entre nós, damos desculpa até para ajudar os outros quando eles precisam do necessário (como o “pão” na parábola) o até mesmo quem é precioso para nós (um filho, um parente, os pais). Jesus nos esclarece que através da oração feita de forma sincera e em sintonia com o projeto de Deus, o acesso com Deus é direito e Ele sempre nos atende, mas naquilo que realmente precisamos. Ele nos conhece e está pronto a nos ajudar naquilo que é fundamental, com um pai sabe o que é melhor para o seu filho. E o maior tesouro que Deus nosso Pai pode nos conceder é o seu próprio amor que é o Espírito Santo.

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Seminaristas da arquidiocese participam de congresso missionário nacional em João Pessoa

Entre os dias 11 a 17 de julho, aconteceu no seminário arquidiocesano em João Pessoa (PA), o 4° Congresso Nacional Missionário de Seminaristas (COMINSE). No evento, foram acolhidos seminaristas, padres, bispos, religiosos e religiosas de todo o Brasil. Representando a arquidiocese de Pouso Alegre (MG), participaram os seminaristas João Pedro e Natanael, da etapa Configurativa.

O congresso contou com a assessoria de padres, bispos e religiosas que muito contribuíram nas conferências, nos painéis temáticos e nas oficinas. A temática geral do evento foi a missão ad gentes na formação de seminaristas. O lema foi "Sereis minhas testemunhas até os confins da Terra" (At 1,8).

A partir dessa temática geral, os assessores apresentaram conferências. “Por que e para quê da missão ad gentes?” foi o assunto tratado pelo padre Dinh Nhue Nguyen, OFM Conv., secretário-geral da Pontifícia União Missionária – PUM, em Roma. “Missão ad gentes no magistério da Igreja” foi o tema da conferência da irmã Regina da Costa Pedro, do Pontifício Instituto das Missões Exteriores e superiora provincial das Irmãs da Imaculada. “Missão ad gentes no processo formativo de seminaristas” foi o assunto tratado por dom Luis Fernando Lisboa, CP, bispo de Cachoeiro de Itapemirim (ES). Por fim, “Missão e Sinodalidade” foi a abordagem de dom Antônio Luiz Catelan Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ).

O congresso destacou a importância da missão ad gentes (missão a todos os povos), com a qual a Igreja deve se preocupar. Diante dessa realidade desafiadora, a Igreja é chamada a evangelizar nas partes mais remotas do mundo, onde Cristo ainda não é conhecido, onde a justiça, a paz e a fraternidade ainda não chegaram. Também é necessário pensar na evangelização no Brasil, na Igreja que está na Amazônia, que ainda passa por muitas carências, pela falta de padres e assistência religiosa, ainda mais por enfrentar problemas sociais e geopolíticos com exploração dos recursos naturais e da desumanização dos povos. A Igreja deve voltar o seu olhar a esta região que ensina a ser uma Igreja da Missão.

Seminaristas participantes do congresso.

Em cada conferência, painéis temáticos e oficinas, assuntos teóricos e práticos relacionados à missão na Igreja evidenciaram o compromisso que os seminaristas devem assumir enquanto cristãos e, mais ainda, enquanto consagrados, isto é, serem como Jesus, discípulos missionários do Pai, que não conhece fronteiras, que rompe preconceitos e normas tradicionais para conseguir chegar às pessoas carentes e necessitadas, a abaixar ao chão da vida, onde acontece a vida do povo, e tocar nas chagas daqueles que estão feridos pela fome, sede, preconceito, injustiça, opressão, exclusão e tantas outras realidades que impedem o povo de receber o que Jesus veio trazer a todos, “a vida e vida em abundância” (Jo 10,10).

Atentos a essas realidades, iluminados pela missão de Jesus, o Filho missionário do Pai, é que os seminaristas se tornarão discípulos missionários e serão testemunhas de Cristo até os confins da terra (At 1,8). Importante relembrar que o mandato missionário foi dado aos seus discípulos pelo próprio Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15). Cabe aos cristãos, discípulos de hoje, a decisão. Todos os cristãos, pelo batismo, são consagrados para a missão e não para outra coisa. Os cristãos são responsáveis em levar e anunciar o Evangelho a todos. Se isso não é vivido, se nega a consagração para a missão.

No penúltimo dia do congresso, os seminaristas, padres, bispos e religiosos participantes do evento realizaram uma experiência missionária nas paróquias da arquidiocese da Paraíba, visitando as famílias, os idosos, os enfermos e catequizandos. Essas visitas uniram a teoria apresentada no congresso à prática.

Para os seminaristas João Pedro e Natanael, a experiência durante o congresso foi muito enriquecedora para o seu processo formativo. Ao participar desse evento nacional e conviver com vários seminaristas de todo o país, perceberam os vários rostos da Igreja no Brasil, suas necessidades e a importância da ação missionária. Segundo eles, pelo Batismo somos incorporados à Igreja, como Corpo de Cristo, e nos tornamos evangelizadores, missionários pela unção do Espírito Santo. Para eles, a missão faz parte do ser e da identidade da Igreja.

Eles retornaram à arquidiocese de Pouso Alegre com o coração cheio de esperança e transbordante da alegria do Evangelho, certos de que querem ser fieis à vida de Jesus, ao Reino do Pai. Para eles, é pela missão que serão, de fato, discípulos de Jesus. Não há uma terceira via. Somos missionários ou não somos fiéis a Jesus e ao seu Evangelho. Segundo os seminaristas João Pedro e Natanael, a Igreja nasce da missão trinitária, em que o amor é a unidade. Por isso, para eles, a missão da Igreja é ser a Igreja da Missão. "Cristo nos convida, a nós seminaristas, padres, bispo e leigos, sejamos missionários", destacaram os participantes sul-mineiros do congresso.

 

Informações: seminaristas João Pedro e Natanael - Etapa Configurativa

Fotos: POM, COMISE e seminaristas João Pedro e Natanael


Nas eleições: escolher entre a vida e a morte

“Diante de ti ponho a vida e ponho a morte. Escolhe, pois a vida”! (Dt. 30,19)

“É importantíssimo, pois, qualificar sempre mais a cidadania com a luz que vem de Cristo, efetivando uma genuína cidadania eclesial - a serviço da fraternidade social, do enfrentamento das exclusões e injustiças”.
Dom Walmor Oliveira Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB

Dom Walmor, ao escrever a apresentação do Caderno “Encantar a Política”, aponta a importância da participação de cristãos e cristãs comprometidos com o Evangelho no processo eleitoral em curso no país. Numa palavra: “Ser sal da terra e luz do mundo” (Cf Mt 5,13-14). Essa participação, no entanto, não é simples e nem tão fácil. Pois as elites econômicas que dominam o país construíram a falsa ideia de que religião e política são campos diferentes da existência humana e que não dialogam entre si. Muitos cristãos e cristãs acreditam ser essa a sua percepção pessoal da realidade a partir da fé.

Na verdade, é algo incutido na mentalidade popular, portanto uma ideologia, com um só objetivo: afastar o povo das principais decisões que afetam sua vida. Desta forma uma elite, que se julga iluminada, continua tomando as decisões mais importantes para o país. Na verdade, essa tal elite é a elite econômica: oitocentos e duas (802) pessoas, segundo o sociólogo Jessé Souza em seu livro Elite do Atraso. Essa pequeniníssima elite que manda no Brasil desde os tempos da colônia não quer perder seu poder. Nem pretendo dividi-lo com a maioria da população. As consequências dessa estratégia elitista são bem perceptíveis, mas nem sempre compreensíveis. Por um lado, temos uma sociedade extremamente polarizada. Mas, não a polarização ideológica tão falada. A verdadeira polarização do Brasil é a econômica. Essa, coloca nas mãos de menos de 1% da população mais de 50% das riquezas naturais e produzidas no país enquanto relega metade da população à pobreza, sendo 13 milhões de pessoas em estado de pobreza absoluta.

Mas o que é mesmo que os cristãos têm a ver com isso? Bom, o evangelista João nos conta que Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Cf Jo. 10,10). Os Evangelhos também nos contam que Ele alimentou, por cinco vezes, a multidão faminta, multiplicando os pães, ajoelhou-se aos pés dos apóstolos com um avental e, após lavar lhes os pés, mandou que também eles fizessem isso aos outros. Isso tudo, sem falar do Antigo Testamento, que conta a libertação do povo da escravidão do Egito e os profetas que falavam violentamente contra a injustiça dos ricos que não cuidavam dos pobres. Ou seja, as seguidoras e os seguidores de Jesus devem colocar suas vidas a serviço do próximo à exemplo do Bom Samaritano. Devem cuidar dos necessitados e empobrecidos. E vários papas, desde Pio XI, passando por São Paulo VI, até Francisco ensinam-nos que a política é a melhor forma de fazer caridade. Na encíclica Fratelli Tutti Papa Francisco mostra que a caridade política tem um alcance extremamente superior à caridade individual, pois beneficia muito mais gente.

Mas, como deve ser a participação política da cristã e do cristão? Podem pessoas que creem em Jesus e querem viver o Evangelho votar em candidatas e candidatos de qualquer partido político? É o próprio Jesus quem responde a isso quando vai fazer refeição na casa de pecadores públicos como Mateus (Mt. 9) e Zaqueu (Lc 19), chama zelotes, que defendiam a violência armada, para serem seus discípulos e se deixa cercar pelos falsos moralistas fariseus, que viviam uma religião de aparências e atitudes acusatória contra os outros. É evidente que Jesus não concorda com várias das práticas desse grupos e pessoas, mas, não deixa de estar com eles. Como nos ensina São Paulo: “Fiz-me tudo com todos para ganhar alguns” (cf. 1Cor 9,22).

Portanto, pelo exemplo de Jesus, os cristãos não estão impedidos de participar de nenhum partido político e nem a Igreja recomenda que participe de algum partido específico. Faz parte da natureza missionária da fé cristã, que os seguidores de Jesus estejam em todos os espaços para apresentar a proposta do “Reino de Deus” trazida por Jesus. Porém, não se espera que haja algum partido político que contemple totalmente os ideais do Evangelho. Por isso, cristãs e cristãos podem e devem participar de todos os partidos e devem votar em candidatos e candidatas que melhor representem seus ideais. Há apenas um tipo de espaço no qual cristãos podem se recusar a participar: onde lhes seja negado expressar a sua fé.
Quando vão fazer suas escolhas, porém, cristãs e cristãos devem levar em conta apenas uma coisa: estão escolhendo pessoas e partidos que defendem a vida ou que defendem a morte? Papa Francisco nos recorda que a Igreja sempre defende a vida de forma clara a apaixonada em todas as suas etapas e que seja digna para todos (Cf. Gaudete et Exsultate 101). O critério então é escolher a candidata ou o candidato que melhor tenha condições de promover a vida plena para todos e todas em todos os seus aspectos.
Nesse sentido é bom lembrar que candidatos comprometidos com o grande poder econômico, mesmo que façam discurso de defesa da vida, estão concordando com a morte e a vida precária de metade de nosso povo.
Na hora do voto, “escolha, pois, a vida”!


#Reflexão: 16º domingo do Tempo Comum (17 de julho)

A Igreja celebra, no dia 17, o 16º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Gn 18,1-10a

Salmo: 14(15),2-3ab.3cd-4ab.5 (R. 1a)
2ª Leitura: Cl 1,24-28
Evangelho: Lc 10,38-42

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MARTA E MARIA: ESCUTAR É SERVIR

            Acolher bem é sempre um modo de já demonstrar afeto e estima pela pessoa. O povo da Bíblia sempre cultivou esta virtude, pois também foi acolhido por outros povos até chegar à Terra Prometida.

Na primeira leitura, temos o belo exemplo de Abraão que abrigado do sol forte do meio dia, insiste para que três peregrinos desconhecidos aceitassem sua hospitalidade. Ele oferece o que tem de melhor em sua casa e de suas coisas. No diálogo que acontece entre eles, se descobre que são mensageiros de uma promessa divina: Abraão e Sara teriam um filho em um ano. O casal já tinha tentado de tudo satisfazer o pedido de Deus, mas não tinham compreendido como tudo deveria se realizar. A acolhida generosa de Abraão foi o último sinal para Deus para que o desejo de toda uma vida do casal (ter um descendente) se encontrasse com a vontade divina. A carta aos Hebreus medita esta passagem e diz que “alguns sem saber acolheram anjos” (Hb 13,2).

Lucas no Evangelho do domingo passado nos apresentou a história do Samaritano Misericordioso. Uma nova religião onde somos chamados a olhar com a mesma intensidade, profundidade e misericórdia o rosto de cada pessoa, principalmente dos mais necessitados. Neste domingo, temos também o mesmo gesto sincero e alegre da acolhida, mas desta vez, de duas irmãs. Abraão acolheu três desconhecidos, Marta e Maria acolheram um grande amigo: Jesus.

            Lucas inicia recordando do caminho que estava fazendo Jesus com seus discípulos para Jerusalém. Quando iniciou sua jornada ainda na Galileia (10,1ss), Jesus tinha instruído os discípulos para entrar nas vilas, mas principalmente nas casas e ali iniciar a missão. No diálogo com o doutor da lei (10,25ss), Jesus apresenta o grandioso exemplo de um samaritano que encontrando-se em viagem, interrompe suas atividades para socorrer um moribundo desconhecido à beira da estrada. Agora é Jesus quem é acolhido em uma casa por duas irmãs.

Todos estavam a caminho da Cidade Santa, mas Lucas afirma que é Jesus quem entra em uma vila e aceita ser acolhido dentro de uma casa habitada por duas mulheres. O termo “casa” em Lucas, além de significar o lugar da convivência familiar, também expressa a “intimidade do coração”. Como instruíra os discípulos (Lc 10,5ss), na casa que encontrarem acolhida, os discípulos deveriam oferecer a paz, agora é Jesus quem é recebido com alegria por duas mulheres.

Marta é quem toma a iniciativa de tudo, mas sua irmã (Maria) não faz o que ela esperava, pois Jesus estava em sua casa e, segundo Marta, Ele merecia o melhor. Aquela casa de duas irmãs [São João menciona Marta e Maria com um irmão, Lázaro], certamente não era entre as famílias mais ricas; nem poderiam oferecer um banquete, mas mesmo assim, Marta queria fazer o máximo e o melhor para o Mestre. Maria, estranhamente, não segue sua irmã, mas se coloca aos pés de Jesus para “escutá-lo”. A expressão “aos pés” não significa tanto uma posição onde Jesus estaria sentado e Maria aos seus pés [não existiam cadeiras nas casas simples], mas uma expressão que recorda um discípulo que está aprendendo do seu Mestre, por isto, em silêncio e tranquila, Maria somente escutava. Maria se ajoelha para escutar; Marta se levanta para criticar.

Lucas descreve Marta com uma pessoa totalmente envolvida no serviço de casa. Certamente, ela estava procurando oferecer o melhor de si para Jesus, como Abraão o fez para os três estrangeiros na primeira leitura. Mas, como se trata de Jesus em sua casa, a atitude de Marta acaba deixando em segundo plano o principal. Aquela visita especial não queria um tratamento comum (receber uma bela refeição), mas diferente. Jesus não entrou na casa das irmãs para ser servido, mas para continuar servindo. Não é Jesus quem deve receber algo, mas é Ele próprio quem deseja oferecer o melhor de si que são os seus ensinamentos. Nosso Senhor tinha instruídos os missionários ao serem acolhidos por uma família que deveriam comer o que o eles comiam; Assim, para Jesus bastaria o “mesmo prato de sempre”; Jesus é quem queria oferecer o melhor.

            As duas irmãs deveriam ser muito próximas de Jesus e, possivelmente, não tinha sido a primeira vez que Jesus tinha estado naquela casa. Em nome de uma intimidade profunda, Marta resolve colocar tudo dentro de sua lógica e prioridade. Agitada como estava, ela resolve reclamar com Jesus de sua irmã. A presença de Cristo não tinha trazido paz para ela, mas não por causa de Jesus. A afobação nas tarefas de casa por causa da visita ilustre tinha roubado a paz de Marta que dirige palavras e críticas a Jesus e a sua irmã Maria. Marta quer ensinar Jesus o que tem que fazer; sendo que Jesus, desde que entrou na casa já ensinava; Marta vê tudo, mas não escuta.

Assim, suas primeiras palavras são dirigidas a Jesus: “não te importa...” Marta critica Jesus colocando-O na mesma situação de sua irmã ou de alguém que não se preocupa com o excesso de atividade que ela (Marta) estava tendo. Interessante que em nenhum momento Jesus exige algo das duas, mas Ele próprio que procura oferecer suas palavras. Marta tinha criado um modo pessoal de agradar Jesus, mas acabou se sentindo conturbada com tudo. Marta queria que Maria, sua irmã, fosse como ela e agisse como ela. Marta não reclama diretamente com sua irmã, mas procura usar da autoridade de Jesus para confirmar seus princípios. Quantas vezes não fazemos o mesmo em nossas orações pedindo a Deus punição e castigo contra certas pessoas, achando que até Deus tem que se ajustar ao nosso modo de ver as coisas. Marta não é maldosa e nem deve ser vista como oposta a Maria. Ela tem uma preocupação legítima, mas exagerada: não era aquilo que Jesus esperava dela, ela queria oferecer algo que Jesus não necessitava. Marta reclama da indiferença de Jesus, de sua solidão e por fim, dá uma ordem a Jesus... Marta, definitivamente, não entendeu o sentido daquela visita especial.

Marta reclama de solidão em seu “serviço” (diakonia). Jesus estava em sua casa e Marta se sente sufocada pelo serviço que queria oferecer ao ilustre hóspede. Nosso serviço e nossas orações devem ser algo que devemos realizar com alegria e um meio de compartilharmos a nossa intimidade com Deus. Marta estava perdendo a oportunidade de primeiro ser servida por Jesus, para depois servir aos outros.

Jesus não entra no jogo de Marta, mas com carinho aponta aquilo que ela deveria corrigir nela mesma. Com duplo chamado: “Marta, Marta!”, Nosso Senhor procura, carinhosamente, corrigir Marta. Jesus resume muito bem em dois pontos: “Tu te inquietas e te agitas por muitas coisas!”. Jesus não critica o serviço e nem o desejo que ela tinha de fazer o melhor, mas sim a “agitação exagerada” e uma “inquietação interior” que Marta havia criado e tentava envolver Jesus.

Por fim, Jesus recoloca Maria ao centro do debate, mas não para fazer o que disse Marta, mas para apontar a sua feliz escolha. Maria optou em acolher de modo silencioso e tranquilo o melhor de Jesus que estava em suas palavras. Esta é a melhor e a primeira parte que nós devemos sempre recordar ao acolher Jesus em nossa “casa” (coração). Nossas agitações interiores tentem a nos dão a sensação de que nós estamos sozinhos e que tudo não tem sentido. Para Jesus, nada disso tem valor se não nos encontramos em paz e a mudança não depende de Jesus, mas de nós. Mais do que falar, exigir e até brigar com Deus, devemos nos colocar aos seus pés e acolher como um delicioso alimento, as palavras de vida de Jesus.

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#Reflexão: 15º domingo do Tempo Comum (10 de julho)

A Igreja celebra, no dia 10, o 15º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Dt 30,10-14

Salmo: 68(69),14.17.30-31.33-34.36ab.37 (R. cf. 33)
2ª Leitura: Cl 1,15-20
Evangelho: Lc 10,25-37

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O SAMARITANO MISERICORDIOSO

            Jesus sempre surpreendeu a todos com seus ensinamentos, mas principalmente com o seu modo de vida. Não era um homem de “belas palavras”, mas de exemplos concretos de vida e caridade, por isso, seus ensinamentos são profundos e questionadores. As pessoas se aproximavam de Jesus e sempre recebiam, gratuitamente, algo de especial e faziam uma experiência do amor de Deus. Este ponto em especial deve ter sido o principal motivo da oposição e até da ira daqueles que eram responsáveis pelo culto e pela religião da época. O judaísmo da época de Jesus apreciava muito mais um Deus da vingança e da punição e não um Deus da misericórdia. Assim, vários tentaram pegar Jesus em seus ensinamentos como no Evangelho de Lucas deste domingo mostrando que Ele não ensinava conforme a religião oficial.

O escriba era um entendido nas leis e na religião judaica. Ele se aproxima com uma intenção maldosa de testar Jesus em suas palavras. Chama-O de “mestre”, mas não tem intenção de ser discípulo. A questão apresentada era fundamental para qualquer pessoa que estava fazendo um caminho de fé (questão típica de um discípulo judeu: “o que devo fazer...”). Na pergunta, o escriba destaca o que era necessário “fazer” para herdar a vida eterna. Ele entendia que o caminho da salvação se resumia na prática (fazer) da Lei.

            Seguindo a tradição das escolas rabínicas (onde se aprendia a Lei), Jesus rebate a pergunta propondo outra pergunta onde o aluno expõe o conteúdo aprendido no ensino. O mestre da Lei relembra o grande princípio do amor a Deus (Dt 6,5) com todo coração, alma, força e inteligência; era uma oração rezada diariamente pelos judeus. A resposta é dada com um verbo no futuro: “amarás...” e não no imperativo (“ame a Deus”). E acrescenta outro princípio, mas de uma forma muito simples, sem repetir o termo amor: “... e ao próximo como a si mesmo” (Lv 19,18). Na primeira leitura, vemos que a Palavra e os Mandamentos estão próximos e em nosso coração para colocarmos em prática, não são princípios difíceis e inacessíveis.

Mas, o escriba querendo se justificar diante de Jesus (mostrar-se justo) amplia a questão com uma nova pergunta: “quem é o meu próximo”? Ele de qualquer modo se inclui na questão (“meu próximo”). Com este modo de perguntar, o escriba se coloca ao centro e queria saber quem ele poderia considerar como sendo o seu “próximo”. Para os judeus da época era aquele que vivia como ele: um judeu, religioso e fiel praticante da lei. Diante da nova questão, Jesus inova. Não lhe faz uma nova pergunta, nem rebate os princípios apresentados e nem propõe uma nova discussão a partir da lei, mas propõe uma nova prática para o seu cotidiano. Ele tira a discussão do Templo e das Escrituras e coloca a vivência da religião nas estradas. Assim, Jesus concordo com o conteúdo do Mestre da Lei, mas diverge da prática.

A parábola conhecida por todos, inicia mencionando circunstâncias muito especiais para o judeu, mas também extremas. Um “homem descia de Jerusalém”. Ele não tem nome, nacionalidade, nada sabemos sobre o que ele tinha feito e aonde iria. Ele representa a condição comum e geral de todos: pode ser qualquer pessoa. Ele caiu na mão de bandidos que além de ser assaltado, ainda é maltratado e deixado quase morto. Não conhecemos suas origens, mas as suas dores. Essa estrada era conhecida como local de constantes assaltos, certamente, este homem resistiu ao assalto e foi maltratado. O fato de estar “descendo de Jerusalém” nos dá a impressão de que se tratasse de um judeu piedoso que tinha realizado suas obrigações na Cidade Santa. Este mesmo detalhe (descer de Jerusalém) é mencionado para os dois próximos personagens.

Jesus continua a história afirmando que “por acaso” pela mesma estrada descia um sacerdote. Este religioso percorria o caminho que era feito por todos judeus que iam e retornavam de Jerusalém. Era o caminho do peregrino e do fiel. Tudo acontece por acaso na vida do sacerdote, mas foi algo providente da parte de Deus para o sujeito deixado quase morto à beira da estrada dos peregrinos.

O sacerdote era o personagem principal no culto judaico, pois oficializava as principais cerimônias e festas. Era uma pessoa que tinha contato com tudo que era de mais sagrado para um judeu. Jesus narra que o sacerdote “viu e mudou de estrada”. Foi casual o encontro, mas ele vê, mas não faz nada (“fazer”: pergunta inicial do escriba!). Um sacerdote quando “subia” para exercer o seu ofício no Templo em Jerusalém tinha que observar várias prescrições de pureza, entre elas, jamais tocar no sangue ou em um cadáver (o sujeito estava quase morto). Mas, o sacerdote estava descendo de Jerusalém (já estava livre de observar essas normas). Ele simplesmente, muda de lado da estrada.  Jesus acrescenta que um levita (eles auxiliavam o sacerdote no templo) faz a mesma coisa: vê e muda de lado da estrada. Dois principais personagens do culto judaico nada fazem para prestar o mínimo de auxílio àquela pessoa deixada à beira da estrada quase morta. Escolhem manter as “mãos limpas” de sangue conforme a lei, mas o coração deles estava doente, impuro e muito longe de Deus.

O terceiro personagem surpreende a todos os ouvintes: um samaritano. Esses eram considerados impuros e infiéis, eram marginalizados e desprezados pelos judeus, principalmente pela classe religiosa. Talvez por isto, exatamente, esta pessoa faz muito mais que os dois religiosos. O samaritano também vê, mas vai além disto. Jesus nos diz que ele “encheu-se de compaixão”. Esta forma verbal já apareceu em Lucas na passagem de Jesus que vê e enche-se de compaixão pelo filho da viúva de Naim (Lc 7,11-17) e reaparecerá mais adiante na parábola do Filho Pródigo (15,11-32).

            O samaritano que era visto externamente como alguém impuro e indigno, se mostra com um coração de Deus: cheio de compaixão. Jesus conta que ele “estava em viagem”, isto é, em serviço. Ele sim poderia dar uma desculpa, pois estava atarefado e com compromisso, mas não o faz. Ademais, ele estava em um território que não era o seu, mas dos judeus. Os 10 verbos que se seguem são intensos. O samaritano interrompe seu caminho e atividade, se aproxima e toca o ferido curando suas feridas. O samaritano não tem preconceito e nem medo, pois entende que diante dele tem uma pessoa, um ser humano que precisa de ajuda. Ele não pergunta nada, não apresenta condições e nem limites no que faz, ele simplesmente age com o máximo de suas condições. A compaixão do samaritano faz com que ele gastasse não somente seu tempo, mas também seus bens: o vinho que tinha alta dosagem de álcool serviu para desinfetar; o óleo para aliviar as dores. Depois, concede ao doente o seu lugar na montaria e o conduz a um albergue. O samaritano além de gastar seu tempo e bens, gasta também um pouco de sua vida: passa a noite curando o doente. No dia seguinte, ele ainda gasta de sua riqueza para garantir a cura do doente.

Para o termo que traduzimos por “dono da pensão”, Lucas usa um vocábulo exclusivo que literalmente significa “acolhe a todos”. O samaritano conduz o ferido àquele que “acolhe a todos”, paga ele próprio toda cura e deixa “duas moedas” para que o tratamento continuasse, na época era o pagamento por dois dias de hospedagem. O samaritano promete depois de dois dias pagar o que o dono da hospedagem tivesse gasto a mais. Há uma forte ligação com a própria história de redenção de Jesus. A ressurreição no terceiro dia foi o preço que redimiu e curou todo o universo.

            A compaixão que o samaritano nos ensina vai além de ver (como o sacerdote e o levita) e fazer alguma coisa somente. É encher-se de compaixão, de amor, é aproximar-se, tocar, doar de si e do que tem, promover o outro com atenção e bens.

Ao final, Jesus retoma a conversa com o escriba e refaz a pergunta em outra perspectiva: “qual dos três foi próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?” Próximo - segundo Jesus – não é quem eu escolho como amigo ou que eu quero ajudar, mas quem Deus coloca em minha estrada. Não são os outros que devem se aproximar de mim, mas sou eu que devo ir ao encontro, sem limites e condições. Cada um é chamado a ser próximo do outro a começar dos mais necessitados, marginalizados, abandonados e deixados quase mortos nas estradas de nossa sociedade. Mas, somente iremos conseguir ser próximos dessas pessoas se nos enchermos de compaixão (de amor de Deus). À resposta do entendido da lei, Jesus conclui com uma frase que vale para nós todos: “Vai e faze tu o mesmo!”

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Santuário Nacional de Aparecida acolhe romaria arquidiocesana de Pouso Alegre

No último sábado (2), a arquidiocese de Pouso Alegre realizou a romaria anual ao santuário nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida (SP). Diversos fiéis da arquidiocese estiveram presentes, bem como cerca de 40 presbíteros, religiosos, religiosas e seminaristas que participaram de missa presidida pelo arcebispo metropolitano, dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., e transmitida pela TV Aparecida.

Em sua homilia, dom Majella refletiu sobre a passagem bíblica de Mt 9, 14-17. Disse que "a Igreja está vivendo o momento da graça de Deus ao refletir, celebrar e se comprometer com uma realidade: somos uma Igreja Sinodal". O arcebispo destacou que Igreja sinodal significa o caminhar juntos como irmãos. Segundo ele, desde o Concílio Vaticano II, a Igreja tem intensificado a sinodalidade para ser uma Igreja de comunhão de participação.

Dom Majella, em sua homilia, no santuário nacional de Nossa Senhora Aparecida.

O arcebispo salientou ainda:

"A nossa Igreja particular de Pouso Alegre, que se reune aqui hoje, neste santuário, procurando viver o espírito de comunhão com todas as Igrejas, está aqui representada por você. Com você, que nos acompanha através dos meios de comunicação, estamos formando uma única Igreja e queremos, a partir de Jesus, a verdade que nos liberta para que possamos, sim, restaurar esta Igreja para que possamos restaurar nossa vida, restaurando a nossa sociedade, hoje marcada por tanta violência, por tanta discriminação ,por tanto ódio, por tanta divisão.

Somos nós, cristãos, que vivemos na alegria do encontro com o Senhor, que temos essa força e essa graça, precisamos tomar a frente. Para restaurar este mundo, marcado por tanta guerra e tanta violência, para restaurar o nosso Brasil, tão violento. O nosso Brasil que hoje usa uma linguagem de tanto ódio. Precisamos restaurar o nosso Brasil. Essa é a verdade que o vinho novo traz para nós. Nesta casa de Maria, nós queremos, assim como Maria, viver as alegrias das Bodas de Caná. É nessa ocasião que Maria aponta o caminho do vinho bom, do vinho novo, que é Jesus!

É Maria que nos aponta, mas ela vem dizer para nós: escutai o que ele vos diz. E o que Jesus está dizendo para nós? Restaurar. Não vamos ficar apegados nas coisas antigas. Não vamos centralizar a nossa vida cristã, a nossa vida de Igreja, em coisas antigas, em coisas tradicionalistas, em coisas que já se passaram. Vamos centralizar a vida em Jesus Cristo e é, a partir dele, que nós vamos restaurar este mundo. Levemos para nossa casa, dessa peregrinação, essa certeza: o vinho novo que é Jesus. A graça do Espírito em nós, em odres novos, que somos nós. Renovemos e voltamos para casa com esta certeza no nosso coração. E a nossa Igreja de Pouso Alegre, que vive os 60 anos de elevação à arquidiocese, se unindo às outras dioceses, de Campanha e de Guaxupé, formando uma província. Queremos, sim, restaurar a Igreja no Sul de Minas com o vinho novo, que é Jesus! Que Maria nos conduza sempre a seu Filho, vinho novo que nos restaura hoje e sempre. Amém!".

Após a missa, os romeiros da arquidiocese de Pouso Alegre se reuniram na parte externa do santuário, em frente à imagem de Nossa Senhora de Fátima, para a recitação do terço.

Dom Majella, membros do clero e fiéis da arquidiocese rezam o terço no jardim do santuário nacional de Nossa Senhora Aparecida, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima.

 

Fotos: Santuário Nacional de Aparecida e padre Rodrigo Carneiro Paiva Mendes.

 

 

 

 


#Reflexão: Solenidade de São Pedro e São Paulo (03 de julho)

A Igreja celebra, no dia 03, a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: At 12,1-11

Salmo: 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 5)
2ª Leitura: 2Tm 4,6-8.17-18
Evangelho: Mt 16,13-19

Acesse aqui as leituras.

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

“O dia de hoje é para nós dia sagrado, porque nele celebramos o martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo... Na realidade, os dois eram como um só; embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho”, disse Santo Agostinho (354-430) em seus sermões sobre a solenidade de São Pedro e São Paulo. A história destes dois grandes homens está profundamente ligada à história da Igreja de Cristo.

Pedro foi preparado por Jesus para uma missão muito especial dentro da comunidade dos discípulos e na sua Igreja. Era fundamental que ele fosse a principal referência para os demais apóstolos e discípulos. Alguém que pudesse passar para os demais, a segurança necessária e ao mesmo tempo uma fé profunda que Jesus estava presente conduzindo sua Igreja. Assim, através de Pedro, o próprio Cristo foi organizando e conduzindo a sua comunidade de discípulos que nascia e se espalhava com o testemunho firme de todos.

Os doze apóstolos logo no início foram reconhecidos como “colunas” da Igreja (cf. Ap 21,14; Gl 2,9). E Pedro foi constituído pelo próprio Jesus como pedra de fundamento. Segundo Mateus, Jesus quis saber qual ideia as pessoas estavam tendo Dele. Eles se encontravam em um local onde ficava a sede do poder romano daquela região: Cesareia de Felipe. Ouviu várias respostas. Uns diziam ser "João Batista”: grande homem de Deus que marcou a vida do povo; outros, "Elias”: segundo o profeta Malaquias, ele iria reaparecer antes da vinda do messias; e "Jeremias” um grande sacerdote profeta. As respostas mostravam que o povo percebia que Jesus era especial, mas alguém somente ligado a grandes personagens do passado ou uma cópia deles.

Mas, Jesus queria ouvir a resposta dos seus discípulos que estavam convivendo com Ele havia um bom tempo. Pedro, em nome do grupo, dá uma resposta profunda e diferente: "Tú és o Messias, o Filho de Deus”. Ele reconhece que mais que um grande profeta que anuncia o Ungido de Deus (messiah), Jesus é o próprio messias enviado por Deus. "Filho de Deus”: Pedro demonstra ter consciência que seu Mestre não pertence a nenhuma realidade conhecida por todos: pertence a Deus! O primeiro apóstolo reconhece que Jesus é o Messias que todos esperavam e que sua ligação com Deus é a mesma entre um pai e um filho.

Para Jesus, a resposta de Pedro foi o sinal de que, realmente, o apóstolo pescador tinha dado um grande salto de fé. Nas palavras de Jesus, não foi algo que Pedro adivinhou ou descobriu por conta própria, mas uma revelação dos céus. Era o sinal de Deus que Pedro poderia ser o principal responsável em sua Igreja. E Jesus lhe confirma sua fé e sua missão.

Jesus muda seu nome de Simão (mudar nome = pessoa nova e com uma missão) para “Pedro” (Pedra em grego Petra). "Sobre esta pedra construirei a minha Igreja" . A Igreja é de Cristo, é uma só e é o próprio Cristo quem vai construí-la (não é uma associação e nem fruto da iniciativa de pessoas). É para sempre, até o final da história e nem as portas do inferno vão conseguir vencê-la, porque pertence a Jesus Cristo. "Eu te darei as chaves do Reino dos Céus": É Jesus quem concede; quem tem as “chaves” tem poder de abrir e fechar; Também de ligar e desligar. Jesus diz tudo o que tu ligares.... o que tu desligares, poder especial para  alguém que tem a principal responsabilidade na sua Igreja. Quem assume esta responsabilidade, carrega este grande poder. O poder é especial e pessoal a Pedro, mas não se limita a ele, mas a todos que assumirem a direção da Igreja de Cristo.

A Igreja de Cristo tinha que ter firmeza e fundamentos estáveis e definitivos, pois ela tem um único alicerce que é o próprio Cristo Jesus. A Igreja é o Corpo de Cristo na história; todos os batizados são membros deste mesmo corpo (cf. Rm 12,4-5; 1Cor 12,12.27; Ef 4,4; 5, 29s; Cl 1,24). Quem inicia e a mantém é o próprio Cristo Jesus, pois é a sua cabeça (cf. Ef 1,22; 4,15; Cl 1,18). Pedro foi escolhido como o início e a base desta Igreja que permanece presente na história até o final dos tempos. Por isso, o apóstolo pescador desde o começo da caminhada da Igreja de Jesus tornou-se a principal referência para os cristãos como representante de Cristo. Os testemunhos dos padres da Igreja nos primeiros séculos, lembram a importância daquele que teve a missão de encabeçar e iniciar neste mundo a caminhada da Igreja de Cristo.

Na 1ª leitura, ouvimos um exemplo da grande importância de Pedro para a Igreja de Cristo. O rei Herodes já tinha mandado matar a espada o apóstolo Tiago e mandou prender Pedro. A "Igreja rezava continuamente a Deus por ele". Dois poderes em jogo: da espada e da oração. Deus intervém de uma forma espetacular. O céu vem em auxilio com um anjo que liberta sem violência e sem mortes. Pedro tem a proteção de Deus e dos seus anjos. E em sua vida, o apóstolo, pedra da Igreja de Cristo, cumpriu com grande exemplo de  fé sua missão até o seu martírio em Roma. Pedro passou, mas a Igreja de Cristo continua sua missão.

Paulo é o exemplo mais concreto que é o próprio Cristo Jesus que está à frente de sua Igreja. Jesus continua escolhendo pessoas segundo os seus critérios. Saulo de Tarso perseguidor da Igreja, aos olhos de todos, não seria o mais adequado para fazer parte do grupo dos discípulos. Mas, Cristo escolheu Paulo pessoalmente. Se Pedro representa o início e o fundamento da fé em Cristo vivo e ressuscitado para a Igreja, Paulo foi outra coluna importantíssima para a missão de implantar o Reino de Deus neste mundo. Era necessário levar o anúncio da salvação em Cristo para todas as pessoas e em todos os tempos.

Paulo chamado por Jesus de um modo diferente se sentia tão apóstolo como os demais. Assumiu com o mesmo empenho a missão de espalhar a Boa Nova da Salvação de Cristo para todos. Paulo sempre atuou com uma equipe missionária como se percebe no início de suas cartas, criou diversas comunidades, escreveu cartas e plantou a mensagem do Evangelho nas principais cidades daquela época. Homem corajoso na fé e firme na esperança, Paulo de Tarso deu testemunho de Cristo a partir da sua própria vida. Foi dedicado e zeloso no judaísmo e da mesma forma, foi um cristão fervoroso e fiel a Cristo depois de seu chamado. Enfrentou dificuldades, perseguições dentro e fora da comunidade cristã, mas jamais desanimou e deixou de evangelizar.

Na 2ª leitura, ouvimos seu testemunho e consciência que lutou um bom combate, completou sua missão e guardou a sua fé. Como Pedro também Paulo percebeu que o mais importante é se deixar guiar pelo próprio Jesus que governa e conduz a sua Igreja. Animados por estes dois grandes homens da fé, peçamos a mesma coragem e perseverança para todos nós e para aqueles que nos guiam hoje à frente da Igreja de Cristo.

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Dia oração pela santificação do clero é marcado por encontro em Pouso Alegre

A Igreja celebra nesta sexta-feira (24) a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Nesta data também, desde 1995, por incentivo de São João Paulo II, iniciou-se a realização um dia de oração pela santificação dos sacerdotes. Na arquidiocese de Pouso Alegre, o clero arquidiocesano se reuniu no santuário do Imaculado Coração de Maria, em Pouso Alegre.

O encontro do clero arquidiocesano teve como pregador o padre Luiz Francisco Marvulo Martins, CMF, que abordou a temática do sacerdócio e a condição vitimaria, a partir do pensamento do beato Fulton John Sheen. O encontro também contou com momentos de oração e de adoração ao Santíssimo Sacramento.

Dom Majella fala aos presbíteros no encontro com o clero arquidiocesano diocesano, no santuário do Imaculado Coração de Maria.

“A espiritualidade sacerdotal é intrinsecamente eucarística; a semente dessa espiritualidade encontra-se já nas palavras que o bispo pronuncia na liturgia da ordenação: ‘Recebe a oferenda do povo santo para a apresentares a Deus. Toma consciência do que virás a fazer, imita o que virás a realizar, e conforma a tua vida com o mistério da cruz do Senhor’” (Exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, nº 80), destacou o padre Luiz Francisco em sua palestra.

Padre Luiz Francisco, CMF, fala aos presbíteros, no dia de oração pela santificação do clero.

A imagem destacada da notícia apresenta arcebispo e padres na adoração ao Santíssimo Sacramento, no santuário do Imaculado Coração de Maria, em Pouso Alegre.

Fotos: Pastoral Presbiteral.


#Reflexão: 13º domingo do Tempo Comum (26 de junho)

A Igreja celebra, no dia 26, o 13º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: 1Rs 19,16b.19-21

Salmo: Sl 15(16),1-2a.5.7-8.9-10.11 (R. 5a)
2ª Leitura: Gl 5,1.13-18
Evangelho:Lc 9,51-62

Acesse aqui as leituras.

CONDIÇÕES PARA CAMINHAR COM JESUS

            Evangelho deste domingo é considerado o momento decisivo na vida de Jesus em São Lucas. Depois de um bom tempo de pregação na Região da Galileia (região do Norte) passando por várias vilas, mas principalmente na cidade de Cafarnaum, Nosso Senhor decidiu iniciar seu caminho definitivo e final para Jerusalém (região do Sul). Pregar onde Ele conhecia muito bem - na Galileia - representava certa tranquilidade: não havia representação dos religiosos de Jerusalém; o povo já o conhecia e sua fama tinha atingido outros lugares e regiões até fora da região, mas Jesus não veio a este mundo somente para isto.

            Jerusalém representava não somente o lugar do conflito definitivo, mas também do sofrimento, da humilhação e da aparente derrota (morte). Era algo exatamente o oposto de tudo que até aquele momento Jesus e seu grupo tinham experimentado. Cristo sabia o que Lhe esperava em Jerusalém, mas não os seus discípulos. Lucas exprime com palavras decisivas e expressivas este momento, por isto Jesus “toma a firme decisão” de dirigir-se para Jerusalém, na língua original está: “ele endureceu sua face” ao se colocar a caminho de Jerusalém. Decisão radical e irreversível!

Para este momento crucial e profundo, Jesus procurava discípulos e fiéis que aceitassem caminhar com Ele, mas seguindo as mesmas condições e exigências (Evangelho de domingo passado). Os primeiros que são chamados a caminhar com Jesus são os apóstolos e discípulos, denominados de “mensageiros”. Eles receberam a missão de ir à frente de Jesus (no grego está: “à frente de sua face”) para preparar a sua chegada (não “pousada”, isso nunca foi preocupação de Jesus!). Lucas nos informa que não houve acolhida por parte dos Samaritanos, pois aquelas pessoas perceberam que “ele estava indo para Jerusalém” (no original: “tinha a face de ir para Jerusalém”). O evangelista não nos dá muitos detalhes, mas os discípulos não conseguiram reproduzir bem a “face de Jesus” e talvez eles tivessem insistido sobre certos detalhes que acabaram gerando a rejeição por parte dos Samaritanos.

Interessante a reação de dois que eram mais próximos do Mestre. Tiago e João chegam até sugerir - sem saber o que estavam dizendo - uma punição contra os samaritanos. Sabemos que os judeus detestavam o povo da Samaria, pois eram considerados como impuros, idólatras, inimigos e traidores do Povo de Deus. Jesus várias vezes cita os samaritanos, mas sempre com a intenção de destruir este preconceito e discriminação. Os dois apóstolos sugerem uma repreensão exemplar achando que possuíam ou eram capazes de tal ação. Pobres discípulos! O poder que receberam de missão não tinha nada ver com vingança ou ódio. Por fim, eles é que são repreendidos por Jesus, pois onde há ódio e espírito de vingança tem tudo de humano e nada de Deus.

            Bela a atitude de Jesus: simplesmente se dirige a outro lugar. Ele respeita quem decide não acolher sua presença e sua palavra. É em provável que os dois discípulos devem ter anunciado algo bom sobre Jesus, mas na primeira dificuldade ou recusa, eles procuram resolver tudo com violência e ódio, pois “Jesus precisa ser protegido e respeitado”. Decisivamente, Tiago e João não entenderam nada sobre Jesus. Nosso Senhor jamais impôs ou obrigou alguém a seguir seus passos. A missão dos discípulos é a mesma de Jesus: salvar as pessoas!

Em sua caminhada até Jerusalém, Jesus terá diversos encontros pelo caminho. Lucas, inicialmente, relata três histórias de pessoas que queriam fazer parte do grupo de Jesus e fazer a mesma viagem até a Cidade Santa:

O primeiro que se propõe a seguir Jesus se oferece sem condições e limites. Um discípulo ideal. Mas, mesmo assim, Jesus esclarece e recorda algumas condições que Ele mesmo vive. Cristo não impõe ao vocacionado, mas informa que o modelo de vida a seguir não é aquele que a pessoa possuía, mas aquele que o próprio Cristo vivia. Jesus não tinha nenhuma posse, nada lhe pertencia como bem pessoal, nem mesmo uma casa ou uma local para descansar. Nosso Senhor sabia que nada de fundamental jamais Lhe faltaria, pois Deus Pai sempre era providente. Jesus não convida o sujeito para viver na miséria, mas na providência de Deus. Uma radicalidade de vida onde a missão deve ser o único bem e propriedade. Jesus não impõe nada, mas compartilha o seu próprio jeito de viver e suas prioridades.

Ao segundo, o próprio Jesus convida com um decisivo convite: “Segue-me!”. Mas, o mesmo faz um pedido a Jesus: sepultar seu pai. A missão de Jesus era urgente e o caminho para Jerusalém não podia esperar, mas a pessoa apresenta um motivo, talvez o maior de um filho: dar sepultura ao seu pai (ficar com ele até o final de sua vida). Nem mesmo a família e tudo que acontece após a morte dos pais (herança e bens) devem ser obstáculo para responder ao chamado de Jesus. O coração do discípulo deve estar em anunciar o Reino de Deus.

O terceiro caso vocacional, como o primeiro, a pessoa se oferece como discípulo, mas também está dividido, neste caso, com os familiares vivos. É preciso olhar pra frente e seguir caminhando com Jesus. Nem mesmo a família deve ser um obstáculo e motivo para não responder ao chamado e às exigências do discipulado.

Na primeira leitura, temos o exemplo de Eliseu que, diante do chamado de Elias, prontamente deixou tudo e seguiu o profeta. Antes, ele dá de comer ao povo, matando dois bois que ele usava para seu trabalho (decisão radical de não voltar atrás) e depois vai se despedir de seus pais antes de partir, Elias ainda permitiu isto, mas Jesus não. O caminho para Jerusalém que Cristo tinha iniciado deveria ser percorrido com radicalidade de vida e firme propósito de seguir o Mestre Jesus sem olhar para trás ou estar dividido.

            Sabemos que este “tipo de Jesus” não agrada muito as pessoas. Muitos querem um Jesus que doe algo: cura, milagres, resolva os problemas, os males da vida... Um Jesus que se limite a resolver problemas pessoas e relacionados ao nosso mundo. Mas, quando Ele nos pede e nos convida a sermos seus discípulos, seguindo seus passos e suas condições, poucos se propõem a caminhar com Ele e seguir o mesmo caminho. Busca-se ainda hoje um Jesus para solução de algo momentâneo (doença, problema, dificuldades da vida...), mas não Jesus como sentido para toda vida.

Jesus era uma pessoa livre em relação a qualquer parâmetro deste mundo: material, familiar e afetos. Mas, ao mesmo tempo tudo estava a sua disposição não como posse, mas como instrumento para fazer o bem e semear o amor entre as pessoas. São Paulo nos lembra muito bem isto na segunda leitura. Com Cristo nos tornamos livres, mas para exercermos a liberdade diante das coisas e pessoas, e não para nos tornamos escravos. A melhor forma de sermos livres é viver como Jesus viveu, principalmente, na vivência do amor recíproco.

Partir para Jerusalém, para Jesus era fazer um caminho de renúncias e, principalmente, momento de cumprir sua missão que ia além de curar e enfrentar demônios. Mas, este caminho de salvação também nós devemos hoje cumprir, pois estamos caminhando para uma Nova Jerusalém e ao longo desta estrada da história, inúmeras pessoas vamos encontrar até os últimos momentos de nossa vida. A obra de Jesus deve continuar em nós e principalmente através de nós, para que assim, mais e mais pessoas, possam experimentar Jesus que nos ensinou que somente através do Amor é que a humanidade pode se salvar. Agora toca a nós respondermos ao chamado que diariamente Ele nos faz.

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Dom Majella lança mensagem por ocasião do X Encontro Mundial das Famílias

De 22 a 26 de junho, acontecerá o 10º Encontro Mundial das Famílias, em Roma. Por ocasião desse evento, dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano, apresenta mensagem às famílias da arquidiocese de Pouso Alegre (MG).

O 10º Encontro Mundial das Famílias será realizado em Roma com a abertura no dia 22 de junho na Sala Paulo VI, com um festival na presença do papa Francisco. Depois de três dias de congresso pastoral, também na Sala Paulo VI, no sábado à tarde, haverá uma missa na Praça de São Pedro. Está previsto espaço para testemunhos e encontros nas paróquias. Participarão dois mil delegados com representantes também da Ucrânia.

Ao contrário das edições anteriores, destacou a subsecretária do Discatério para os Leigos, Família e Vida, Gabriella Gambino, o congresso não terá palestras estruturadas academicamente com conteúdo teológico-doutrinal, mas será um momento de encontro, escuta e discussão entre os agentes da pastoral familiar e matrimonial.

Formado por cinco conferências principais com cerca de trinta discursos e sessenta oradores, os painéis se concentrarão em alguns temas dominantes: a co-responsabilidade dos cônjuges e sacerdotes na pastoral das Igrejas particulares; algumas dificuldades concretas das famílias nas sociedades atuais; a preparação dos casais para a vida matrimonial; algumas situações de "periferia existencial" nas famílias; a preparação dos formadores em uma pastoral familiar cheia de desafios e questões difíceis.

O encontro também será um horizonte de referência a Igreja doméstica e a sinodalidade, com foco na relação entre jovens e idosos. Não será esquecido o âmbito do amor familiar nas provações, como o da traição, do perdão, e do abandono conjugal.

Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, divulgou mensagem sobre o X encontro Mundial das Famílias. Confira a mensagem na íntegra:

Pouso Alegre, 13 de junho de 2022.

Prezadas famílias em nossas paróquias,

Reverendo clero, religiosos e religiosas,

Queridos membros da Pastoral Familiar.

Saudações de Paz!

Para concluir o "Ano Família Amoris Laetitia" e "fazer com que as famílias falem da beleza da convivência e importância do amor familiar", acontece em Roma, de 22 a 26 de junho de 2022, o "X Encontro Mundial das Famílias" que tem como tema "Amor familiar: vocação e caminho de santidade".

O evento será descentralizado e espalhado por todas as dioceses de maneira a atingir um maior número possível de famílias. "Na verdade, o convite do Papa é para que cada diocese possa organizar, paralelamente, nos mesmos dias desse encontro, um momento para as famílias".

Em meio ao nosso caminho sinodal e com toda a Igreja, conclamo a todos os membros da Pastoral Familiar em nossas paróquias que se organizem de maneira a oferecer para as comunidades, nesta sintonia, uma programação simultânea de orações, encontros e celebrações, bem como o acompanhando em streaming ao evento em Roma, conforme programação nos sites próprios.

Que a recitação do terço, a adoração do Santíssimo, palestras, o assistir em grupos o evento direto de Roma com espaços de reflexão e oração, a celebração da missa nesse período e a Oração Oficial, divulgada e rezada nas paróquias e em família, bem como outras criatividades, possam ser elementos de valorização deste Encontro Mundial em cada uma das paróquias de nossa Arquidiocese.

Este encontro quer trilhar um caminho sinodal de escuta, diálogo e partilha com todas as famílias e, assim, buscar a sonhada construção de uma sociedade mais ética, pacífica, solidária e justa, bem como uma Igreja solidária, acolhedora, missionária e misericordiosa.

Contando com essa articulação da Pastoral Familiar por toda a paróquia, apoiados pelo clero e iluminados pelo Espírito Santo, faço votos de que aproveitemos desse Encontro Mundial em favor de nossas famílias e para um reavivamento da Pastoral Familiar nesta pandemia, enquanto ofereço minha bênção.

Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R.

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Informações: Vatican News.