#Reflexão: Domingo da Ressurreição do Senhor (17 de abril)

A Igreja celebra, no dia 17, o Domingo da Ressurreição do Senhor, a Páscoa. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: At 10,34a.37-43
Salmo: Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R. 24)
2ª Leitura: Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8
Evangelho: Jo 20,1-9 ou Lc 24,13-35 (nas Missas Vespertinas)

Acesse aqui as leituras.

PÁSCOA: CRISTO RESSUSCITOU!

Nós nunca estamos preparados para enfrentar a morte e, sempre, ela será um grande mistério para todos. Diante da morte de alguém, inúmeras perguntas brotam em nossa mente e muitas angústias afloram em nossos corações. É um encontro que nos assusta, pois não temos nenhuma resposta que nos ajude a entendê-la e suportá-la. A morte de Jesus também foi uma experiência frustrante e decepcionante para todos os discípulos.

Eles conviveram com Jesus por, pelo menos, três anos. Desde o início de sua vida pública, Jesus se mostrou como alguém com uma proposta inovadora e revolucionária. Os discípulos presenciaram um Mestre (Jesus) que não se deixava intimidar por nada e ninguém. Até mesmo o Mal fora derrotado por Cristo em diversas circunstâncias. Os discípulos O viam como um “super-herói” imbatível. Entretanto, nos últimos dias de Jesus em Jerusalém, Ele se mostrou, aparentemente, igual a qualquer outra pessoa. Ele foi humilhado, sofreu muito: dores insuportáveis e foi desprezado. Tudo e todos demonstravam ser mais fortes que Jesus. Definitivamente, para os discípulos, Aquele que se entregou silenciosamente à morte não era o Senhor que eles conheciam.

Pedro acompanhou incrédulo o processo injusto da morte de Jesus, talvez, até, esperando alguma reação, algum milagre da parte Dele para se livrar dos soldados e da condenação certa. Porém, nada aconteceu. Quando Pedro afirma, por três vezes, que não conhecia “aquele homem”, no fundo, ele estava certo: não era o Jesus que ele viu fazer todas as categorias de milagres. O pescador apóstolo não conseguia entender o que estava acontecendo.

Na lógica humana, a morte não tem nenhum sentido e, para Pedro, se revelava uma loucura maior alguém que, poderia se livrar dela, resolve escolher livremente morrer, aparentemente, como mais um inocente condenado injustamente. Alguns devem ter afirmado: para que serve sofrer como nós sofremos, ser humilhado como tantos são humilhados, morrer como todos nós? Eles queriam um Mestre que resolvesse o problema da dor, dos sofrimentos e da morte e não alguém que fosse solidário a todos que percorrem esse caminho. Os discípulos não entenderam quase nada da proposta de Reino de Deus que Jesus procurou ensinar. A morte do Mestre Jesus se revelou como algo estranho e longe da lógica humana.

Páscoa significa “passagem”. Jesus fez a sua passagem desta vida para Verdadeira Vida com a sua Ressurreição, mas os discípulos precisavam também fazer uma “passagem” para entrar na verdadeira proposta de Deus para humanidade. Era necessário abandonar todas as ideias pessoais, interesseiras e limitadas sobre Jesus que todos construíram seguindo o Mestre Jesus pelas terras da Galileia. Jesus Cristo é algo muito mais profundo, mais abrangente e perene do que eles imaginavam. Era necessário entrar na “lógica de Deus”.

O relato da Ressurreição de Jesus no Evangelho de João que meditamos neste domingo é mais centrado em fatos e detalhes significativos sobre a Páscoa de Jesus. O “túmulo vazio” representa uma grande ausência e um imenso vazio em relação às ideias limitadas sobre Jesus. Nosso Senhor não foi somente alguém que foi útil para curar doenças, resolver problemas, dificuldades pessoais e sofrimentos desta vida, muito menos alguém como uma proposta revolucionária e social. Jesus é muito mais do que isso! Era necessário “enterrar” essa ideia de um Deus que é útil somente quando nos serve ou resolve nossas dificuldades.

O relato da Páscoa de Jesus inicia ainda com as cores da sua morte e da decepção dos discípulos. Também o sábado ficou para trás e tudo tem início no primeiro dia da semana: o domingo. São as mulheres entre os seguidores de Jesus que se rebelam e não se contentam com a última cena que viram aos pés da cruz. As mulheres possuem a capacidade de acreditar também com o coração e não somente com a lógica. Ademais, amar e crer estão profundamente ligados: nós verdadeiramente acreditamos quando amamos. Elas foram fiéis até o último momento. Entretanto, tudo não tinha ainda sido suficiente para Madalena. A discípula queria ainda chorar diante do túmulo do Mestre Jesus. A dor da perda ainda era imensa e sem solução. Ela vai ao encontro de alguém que se associava a tantos outros no sono da morte. Ela procura Jesus ainda na noite da decepção e da derrota para o único inimigo (a morte) que ninguém — até então — tinha uma solução ou resposta.

Os seus olhos procuravam um morto, mas Madalena se depara com um túmulo vazio. Tudo indica ter um ritmo diferente e agitado: ela corre do túmulo e, depois, os discípulos também correm para ver o sepulcro de Jesus. Ela transmite a primeira mensagem da Páscoa: o túmulo está vazio e falta um corpo na lista dos mortos. Para Maria (e outras mulheres que estavam com ela), houve um roubo. Porém, foi a morte quem foi assaltada pela ressurreição de Jesus.

A corrida dos discípulos é descrita como uma competição entre o ver e o acreditar. O discípulo descrito como “amado de Jesus” chega primeiro, mas respeita aquele que foi escolhido como “primeiro apóstolo”. Os dois veem o sepulcro e constatam os detalhes que revelavam algo novo e inexplicável.  O primeiro discípulo que chegara, aquele que tinha se inclinado ao peito de Jesus durante a última ceia, começa a acreditar que mais uma vez, Jesus estava surpreendendo a todos. O evangelista João apresenta uma observação sobre o espanto dos discípulos diante do túmulo sem o corpo de Jesus: eles não tinham entendido as Escrituras.

A Páscoa de Jesus não muda o último destino da realidade humana: a morte. Jesus, ao escolher enfrentar este inimigo da humanidade, completa a sua missão de Pastor de todos os homens e mulheres. Era necessário também guiar a todos por esse último caminho que percorremos neste mundo. Entretanto, Jesus vai além de, simplesmente, sofrer e morrer na cruz. Ele abre uma nova via e ensina a todos que até a morte pode ser vencida por todos aqueles que acreditarem Nele e viverem o que Ele mesmo ensinou. O ato de Jesus foi único, pois a sua doação na cruz foi expressão do Amor total e infinito de Deus. Somente o Verdadeiro Amor pode vencer a morte. Esse Amor, pleno e cheio de Misericórdia de Deus, destruiu todos os obstáculos que nos separavam de Deus. Não foram somente os sofrimentos e as dores que Jesus sofreu e carregou até à Cruz que nos salvaram, mas o Amor de Deus que abraçou todos os pecados e suas consequências (sofrimentos de todos os tipos). É o Amor pleno e total de Jesus que o conduziu da morte à Ressurreição. Assim, a Ressurreição não foi uma vitória somente de Jesus, mas também de todos os seres humanos, pois, com Jesus que morria na Cruz, estávamos todos nós. No Cristo que ressuscita, também todos nós estamos presentes. Agora, nós também podemos “passar pela morte” e ressuscitar como Jesus Ressuscitou, percorrendo o mesmo caminho.

Pedro, na primeira leitura, se apresenta como alguém que anuncia a Boa Nova da Ressurreição de Jesus, mas o quer fazer não somente com discursos e ideias inovadoras, mas como testemunha. A sua vida e de todos os que anunciavam Jesus Ressuscitado é a prova mais convincente de que tudo é realmente transformador e verdadeiro. A Ressurreição de Jesus não é um fato ou uma mera novidade, mas algo que revolucionou a vida de todos que O conheceram. Ela pode sempre produzir o mesmo bem a quem acreditar em Cristo como sentido pleno e total de sua vida. É uma proposta de vida que inicia neste mundo e tem sua máxima manifestação não na morte (coisa certa para todos), mas na vida além da nossa existência. Aquele que crê, como nos diz São Paulo, deve viver tudo com os pés neste mundo, tendo o coração e a sua vida na Verdadeira Vida que Jesus inaugurou com a sua ressurreição. Buscamos não as coisas passageiras, mas aquilo que nos conduz para o alto, para Deus. Assim, devemos viver intensamente o Amor de Deus já, neste mundo, para podermos compartilhar o pleno Amor Dele na eternidade.

Uma boa e feliz Páscoa a todos!

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#Reflexão: Sábado Santo (16 de abril)

A Igreja celebra no dia 16 o Sábado Santo, a Vigília Pascal. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Gn 1,1-2,2 ou mais breve: 1,1.26-31a
Salmo: Sl 103(104),1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R. cf. 30) ou Sl 32(33),4-5.6-7.12-13.20.22 (R. 5b)
2ª Leitura: Gn 22,1-18 ou 22,1-2.9a.10-13.15-18 (mais breve)
Salmo: Sl 15(16),5.8.9-10.11 (R. 1a)
3ª Leitura: Ex 14,15-15,1
Cântico: Ex 15,1-2.3-4.5-6.17-18 (R. 1a)
4ª Leitura: Is 54,5-14
Salmo: Sl 29(30), 2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a)
5ª Leitura: Is 55,1-11
Cântico: Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3)
6ª Leitura: Br 3,9-15.32-4,4
Salmo: Sl 18(19),8.9.10.11 (R. Jo 6,68c)
7ª Leitura: Ez 36,16-17a.18-28 ou Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3) (quando há batismo)
Salmo: Sl 41(42),3.5bcd; Sl 42(43),3.4 (R. 3a) ou Sl 50(51),12-13.14-15.18-19 (R. 12a) (quando há batismo)
Epístola: Rm 6,3-11
Aclamação: Sl 117(118) 1-2.16ab-17.22-23
Evangelho: Lc 24,1-12

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SÁBADO SANTO

É sábado da alegria, sábado do Aleluia na Igreja! A Vigília Pascal é o ponto alto de toda fé e caminhada cristã, pois nesta noite do “1º dia da semana”, domingo, Cristo Ressuscitou! Somente consegue mergulhar na riqueza desta celebração quem entende o sentido da Cruz.

Observemos a cruz de Cristo. São João mostra que, em tudo que acontece com Jesus, Ele é quem toma a iniciativa. Judas não consegue apontá-Lo para os soldados, mas é Jesus que se revela. Na humilhação da coroação de espinhos, Ele é quem vai para fora, onde está Pilatos, e é apresentado como “eis Homem!”. É o próprio Jesus que carrega sobre os seus ombros a cruz. No Evangelho de João, não temos a ajuda de Simão Cirineu.

Deus Pai não quis a Cruz para o seu Filho! Nenhum Pai quer que seu filho sofra e, pior ainda, morra após imenso sofrimento. A vontade do Pai é que o Amor entre os dois fosse semeado gratuitamente em todas as realidades humanas e em todas as circunstâncias. A cruz foi consequência do Amor de Jesus.

Jesus não buscou nenhum sofrimento. Sentindo o que iria acontecer, pede para o Pai que o livrasse do Cálice do sofrimento, mas pede ainda que prevalecesse a vontade do Pai. Essa vontade, Jesus conhecia bem: vencer tudo pelo amor. Assim, livremente, Jesus abraça a Cruz sabendo o que significava: um grande sofrimento!

Jesus não cumpre um destino! Destino, como algo pré-determinado por Deus, para nós cristãos, não existe! A cruz de Cristo foi consequência de sua liberdade e de sua escolha. Em nossa vida cristã, tudo deve acontecer como escolha livre e consciente que fazemos. Ninguém cumpre nada forçado por alguém ou por Deus. Só o Amor e a liberdade podem produzir libertação! Jesus nos deu o exemplo, escolhendo viver o amor de Deus, intensamente, até as últimas consequências, até mesmo diante da morte dolorosa e horrível na cruz.

Entretanto, o amor venceu a morte! A partir de hoje, por cinquenta dias, vamos mergulhar na ressurreição de Jesus, que também é a esperança que temos para a nossa vida. A celebração da Vigília Pascal acontece “no terceiro dia” da morte de Jesus: Ele morre na tarde de sexta-feira (1º dia). Após às 18h de sexta-feira, começa o 2º dia (já sábado para os judeus). Após às 18h de sábado, dá-se o 3º dia. Foi na noite de sábado até a aurora de domingo, no terceiro dia, que Jesus ressuscitou.

Esta celebração tem suas raízes na história do AT. Essa história se iniciou com a criação do mundo. Deu-se também na libertação da escravidão do Egito, com uma nova história. Isaías nos lembra de que os caminhos do Senhor não são os nossos caminhos. Tudo está dentro de um plano de salvação que tem, na Ressurreição de Jesus, a expressão plena.

A nossa celebração começou no silêncio e na noite, como foram os dois dias de espera. Dias de noite e insegurança. Porém, o grão que cai na terra precisa de tempo! Os discípulos não sabiam o que fazer. Qual caminho percorrer? Precisavam de tempo para pensar e decidir o que iriam fazer de suas vidas. Para eles, parece que tudo tinha se encerrado como uma “pesada pedra no sepulcro”. Pelo menos, permanecem reunidos, talvez, somente para fazer memória ou desorientados sem o Mestre.

Os Evangelhos nos narram como tudo começou. Inicia-se uma reviravolta. Foram as mulheres que seguiram Jesus até a cruz que foram bem cedo ao sepulcro Dele. Era quando o dia começa a vencer a noite. Enfrentam riscos, pois a morte e o sepultamento de Jesus foram resultados das maiores forças em Jerusalém: os religiosos judeus e Pilatos. O Mestre Jesus foi condenado como um subversivo; tratado como um perigo e executado como um criminoso. Ir ao seu sepulcro era se associar a ele, mas elas vão mesmo assim.

Na noite de sábado, olharam onde Jesus fora colocado e preparam aromas e perfumes. Para elas, Jesus ainda merece o melhor, o mais digno, como qualquer outra pessoa. Por isso, elas vão ao túmulo para terminar o ritual de sepultamento do Mestre Jesus. Os líderes religiosos tentaram convencer o povo de que Jesus seria um criminoso. Nada mudou no coração daquelas mulheres. Jesus continua sendo o mesmo! Elas queriam oferecer esse último gesto de carinho e amor pelo Mestre. O amor tem essa grandeza no coração de quem ama: não se deixa abalar pelo ódio dos outros.

A Páscoa desta noite significa passagem daqueles que, movidos por amor, enfrentam tudo e todos para se encontrar com a pessoa que ama. No entanto, elas foram para prestar homenagem a um cadáver, um corpo sepultado que não recebeu a preparação adequada para o sepultamento. Observam o preceito do sábado. Estão ainda na perspectiva da religião judaica. Entretanto, há uma novidade: jamais se ungia um corpo após duas noites no túmulo! Elas o fazem!

O costume para os judeus era a unção logo após a morte, somente com óleo e depois envolvê-lo em um lençol. As mulheres, mesmo depois de um dia e meio, vão ungir o corpo de Jesus. Perfumes e aromas eram, normalmente, reservados aos reis. Lucas diz que elas chegam ao início do Novo Dia e acharam a “pedra rolada de diante do túmulo”, mas não viram o corpo do Senhor Jesus. Seus olhos estavam ainda com a cena antiga do enterro.

A Ressurreição não é uma descoberta ou conclusão de algo, mas uma revelação divina. Elas enxergam o passado. Era necessário ver o presente da vida nova em Cristo Jesus. “Dois homens” (com os dois discípulos e testemunhas enviados por Jesus) revelam o que aconteceu. Elas olham para o chão, procurando o corpo. Os “dois homens” convidam a deixar o passado e abraçar o novo: “por que procurais o vivente entre os mortos? Ele não está aqui, mas ressuscitou!”

O sepulcro vazio é a constatação de algo novo. Porém, somente com o anúncio dos “dois homens”, é que tudo tem sentido. Ele sabe o que elas procuravam: aquele homem que elas conheciam, mas Ele ressuscitou! Ele vive e não está aqui! Ele vive e deve ser procurado fora do sepulcro. O sepulcro vazio é um sinal para quem conhece Jesus, como elas!

A história de Jesus não terminou com as mãos dos homens que O assassinaram, mas tudo tem um novo sentido com as mãos de Deus, que rompe a imensa pedra colocada no sepulcro. A ressurreição de Cristo não é uma história que continua só com os apóstolos (como outros mestres), mas é uma história de Cristo Jesus com os seus discípulos. A ressurreição de Jesus Cristo não é algo que acontece no outro lado da vida, mas em nossa vida e história, como algo novo, diferente e cheio de esperança para nós!

As mulheres acreditam que algo novo e inesperado aconteceu. Elas “voltaram do túmulo e relataram tudo aos onze e a todos os outros”. De alguma forma, elas começaram a recordar e acreditar também nas palavras e promessas de Jesus quando estava com todos. Os apóstolos ainda levariam um pouco mais de tempo para acreditar na ressurreição do Mestre.

Ao longo dos próximos domingos, vamos também fazer essa passagem de Jesus de Nazaré, que todos conheceram, para o Cristo, Vida Nova, Ressuscitado.

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#Reflexão: Sexta-feira Santa (15 de abril)

A Igreja celebra no dia 15 a Sexta-feira Santa, a Paixão do Senhor. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Is 52,13 - 53,12

Salmo – Sl 30,2.6.12-13.15-16.17.25 (R.Lc 23,46)

2ª Leitura – Hb 4,14-16; 5,7-9

Evangelho – Jo 18,1-19,42

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SEXTA-FEIRA SANTA

A celebração da Sexta-feira Santa inicia em um grande silêncio e interiorização. A morte de qualquer pessoa provoca em nós uma grande pausa na nossa existência: como estou levando a minha vida? Para onde caminhamos todos? Qual será o nosso destino após a nossa vida neste mundo? Jesus escolhe passar por este caminho para nos garantir que, se as perguntas são tantas, Ele nos dá uma resposta colocando a sua própria vida como garantia.

Os últimos momentos de Jesus têm início com a traição de um amigo. Judas surge com outras pessoas. Eles chegam com tochas e lanternas, pois precisam de luz artificial na escuridão que escolheram. Judas encabeça o grupo. Ele só tem trevas ao seu lado. Judas fugiu na noite da Ceia para reaparecer ao lado de Jesus na escuridão da noite. Judas chega à frente de todos. Agora, ele é mestre de sua própria história e senhor de seu destino. Pensa ter o controle de tudo e ele deve “mostrar” Jesus aos guardas. Ele sabia onde oferecer a oportunidade para prender Jesus. Guiava outros nas trevas para tentar apagar a Luz do seu Mestre. O apóstolo traidor vem com guardas para tentar surpreender Jesus, mas tudo está nas mãos de Cristo.

É Jesus quem sai e vai ao encontro do seu discípulo. Cristo sabia o que estava acontecendo. Nada o surpreende. Jesus é quem pergunta e desarma a todos, inclusive Judas. O traidor está envolvido pela noite: é “mais um”, como os soldados, e não mais um com os apóstolos. Ele perdeu a sua identidade na escuridão.

Entretanto, Jesus lhe oferece a oportunidade de redescobrir seu Mestre e sair das trevas em que se encontrava. Não se ouve a voz de Judas, mas de todos, como um só grupo. Todos sabiam quem procurar: “Jesus de Nazaré”, um homem que veio da Galileia, da cidade de Nazaré. Porém, a reposta que escutam é algo profundo! Jesus lhes responde: “Eu Sou”. Essa é uma forma conhecida no AT que recorda o nome de Deus. Jesus não se apresenta como uma pessoa, mas como o próprio Deus. Eles caem por terra, assustados. João reforça que “Judas estava com eles”.

Todo mal que vem ao encontro de Jesus cai por terra. O diálogo persiste com as mesmas perguntas e as mesmas respostas. Eles não recuam e Jesus, também. No entanto, Pedro procura defender Jesus do seu modo. Com soluções deste mundo, com espada e violência, quer resolver tudo. Assim, ele se igualaria aos servos da noite: com espadas e ódio. Jesus toma o controle de tudo. Nada lhe é roubado. Ninguém vai mudar o que já estava decidido entre Jesus e Deus Pai.

Ouvimos a sucessão de pessoas que, em nome de Deus, proferem a condenação de Jesus simplesmente porque Ele tinha se tornado um “problema”. Para uma religião cheia de exclusão e divisões, alguém que se apresenta com discurso de amor e misericórdia, cria medo e insegurança. É o efeito da luz nas trevas!

Eles já tinham decidido o destino de morte de Jesus. Bastava colocá-lo em prática. Ele não foge da verdade sobre sua identidade. Eles se escondem atrás de mentiras. Jesus torna claro a religião deles: do interesse e da ganância. Jesus era um risco e precisavam acusá-lo diante de Roma. Mesmo diante da bofetada por dizer a verdade, Ele mostra a outra face: “Se falei mal, me diga onde errei, mas se falei bem, por que me bate?” O bem não retruca, mas dialoga!

Pedro se sente desorientado. Esperava uma revolução e já estava preparado com sua espada, mas vê Seu Mestre dialogar com as autoridades e não os destruir com um simples gesto. Acompanha Jesus de longe. Torna-se mais um que vê Jesus como alguém estranho e sem expressão.

Pilatos era a autoridade máxima naquele lugar. Os sacerdotes precisavam manipular o governador para condenar Jesus. Entretanto, no diálogo com Jesus, constata sua inocência, não vê crime, mas simples questões religiosas. Os judeus não queriam condenar à morte ninguém que ganhara a simpatia do povo. Roma poderia matar qualquer um sem riscos. Quanto mais Pilatos conversava com Jesus, mais a verdade sobre ele aparecia: era inocente!

O que é a verdade? Qual verdade seguir? Aquela que Pilatos mesmo constatou (Jesus é inocente) ou aquilo que os outros acusavam sobre Jesus? Quem vive na justiça não teria dificuldade na escolha, mas Pilatos não queria problemas.

Mateus (27,24) nos diz que Pilatos lava em uma bacia suas mãos, procurando se colocar distante e inocente do destino de Jesus. Porém, já era tarde: ele está completamente envolvido. Ele poderia fazer o bem, mas estava decido pelo mal. Na Última e primeira Ceia, Jesus, com outra bacia, lava os pés se comprometendo com todos. Pilatos concede a todos o direito de decidir sobre a vida de Jesus. Deveriam escolher entre Barrabás e Jesus. Por fim, depois, escolhem também a César como rei de todos. Demonstram lealdade à estrutura de morte que representava Roma.

Segue o silêncio de Jesus diante das humilhações, ofensas e agressões. Não há ninguém próximo de Jesus. Depois, tudo tem seu ponto máximo no alto da cruz, no monte Calvário. Jesus é crucificado entre dois ladrões. Todo esse horror não espanta a presença de sua mãe. Ela está lá, em pé, com algumas mulheres. Um momento de desencontro e despedida. O olhar amoroso da mãe Maria ajuda seu Filho a ir até o fim, cumprindo a sua missão. Nem um dos dois pretende algo para si naquele momento, mas é Jesus quem nos entrega sua mãe. Pensa nela com um dom precioso, doado, como será depois seu Espírito e Seu Sangue. Era preciso passar pela morte vazio e leve de si mesmo!

Jesus ensinara que quando Ele fosse levantado, atrairia todos a Ele. Porém, o que poderia nos aproximar da Cruz? O sofrimento, a dor, a angústia de um agonizante? Nela, haveria milagre e prodígios? O puro amor, extraído (tirado) de onde o mais profundo do divino mergulha na mais genuína realidade humana. Isso acontece na morte de Jesus. Nela, está o pleno humano envolvido com o amor divino.

A morte na cruz era algo horrível e nada nobre. Os homens de Deus morreram por apedrejamento ou decapitado (João Batista). Morrer na cruz simbolizava que nem o céu e nem a terra querem o corpo. A família nem reclamava o corpo do condenado.

Na cruz, Jesus morre esvaziado de si. O mais pobre dos pobres: tudo que tinha consigo, doou generosamente por toda a humanidade. Leva consigo a única arma para vencer a morte: seu amor pelo Pai e por todos nós! Jesus na Cruz foi tentado pelo povo, sacerdotes e o “mal” ladrão: “Salve a ti mesmo e desce da Cruz”. Qualquer pessoa que tivesse alguma categoria de poder, teria descido da Cruz, somente Deus foi até o fim. Jesus não se salva para salvar a todos!

Deus escolheu enfrentar a morte, porque para ela vai todo ser humano. É o destino certo que era somente para nós mortais. Com Jesus, a morte não é mais território da incerteza, mas da Luz do Amor Eterno de Deus! Com a morte de Jesus na Cruz, aprendemos o sentido puro e perfeito do Amor. Um Deus que desce no mais profundo da realidade humana, onde impera a solidão e os temores, para nos dizer que nos ama até a morte... Além da morte!

A morte de Jesus na cruz é chamada por São João de “hora da glória”. Lá, onde não há mais nada da criatura, lá, Deus se faz pleno no seu amor. Se a morte é o apagar da luz para o ser humano, nela, Jesus acendeu a luz eterna do seu amor. Agora, também essa estrada, única da criatura, está iluminada. Podemos atravessá-la sem temor. Isso não é um milagre extraordinário e estupendo, mas o amor que vence a morte. Amar (um milagre!) nós também podemos fazer.

Jesus não nos salva DA CRUZ, MAS NA CRUZ. Ele não nos protege do sofrimento, mas, NO SOFRIMENTO. Ele não nos livra da dor, mas nos livra NA DOR. Assim, Jesus nos garante que JAMAIS estaremos abandonados ou sozinhos em nossa realidade humana! As últimas palavras não pertencem nem ao sepulcro e nem às lágrimas de um futuro incerto, mas à certeza da vida eterna!

Na cruz, jorra uma água nova que se une ao sangue já celebrado na Ceia. A nova comunhão com Deus não será mais com sangue de animais, mas na cruz, no lado aberto de Jesus. Nele, nascemos como filhos e filhas de Deus. É o AMOR de Jesus que nos salva e não o seu sofrimento! Deus não quer a cruz, mas vida e alegria para todo ser humano! A cruz une todos ao céu. Ela traça um sinal eterno que une a terra a Deus; o ser humano à eternidade. Escolher terminar seus dias na Cruz, enfrentando a morte, sustentando a verdade até o final, é a vingança do Amor, que paga o mal com o bem.

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#Reflexão: Quinta-feira Santa (14 de abril)

A Igreja, nesta quinta-feira (14), celebra a Quinta-feira Santa, a Ceia do Senhor. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Ex 12,1-8.11-14

Salmo – Sl 115,12-13.15-16bc.17-18 (R.cf.1Cor 10,16)

2ª Leitura – 1Cor 11,23-26

Evangelho – Jo 13,1-15

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QUINTA-FEIRA SANTA

A celebração da Quinta-feira Santa tem sua raiz no momento mais significativo para o povo de Deus: a Páscoa. Ainda em terras egípcias, Moisés e o povo, reunidos em família, em torno da mesa do dia a dia, celebram a “passagem”, a “saída” daquele país que se transformou em terra da escravidão (1ª leitura). Tudo é feito de uma forma a simbolizar uma saída alegre: o cordeiro preparado com atenção; pão sem fermento; os calçados e o cajado para expressar desejo de deixar tudo para trás e sair ao encontro do sonho da Terra Prometida.

Celebrar a Páscoa para o judeu era lembrar a passagem da terra do Egito à terra de Canaã, prometida ao seu povo.Passagem” é o sentido profundo que Jesus procurou dar a última refeição com seus discípulos. Na Páscoa dos judeus, o animal era sacrificado no pátio do Templo e o seu sangue, derramado no altar. Depois, as partes do animal eram levadas e consumidas em família. Foi, nesse ambiente familiar, que tudo teve início.

Os evangelistas Mt, Mc, Lc e Paulo (1Cor) nos contam que durante a refeição da Ceia Judaica, Jesus criou a Eucaristia. Sem sangue de animais e sem sacrifícios, mas o seu próprio Corpo e Sangue. Animal nenhum tem condições de estabelecer uma aliança eterna e definitiva. A Ceia Eucarística antecipa a Cruz de Jesus. A Eucaristia não é um símbolo que recorda algo sobre a vida de Jesus. Ele mesmo diz que “É” o seu Corpo e “É” o seu Sangue. Celebrar a Nova Ceia do Senhor é recebê-Lo por inteiro em toda sua presença divina.

A Eucaristia não é lembrança do passado, mas memória. Em cada missa, Jesus é sempre atual e presente. Celebramos, assim, toda sua vida e seu projeto de Salvação em nossa vida. Eucaristia é compromisso com Jesus e o Seu Reino. A Eucaristia não é ato mágico que a pessoa precisa receber para acontecer algo, mas alimento espiritual para aquele que está inserido em Cristo Jesus e está em caminhado como discípulo. A Comunhão profunda que significa a Eucaristia deve ser antecipada com uma Vida de Comunhão em Cristo. Alimento-me para continuar caminhando.

A Eucaristia não tem data de validade. O seu efeito é sempre atual, pois a nossa comunhão com Jesus deve acontecer também na nossa vida com nossos irmãos. Encontramos Cristo de modo único e insubstituível na Eucaristia, mas também na vida de comunhão com os irmãos, na Palavra de Deus e na caridade.

Com a Santa Eucaristia, lembramo-nos também daqueles que têm a missão de oferecer os Sacramentos ao povo de Deus: os sacerdotes. Não são pessoas diferentes de qualquer outra pessoa, mas são chamados a uma vida diferente em uma consagração especial para servir sempre. O sacerdote é alguém tirado do povo e devolvido ao povo como pertencente a Deus através de uma especial consagração (além daquelas do Batismo e Crisma). A missão do padre deve ser oferecer caminhos para a comunhão com Deus, principalmente, através do exemplo e dos Sacramentos. Ele deixa sua casa e familiares para se tornar de todos e em todos os lugares. O serviço especial do padre acontece, principalmente, em uma paróquia e uma diocese.

A Eucaristia inspira os discípulos de Jesus (sacerdotes e povo) a uma vida de missão. Ela é Pão Celestial que devemos viver no nosso dia a dia como sinal de Deus. Recebemos Jesus para nos transformarmos em representantes de Cristo. O que melhor pode expressar a Eucaristia — o próprio Cristo presente — é o Sacramento do Mandamento Novo: “Amai-vos uns aos outros”. Somente quem descobriu Jesus como Amor Eterno de Deus por nós consegue viver a profundidade que Eucaristia significa. É Amor que transforma tudo, até a morte.

Amar o próximo não é um sentimento ou um desejo carinhoso por alguém. Jesus nos deu o exemplo como sendo uma abertura de vida, em que cada pessoa tem valor, é importante, é presença de Deus. Ama-se Deus em cada pessoa! O Amor de Jesus, que somos chamados a praticar, não tem preconceito: quer sempre o bem de todos; busca a paz e se alegra com a justiça (São Paulo).

Entendemos melhor o que é a Eucaristia, o sacerdócio e o Mandamento Novo com o próprio exemplo de Jesus nesta noite especial: o Lava-pés, o gesto profundo deixado por Jesus para nós como exigência para sermos discípulos Dele. O evangelista São João diz que tudo estava em completa sintonia: Jesus, com sua hora que chegou; com o Pai, que o amava sempre; com todos e até mesmo com Judas, cheio do mal e da traição. Jesus tinha consciência de tudo!

Sua atitude não foi um gesto de desespero, de apelação ou uma encenação, Jesus nunca precisou disso! É um gesto de alguém que é livre, que não regula sua vida pela vida do outro e que não se molda naquilo que é conveniente e lucrativo. Diante de tudo que iria acontecer e já estava definido no coração de Judas, dos discípulos e dos religiosos da época, Jesus, livremente, nos deixa o exemplo. Tudo estava em suas mãos. Ele podia escolher o que quisesse.

Jesus escolhe deixar o seu último exemplo. Ele se “levanta da mesa”, ninguém o força ou se sente obrigado. “Tira seu manto”: era aquilo que alguém tinha para se proteger durante a noite e o frio, única “riqueza” do pobre. “Pega uma toalha e amarra-a na cintura”: ter a cintura amarrada era sinal de prontidão para o serviço, mas Jesus tem uma toalha, algo usado pelos servos em uma casa. “Ele derrama água na bacia”: serviço feito pelos servos em uma família de pessoas ricas e importantes. Os outros são mais importantes que aquele que está limpando e lavam os pés. O servo é visto como inferior e sem importância.

Jesus se dobra diante de todos. Todos são iguais aos olhos do servo. Todos precisam ser lavados e limpos. Jesus não trata ninguém diferente, pois seus olhos estão — como os servos — voltados para os pés. Foi um gesto radical demais para os discípulos! Jesus tinha se tornado alguém muito especial e importante para eles. Alguém que dobraria todos que quisessem aos seus pés: homens e demônios. Porém, agora, está aos pés de todos, como um simples servo. Ninguém esperava e entendeu o que Jesus fizera.

Naqueles dias últimos de Jesus em Jerusalém, eles esperavam grandes confrontos e até batalhas. Disputas de força entre Jesus (que abranda até um mar agitado) e as forças humanas deste mundo. Entretanto, Jesus estava aos seus pés. Pedro foi o primeiro a se rebelar, pois enxergava o serviço como humilhação. Tratar os outros como melhores era uma fraqueza... Ele estava distante de seu Mestre. Jesus não o condena, mas alerta que ele terá que fazer o mesmo para ter parte com Ele, se realmente o tem como Mestre. Jesus faz a sua parte, mas nem todos estão limpos.

Jesus tenta alcançar o seu discípulo Judas se aproximando não com poder, mas como servo que lava e purifica. Porém, o problema é que o coração do apóstolo traidor estava fechado para Jesus, seu projeto de amor e novo Reino. Judas representa aqueles que insistem com os projetos deste mundo, de ódio e violência. Jesus sabia o impacto do que Ele acabara de realizar. Todos não entendem como não entenderiam o final de Jesus na Cruz. As palavras de Cristo completam tudo: Ele, que é Mestre e Senhor, lavou os pés de todos. Todos devem fazer o mesmo. Inclinar-se para servir é condição para ser discípulo de Jesus. Serviço sem preconceito é sinal da presença de Cristo.

Lavar os pés uns dos outros é, para Jesus, a forma de “amar uns aos outros”. É viver a Eucaristia em gesto e força. É transformar tudo como um sacerdócio: serviço constante, sempre querendo o bem do próximo. Como os apóstolos, muitos ainda não entendem que ajudar o próximo é a melhor forma de vivermos no dia a dia a nossa Eucaristia e o novo Mandamento do Amor. É colocar-se como servo de todos e encontrar Jesus aos pés de cada pessoa.

Faça o download da reflexão em .pdf.


Governador Romeu Zema visita rádio Difusora HD

Hoje (12), Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, visitou os estúdios da rádio Difusora HD, em Pouso Alegre (MG), pertencente à Rede Diocesana de Rádio. Padre Omar Aparecido Siqueira, diretor da rádio, acompanhou o governador.

O governador concedeu entrevista ao jornalista Jefferson Machado, da rádio Difusora HD, sobre reajuste no salário do funcionalismo público; a MG 260; o transporte público intermunicipal e o desenvolvimento no Sul de Minas.

Após a entrevista, o governador foi recebido pelo padre Omar Aparecido Siqueira, diretor da Rede Diocesana de Rádio, e funcionários da rádio.

Padre Omar Aparecido Siqueira e governador Romeu Zema (Novo), nos estúdios da rádio Difusora HD, em Pouso Alegre, no dia 12 de abril de 2022.

A Rede Diocesana de Rádio tem como mantenedora a Fundação São José do Paraíso, ligada à arquidiocese de Pouso Alegre. Fazem parte dessa rede as rádios Difusora HD e Paraisópolis. A rádio Paraisópolis tem seus estúdios em Paraisópolis (MG) e, diretor, o padre Sebastião Márcio Maciel.

A rádio Difusora HD foi adquirida por dom João Bergese, em 1993, então arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, para ser o meio de comunicação e evangelização da arquidiocese.

Desde 5 de outubro de 2020, a rádio Difusora HD foi migrada de AM para FM e opera na frequência 94,5 FM. Na gestão do padre Omar Aparecido Siqueira, a rádio foi modernizada e sua abrangência ampliada. Ela está presente em mais de 100 cidades, alcançando de mais de 2 milhões de pessoas. Além disso, a rádio está presente na internet, com portal exclusivo https://difusorahd.com/, e nas redes sociais.

 

Com informações e imagens de difusorahd.com.


Dom Majella e membros da Pastoral Carcerária visitam presos

Por ocasião da celebração da Páscoa, dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre (MG), padres e cristãos leigos da Pastoral Carcerária visitam presos neste mês de abril.

Foram visitados presos nos presídios de Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí (MG), Itajubá (MG) e Andradas (MG). Além disso, apenados pertencentes à Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC), em Pouso Alegre, também foram visitados pela Pastoral Carcerária.

Nas visitas aos presos, o arcebispo foi acompanhado pelos padres Edson Aparecido da Silva, assessor espiritual da Pastoral da Carcerária, Sebastião Márcio Maciel e Nelson Ribeiro de Andrade, MSC. Além deles, houve a participação dos cristãos leigos da Pastoral Carcerária: Manoel Messias Félix, coordenador diocesano dessa pastoral, Clarice, Kleber, Fátima e Elizabete (Pouso Alegre); Dênis e Maria Bernadete (Santa Rita do Sapucaí); Célia, Maria de Lourdes, Lúcia, Edson e Márcio (Itajubá); Maria e Amarildo (Andradas).

Dom Majella, Messias Félix, padre Sebastião e Maria Bernadete visitam presos em Santa Rita do Sapucaí, no dia 8 de abril de 2022.

As visitas foram as primeiras realizadas desde o início da pandemia, em março de 2020. As atividades da Pastoral Carcerária ficaram suspensas durante o período de quarentena e estão sendo retomadas, neste mês de abril, com a flexibilização das medidas de proteção contra o COVID-19.

Para dom Majella, “olhando para a realidade dos presídios, com a perspectiva do Sínodo Arquidiocesano, é preciso questionar: como levar o caminho sinodal para os encarcerados? Como escutar a voz deles? Esses questionamentos são importantes para a Igreja e a Pastoral Carcerária. Desejo que o Espírito Santo fale atrás das grades. Esse é um desafio para o nosso Sínodo que vamos abrir na próxima Quinta-feira Santa, 14 de abril”.

Com informações e imagens da Pastoral Carcerária/Arquidiocese de Pouso Alegre.

A imagem destacada da notícia traz dom Majella com membros da Pastoral Carcerária na APAC, em Pouso Alegre, no dia 4 de abril de 2022.

 


Diácono Felipe é ordenado padre em Maria da Fé

A arquidiocese de Pouso Alegre (MG) acolheu em seu presbitério, na manhã de hoje (2), o padre Felipe Mateus da Silva.

A ordenação presbiteral do padre Felipe Mateus da Silva foi realizada hoje (2), às 9h30, na igreja matriz Nossa Senhora de Lourdes, em Maria da Fé (MG). A cerimônia foi presidida pelo arcebispo metropolitano, dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., e concelebrada por padres representantes dos setores pastorais  e de outras dioceses. Houve também a participação de seminaristas, familiares e amigos do neossacerdote.

Diácono Felipe com seus pais José Ivo e Maria Aparecida no início da celebração de sua ordenação presbiteral.

O lema escolhido para seu ministério presbiteral foi “Esperando contra toda esperança" (Rm 4, 18).

Os padres Cláudio Antônio Braz e Marcos Vinícius da Silva foram seus padrinhos eclesiásticos.

Nasceu em Maria da Fé, no dia 3 de fevereiro de 1988. É filho de José Ivo da Silva e de Maria Aparecida Ribeiro da Silva. Em sua paróquia de origem, colaborou no ministério de acólitos e coroinhas, na catequese e no ministério extraordinário da Sagrada Comunhão e atuou também, voluntariamente, como sacristão. Ingressou no seminário arquidiocesano Nossa Senhora Auxiliadora, em Pouso Alegre, no ano de 2009. Exerceu seu trabalho pastoral aos finais de semana nas paróquias: São Francisco de Paula e Nossa Senhora de Fátima, em Ouro Fino (2010 e 2011); São Francisco de Paula, em Poço Fundo (2014); Santa Quitéria e São João Batista, em Ipuiuna (2015); São José, no distrito de São José do Pantâno, município de Pouso Alegre (2016), e Nossa Senhora do Patrocínio, em Caldas (2017). Trabalhou nas pastorais da Criança (2011 a 2016), Social (2015) e Vocacional (2018 e 2019), além de auxiliar na assistência religiosa à APAC (2015).

Concluídos os seus estudos filosóficos (2015) e teológicos (2019), foi designado para exercer o seu estágio pastoral na paróquia São Cristóvão e São Benedito, em Extrema (2020). Em março de 2021, foi designado para exercer o seu estágio na paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, em Caldas, onde também exerceu o seu ministério diaconal. Nessa paróquia, ele continuará, a partir de agora, como vigário paroquial.

Dom Majella reza a prece de ordenação.

Em sua homilia, dom Majella falou sobre a missão do sacerdote como o homem da esperança, chamado a intensificar ao máximo a sua confiança em Cristo. "Nada é capaz de desanimar a vida de um servo Dele", disse o arcebispo.

Fieis acompanham a celebração da ordenação.

A primeira missa do padre Felipe Mateus será amanhã (3) às 10 horas, na Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes, em Maria da Fé, onde foi ordenado presbítero.

O neossacerdote, padre Felipe Mateus, com dom Majella, seus pais e seu irmão, padre Marcos Vinícius.

Imagens: Coisas do interior (Cláudia Couto)

A imagem destacada da notícia traz o diácono Felipe Mateus prostrado em frente ao altar no momento da ladainha dos santos em sua ordenação presbiteral. 


Dom Majella convoca fiéis para o 1º Sínodo Arquidiocesano

No dia da solenidade da Anunciação do Senhor, 25 de março, dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, assinou convocação dos fiéis, religiosos e clérigos da arquidiocese para o 1º Sínodo Arquidiocesano. O evento sinodal será iniciado dia 14 de abril, Quinta-feira Santa, na catedral metropolitana, em Pouso Alegre.

 

A chancelaria arquidiocesana, por meio de seu chanceler, padre Jésus Andrade Guimarães, apresentou, hoje (31), ao clero, religiosos e todos os fiéis da arquidiocese convocação do arcebispo para o 1º Sínodo Arquidiocesano.

Leia na íntegra o texto da convocação.

Para a convocação, dom Majella considerou a importância da sinodalidade como um modo específico de viver e operar do Povo de Deus e uma dimensão constitutiva da Igreja. Considerou também as 9 assembleias arquidiocesanas de pastoral, ocorridas de 1977 a 2016. O arcebispo destacou como inédito o trabalho de escuta do Povo de Deus, realizado na arquidiocese por ocasião da Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe, em 2021.

Além disso, para convocar o 1º Sínodo Arquidiocesano, ele ressaltou a importância da pesquisa sociorreligiosa feita na arquidiocese nos últimos anos; o Sínodo dos Bispos 2021-2023; os 120 anos da criação da diocese (2020); os 60 anos de instalação da arquidiocese (a serem celebrados no dia 23 de setembro de 2022) e a criação da sede arquiepiscopal no dia 14 de abril de 1962.

Dom Majella fala a membros do clero arquidiocesano, no dia 8 de março de 2022. Foto: Márcio Aurélio Gonçalves Junior.

O arcebispo, em sua convocação, manifestou que o sínodo arquidiocesano se dará diante da necessidade de empreender uma conversão pastoral e renovação missionária nas comunidades eclesiais.

Dom Majella convocou para o 1º Sínodo Arquidiocesano os membros do clero, diáconos, religiosos e religiosas e cristãos leigos e leigas pertencentes à arquidiocese. Além disso, ele convidou a participar do sínodo as pessoas de boa vontade e membros de outras confissões cristãs e não cristãs.

O início do sínodo será no dia 14 de abril deste ano, Quinta-feira Santa, na Missa da Unidade e bênção dos Santos Óleos, na catedral metropolitana, em Pouso Alegre. O encerramento está previsto para o dia 17 de abril de 2025, Quinta-feira Santa.

Dom Majella faz homilia na missa do dia 8 de novembro de 2021, na catedral metropolitana, com a participação de membros do cabido.
Foto: Divulgação/Pascom/Catedral Bom Jesus.

Todos os membros das comunidades, pastorais e movimentos das paróquias da arquidiocese são conclamados a participarem das atividades relacionadas ao sínodo. Além disso, são convidados a participarem membros das diversas organizações da sociedade civil e de Igrejas cristãs e não-cristãs dos municípios da arquidiocese para o estreitamento de laços de caridade e profícuo diálogo ecumênico e inter-religioso.

Participantes da reunião do Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP), no dia 5 de fevereiro de 2022.
Foto: Lucimara/Coordenação Arquidiocesana de Pastoral.

Em 2022, acontecerão 8 encontros previstos para a Fase Paroquial do sínodo. Esses encontros terão como objetivo ouvir os membros do Povo de Deus e, neles, poderão participar os membros convocados e convidados.

Além disso, na convocação, dom Majella nomeou os membros das comissões sinodais:

Coordenação Executiva do Sínodo: pe. Dirlei Abercio da Rosa, pe. Eduardo Rodrigues da Silva e pe. Edson Aparecido da Silva;

Secretaria Executiva do Sínodo: pe. Mauro Ricardo de Freitas (1º secretário), pe. Tiago da Silva Vilela (2º secretário) e Dalva Rangel da Veiga Neri;

Comissão Teológica do Sínodo: pe. Dirlei Abercio da Rosa, pe. Adriano São João, Rita de Cássia Pereira Rezende e Giovanni Marques Santos;

Comissão de Comunicação: pe. Thiago de Oliveira Raymundo, pe. Júlio Cesar dos Santos Júnior e Alexandre Augusto Mendonça;

Comissão de Liturgia: pe. Marcos Roberto da Silva, Giovana Costa Carvalho, Ana Maria Palhão, Claudia Regina Shiota Ottoni, Luiz Guilherme Lima Felippe, Emerson Luís Wenceslau, Magali Alves da Cunha, Lucimara do Carmo Aparecido, Alexandre Elias de Carvalho, Antonio Carlos de Rezende e Luciano Romão Leite;

Comissão jurídico-canônica: pe. Clemildes Francisco Paiva, côn. Vonilton Augusto Ferreira, pe. Ronne Peterson de Faria Oliveira, Marco Aurélio de Oliveira Silvestre, Thaís Magalhães Vilela, Maristela Tenório Dionísio Casalechi, Cleres Antônia da Silva Souza e Carolina de Oliveira Lemes Santos.

Em seu texto, dom Majella apresentou as motivações que irão fazer parte das atividades sinodais. Ele pediu que o sínodo arquidiocesano seja uma oportunidade para sair das sombras da dor, da tristeza, do cansaço pastoral e do arrefecimento missionário. O arcebispo espera que o sínodo traga luzes e esperança para o tempo presente, marcado pela pandemia do COVID-19 e pelas tensões e conflitos internacionais.

Dom Majella e membros da Pastoral da Comunicação participam da primeira reunião presencial de pastoral, ocorrida durante a pandemia do COVID-19, no dia 6 de novembro de 2021, na cúria metropolitana. Foto: Cláudia Couto.

O arcebispo espera que o sínodo seja um verdadeiro encontro com Jesus Cristo e a sua Palavra para animar as comunidades eclesiais.

O texto de convocação de dom Majella deverá ser transcrito nos livros de tombo das paróquias e lido nas comunidades paroquiais no próximo domingo (3), 5º Domingo da Quaresma.

 

A imagem destacada da notícia traz dom Majella assinando documentos arquidiocesanos sobre a posse de novos párocos, no dia 9 de fevereiro de 2022. Autoria: Márcio Aurélio Gonçalves Junior.


Dom Majella participa de atividades da Comissão Episcopal para a Liturgia

Em Brasília (DF), de 29 a 31 de março, dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, participa de atividades da Comissão Episcopal para a Liturgia, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

 

A Comissão Episcopal para Liturgia, ligada à CNBB, está reunida em Brasília, de 29 a 31 de março. Desde o início da pandemia do COVID-19, os membros dessa comissão se reuniram de modo virtual. Nestes dias, acontece o primeiro encontro presencial da comissão.

Ela é presidida por dom Edmar Peron, bispo de Paranaguá (PR). Seus bispos assessores são dom Carlos Verzeletti, bispo de Castanhal (PA), e dom Majella. São também assessores: padre Leonardo (assessor geral), padre Thiago Paro (espaço litúrgico) e o irmão Fernando Vieira (música litúrgica).

Na programação das atividades do encontro presencial da comissão, estão previstas reflexões sobre assuntos relacionados à liturgia da Igreja Católica no Brasil. Serão abordados temas sobre espaço litúrgico, música litúrgica, missal romano, calendário litúrgico, vinho litúrgico, subsídios litúrgicos, encontros nacionais de liturgia e atividades litúrgicas da próxima assembleia geral da CNBB.

Além da pauta de reflexões, os membros da comissão se dedicam a momentos celebrativos. Diariamente, acontecem entre eles celebrações da Eucaristia e da Liturgia das Horas.

A próxima reunião da comissão será durante a assembleia geral da CNBB, em Aparecida (SP), que ocorrerá no mês de agosto deste ano.

 

Informações e imagem: Divulgação/Comissão Episcopal para a Liturgia/CNBB.

 

A imagem destacada da notícia traz os membros da comissão: dom Edmar Peron, dom Carlos Verzeletti, dom José Luiz Majella Delgado, padre Leonardo, padre Thiago Paro e irmão Fernando Vieira.


#Reflexão: 5º Domingo da Quaresma (3 de abril)

A Igreja, neste domingo (3), celebra o 5º Domingo da Quaresma. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Is 43,16-21

Salmo – Sl 125,1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R. 3)

2ª Leitura – Fl 3,8-14

Evangelho – Jo 8,1-11

Acesse aqui as leituras.

A MULHER ADÚLTERA E O PERDÃO DE JESUS

No Evangelho deste domingo, nos deparamos com mais uma cena que nos ajuda a entender quão grande é o nosso Deus e a sua misericórdia por cada um de nós. Os personagens não são figuras do passado, mas nos representam e nos ajudam a conhecer ainda mais a nossa fragilidade e a nossa pequenez diante de Deus.

São João evangelista nos informa, no início da história, o costume de Jesus de se retirar em oração. Rezar para Cristo era renovar seu amor pelo Pai e a vontade de Deus era o seu alimento especial. Em tudo que Cristo fazia, Ele deveria se revelar como realmente é o nosso Deus.

Domingo passado, Jesus contou uma história (parábola do Pai Misericordioso) para ilustrar como Deus Pai se comporta em relação aos nossos pecados e erros: nos perdoa incondicionalmente e sem exigências. Neste domingo, o próprio Jesus nos mostra - Ele mesmo - como é o amor misericordioso de Deus Pai.

Dentro do Templo, no local mais sagrado para os judeus, Jesus ensinava a multidão. Certamente, o interesse do povo por Jesus levava os fariseus e escribas (aqueles que eram os entendidos da Bíblia) a nutrirem cada vez mais ódio contra o Cristo. As pessoas preferiam escutar Jesus ao invés dos entendidos da Lei e representantes da religião. Assim, eles tramaram um modo de “desmascará-Lo” em Suas próprias palavras.

Os representantes da religião e da Lei (fariseus e escribas) trouxeram uma mulher que fora pega em flagrante adultério e a colocaram diante de Jesus em meio a todos. Depois, procuraram provocar Jesus a dar um veredito e confirmar o castigo que todos conheciam para aquele tipo de pecado. A mulher em questão é tratada com total desprezo pelas autoridades do Templo e da fé judaica. Foi arrastada e colocada diante de Cristo como se fosse um objeto ou animal. Ela é colocada onde querem e não diz nada. Em nenhum momento, ela teve chance de se justificar ou pedir perdão. Para ela, eles já tinham determinado um castigo e um fim. Não são pessoas da esperança, mas do juízo. Eles não se interessam pela vida, mas em usá-la para provocar mais morte.

São João lembra que o interesse deles era somente de “pegar” Jesus em suas palavras. Aqueles homens armaram uma situação em que Jesus não tivesse nenhuma escapatória. Para aqueles falsos religiosos, Jesus teria somente duas respostas e ambas terminariam por condená-Lo. Se Ele tivesse dito que não se deveria colocar em prática o castigo capital, eles teriam acusado Jesus de não observar a Lei. Se Jesus tive afirmado que não se deveria proceder com a execução da pena (lapidação), Ele, certamente, teria sido acusado de “falso profeta” que convive com os pecadores e que não conseguiria perdoar a ninguém.

Um bando de falsos! A Lei que eles afirmam conhecer e recordam diante de Jesus afirma que, de fato, uma mulher pega em adultério deveria ser condenada a morte, mas também o homem (cf. Lv 20,10 e Dt 22,22). Eles conduziram somente a mulher diante de Jesus. Porém, o homem adúltero, onde estava? Eles tramaram a situação pensando que Jesus iria cair em suas garras e palavras.

O evangelista João nos diz que Jesus se inclina diante da mulher e começa a escrever por terra. Tal gesto de Jesus desperta ainda hoje a imaginação de todos: o que Ele escreveu no chão? Interessante é que Cristo nunca escreveu nada e, na única vez que o fez, ninguém soube o que foi redigido. São Jerônimo sugeriu que Jesus teria escrito os pecados dos acusadores e as tantas vezes que tinham pecado. O que ele escreveu não é o mais importante, mas o seu gesto.

Foi proposto algo que “está escrito na Lei”. Jesus, diante da pecadora, se dobra e também escreve, mas não em um material que pode ficar para sempre. Ele escreve no chão. Os nossos pecados para Deus estão escritos na poeira da terra: basta um simples vento, uma brisa, e tudo desaparece. A brisa é o nosso gesto de arrependimento, nosso desejo de mudar de vida, como o filho pródigo que retornou a casa do pai, mesmo depois de tudo que combinara e mesmo sem remorso pelos seus erros, mas somente para buscar um local onde ter o que comer. Tal gesto do filho (voltar para a casa) foi suficiente para o pai sair correndo, se jogar sobre ele, abraçá-lo, lhe devolver a dignidade perdida, perdoá-lo com um beijo e, por fim, fazer uma festa.

Porém, os acusadores que trouxeram a mulher adúltera não tinham entendido o gesto de Jesus e queriam saber de seu julgamento e juízo sobre o fato ocorrido. Jesus se levanta. Do pó da terra, traz um juízo, não contra a mulher, mas contra todos. Não procura destruir a Lei, mas salvar a vida. Ele se posiciona não para condenar, mas para mostrar o quanto todos nós necessitamos da misericórdia de Deus e não do juízo e condenação dos outros.

“Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra!”, respondeu Jesus. É um convite a avaliar primeiro a sua vida: a entrar em si, antes de olhar o próximo. E, novamente, se inclina diante da mulher e volta a escrever. Não somente os erros da mulher, mas os de todos que se sentem já santos precisam ser escritos na poeira da estrada e necessitam da brisa misericordiosa de Deus. São João nos diz que começaram a deixar o local, a começar pelos mais velhos do grupo de fariseus e escribas, também o povo e, provavelmente, até os discípulos.

A cena final é mágica e cheia de beleza! Jesus fica sozinho com a mulher e pode dialogar tranquilo com ela. Santo Agostinho diz que foi a “expressão máxima da miséria que se encontra com a plena misericórdia”. Jesus inicia chamando-a de “mulher”, não de adúltera ou pecadora. Ele não lhe fez nenhum discurso ou condenação, não lhe chamou atenção de nada. Ela que, desde o início permaneceu em silêncio, esperando o juízo de Jesus (pois dos falsos religiosos, ela já sabia qual era), com o gesto do silêncio, demonstra reconhecer o seu erro. Ela não procura se justificar, pois, no fundo, Jesus sabia os seus motivos e conhecia todas as suas falhas, como conhece todos os nossos erros. Cristo se dirigindo a ela, lhe chama de “Mulher”. O termo foi usado depreciativamente pelos fariseus e escribas para “despersonificá-la” e transformá-la em um “objeto” que não tem nome, nem direito, nem futuro e nem razão. Entretanto, “mulher”, na boca de Jesus, é especial. Ele usa o mesmo termo para se dirigir a sua própria mãe, duas vezes (cf. Jo 2,4; 19,26); no diálogo com a Samaritana (cf. Jo 4) e com Maria Madalena, após sua ressurreição (cf. Jo 20,13). Chamando, assim, Jesus lhe devolve a dignidade e lhe trata como pessoa.

Nosso Senhor lhe faz uma pergunta, quase estranha: “Onde estão aqueles que te acusavam?” Praticamente recorda que, desde o início, o ato de acusar não partiu de Deus e nunca foi do desejo de Deus, mas de pecadores que queriam condenar uma pecadora (como somos tão parecidos!). Nosso Senhor não lhe pediu nada e nem lhe impôs condições. Ele não ameaçou de nenhuma forma e suas últimas palavras não foram de exigências e castigo, mas foram palavras de perdão: “Nem eu te condeno!”. Para Jesus, o importante é o futuro: nova chance, nova possibilidade. Um pecado, por maior que seja, nunca pode ser maior que a misericórdia de Deus. Por isso, Jesus despede a mulher lhe pedindo o fundamental: não pecar novamente.

Espanta-nos um Deus que perdoa sem condição, que não condena e age sempre segundo a esperança que deposita na vida e em nossa vida. Para Jesus, o importante é o futuro, o que a pessoa pode ser e construir. Tudo o mais (passado e pecados) é como uma escritura em poeira. Jesus, antes, escrevera no chão com o dedo. No final, escreve no coração com suas palavras. Ele diz: “Vai...”. Esse termo nos recorda do envio dos discípulos, apóstolos e missionários. Também nós somos chamados a sermos “missionários da Misericórdia e do imenso amor de Deus” que sempre nos perdoa, sem colocar condições. É isso que nós devemos fazer entre nós!

Faça o download da reflexão em .pdf.